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Código de leis pretende abranger todos os direitos das pessoas com espectro autista

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O Código Estadual da Pessoa com Espectro Autista entrou em discussão no início de 2023

Está em votação, na Assembleia Legislativa do Paraná, o Código Estadual da Pessoa com Espectro Austista. A proposta traz 133 artigos sobre os direitos e políticas públicas para pessoas que possuem o Transtorno de Espectro Autista (TEA). Questões como os direitos dos familiares e obrigações de instituições públicas e privadas também estão incluídas no documento. No total, tem a junção de 11 leis estaduais e 43 projetos de leis, pretendendo criar o primeiro documento que abranja todos os direitos das pessoas com TEA no Brasil.

A professora de direito civil da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Ana Paula Parra, conta como funciona o processo para a legalização do Código. “É um projeto de lei, ainda pode sofrer modificações e terá de ser aprovado pelo governador para entrar em vigor”, afirma. Segundo ela, o próprio estatuto terá o tempo de vacância – tempo para a lei entrar em vigor após a publicação -, o que pode atrasar ainda mais na implementação.

A presidente do Observatório da Inclusão, Celia Regina Carreira, fala sobre a situação em Ponta Grossa: “É difícil, as famílias carentes não têm acesso às terapias pelo SUS. Elas, muitas vezes, conseguem pagar pelo diagnóstico, mas não conseguem fazer o tratamento”. Além disso, a presidente relata que as crianças ficam sem atendimento por falta de políticas públicas que garantam, de forma eficaz, o tratamento de que precisam.

Celia também explica que quando os direitos das pessoas com deficiência não são atendidos, é preciso ir até o Ministério Público e abrir uma denúncia. Outra maneira de buscar auxílio é ir até os conselhos da cidade: Conselho da Saúde, Conselho da Criança e do Adolescente ou Conselho da Pessoa com Deficiência. “Muitas vezes, as famílias chegam até nós e não conhecem os direitos, não sabem onde procurar”, comenta.

 

Saiba mais sobre o Observatório da Inclusão

O Observatório da Inclusão é organizado pela sociedade civil sem fins lucrativos, com objetivo de promover os direitos da pessoa com deficiência. As principais ações realizadas são o apoio às famílias, a qualificação de recursos humanos nas áreas de educação, saúde e assistência social e a informação e ampliação do conhecimento a todos os envolvidos e a comunidade em geral.

Prazo para emitir o título de eleitor encerra em 8 de maio

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Solicitação da primeira via do título pode ser feita presencialmente, em um cartório eleitoral, ou pela internet

 

O título de eleitor, documento emitido pela Justiça Eleitoral Brasileira, é essencial para que o cidadão exerça o direito de voto. A partir dos 15 anos de idade é possível obtê-lo, no entanto, o processo de voto só é realizado aos 16 anos, tornando-se obrigatório aos 18 anos.

 

Para obter o título de eleitor, presencialmente, nos cartórios eleitorais das cidades brasileiras, é necessário seguir algumas etapas. Primeiramente, realizar o agendamento online no site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) existente em cada estado. Durante o atendimento, é preciso apresentar os seguintes documentos:

 

  • Documento oficial de identificação (como RG, Certidão de nascimento ou casamento, Passaporte, Carteira Nacional de Habilitação ou Carteira de Trabalho);
  • Comprovante de residência atual (emitido até 3 meses antes da visita ao cartório), que pode ser uma conta de água, luz, gás, telefone, envelopes de correspondência, entre outros;
  • Para homens, é necessário apresentar o certificado de quitação militar para comprovar estar em dia com o serviço militar obrigatório.

 

No caso de solicitar online a primeira via do título de eleitor, é possível realizar pelo Título Net,no Portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apresentando os documentos para anexar ao formulário:

 

  • Documento oficial com foto;
  • Comprovante de residência;
  • Comprovante de quitação do serviço militar.

 

Neste ano, serão realizadas eleições municipais em todo o Brasil. O primeiro turno acontecerá no dia 06 de outubro. 

 

Por Yasmin Salgado e Sarah Rodrigues

Movimento estudantil do curso de Jornalismo completa 20 anos

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Manifestação realizada na primeira década dos anos 2000 trouxe a luta e a resistência do curso de Jornalismo da UEPG

 

Um grupo de acadêmicos e professores do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) iniciou, em 2004, um movimento que ficou conhecido como Movimento 02 de Março, e que, na época, transcorreu pelo período de pouco mais de um mês. 

Naquele momento, foram realizadas atividades como passeatas, apitaços, aulas ao ar livre, elaboração de faixas e cartazes com slogans e palavras de ordem, palestras, apresentações culturais e o acampamento Emiliano Zapatta, na praça Santos Andrade. Outros cursos da UEPG também aderiram às manifestações. 

 O Movimento lutou contra o descaso da gestão do ex-governador Roberto Requião com a educação. O ano letivo das universidades paranaenses, em 2004, estava ameaçado pela redução drástica da quantidade de professores nas universidades. Algumas das reivindicações feitas eram:

  1. Concurso público para docentes. 
  2. Contratação de novos educadores.
  3. O não fechamento de cursos.
  4. Criação de laboratórios de redação.
  5. Reestruturação do laboratório de telejornalismo.
  6. Garantia de espaço físico para o Centro Acadêmico e representação estudantil.

 Durante o V Ciclo Descomemorar Golpes, que aconteceu de 18 a 22 de março deste ano, o jornalista e servidor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), localizada em Foz do Iguaçu, Luciano Dutra Miguel, esteve no Grande Auditório da UEPG para relembrar o Movimento 02 de Março. “O que vivemos em 2004 ainda não acabou. Percebo o engajamento que se dá por meio dos docentes, técnicos e discentes que são uma grande força. Vejo com bons olhos que hoje há uma preocupação da juventude para com esse cenário que se desenha em que, muitas vezes, não é o mais propício para o pensamento crítico”, relembrou.

 O jornalista também destacou que o desmonte da educação superior, além da não contratação de professores efetivos, se dá pelo sucateamento do corpo técnico-administrativo. “É importante que toda universidade pública tenha estrutura e que haja uma preocupação com a manutenção da qualidade da educação superior”. 

 A luta em defesa da Universidade pública e de qualidade parece ser um “novo-velho” problema. De acordo com dados apresentados pelo professor do curso de Jornalismo, Felipe Simão Pontes, em 2004, a UEPG tinha 635 professores efetivos. Em 2024, são 644. Já são oito anos sem concurso público para professores na instituição. O último concurso público para docentes, autorizado pelo Estado, foi em 2016. 

 

A Resistência Começa em Março – 2 de Março de 2004

 Lançado em agosto de 2004, o videodocumentário A Resistência Começa em Março – 2 de Março de 2004, dirigido e roteirizado por Rodrigo Czekalski, egresso do curso de Jornalismo da UEPG, mostra a luta de professores e acadêmicos contra o descaso do ex-governador Requião com a educação superior.

Por Gabriela Oliveira

PROGRAMA “MEU NOME, MEU DIREITO” ACONTECE EM 8 MUNICÍPIOS DO ESTADO SIMULTANEAMENTE

Defensoria Pública realiza orientações para a retificação do prenome e do gênero

A Defensoria Pública do Paraná realizou o mutirão “Meu nome, Meu direito”, que é direcionado para a comunidade transexuais, travestis e pessoas não-binárias e tem como objetivo prestar as primeiras orientações para a retificação do prenome e do gênero no registro civil do interessado. O evento aconteceu no dia 11 de abril e foi simultaneamente realizado em 8 cidades do estado: Apucarana, Cascavel, Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina, Maringá, Paranaguá e Ponta Grossa. 

O atendimento nesse dia foi exclusivo e gratuito, assim como todos os serviços prestados na Defensoria, para atender a pessoa transgênero, tendo aqui em Ponta Grossa sua segunda edição. Na edição de 2023, 12 pessoas foram atendidas para correção do prenome e gênero, conforme dados informados pela defensora Jeane Gazaro Martello. “É importante ter um dia dedicado a esse público para que assim ele se sinta acolhido em ter acesso a esse direito”, afirma. Neste ano, foram realizados 11 atendimentos durante todo o dia.

A retificação do prenome e gênero é garantido por lei, sem que haja a necessidade de realizar a cirurgia de transgenitalização ou tratamentos hormonais na pessoa transgênero.  A lei é recente e foi regulamentada pelo Provimento nº 73/2018 do Conselho Nacional de Justiça em 2018, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

O STF na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4.275, que é o processo que julgou favorável a retificação, conclui que: “A pessoa transgênero que comprove sua identidade de gênero dissonante daquela que lhe foi designada ao nascer por autoidentificação firmada em declaração escrita desta sua vontade dispõe do direito fundamental subjetivo à alteração do prenome e da classificação de gênero no registro civil pela via administrativa ou judicial, independentemente de procedimento cirúrgico e laudos de terceiros, por se tratar de tema relativo ao direito fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade”.

Como ter acesso ao programa?

“Meu nome, Meu Direito” é um programa contínuo na Defensoria Pública, coordenado pelo Núcleo de Direitos Humanos, e pode ser acessado de segunda a quinta-feira, das 13h às 17h, na rua Dr. Leopoldo Guimarães da Cunha, 300, no bairro de Oficinas. Para o atendimento, é solicitado um documento com foto e o comprovante de endereço atualizado.

 

Conselho do Direito das Mulheres Elege Novas Integrantes

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Conferência aconteceu no mês de março e posse das eleitas foi no dia 8 de abril

 

   A Conferência do Direito das Mulheres aconteceu no campus central da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), no dia 21 de março, com o objetivo de debater as políticas públicas para o combate da violência contra as mulheres na cidade. 

A mesa foi composta pela, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Camila Sanches e secretária municipal da Família e Desenvolvimento Social e presidente da Fundação de Assistência Social de Ponta Grossa (FASPG), Tatiana Denise Belo, além da prefeita Elizabeth Schmidt e o reitor Miguel Sanches.

    O Conselho dos Direitos da Mulher já existia em períodos anteriores, mas só foi formalmente instituído por lei a partir de 2019 com caráter construtivo, que planeja, formula e indica para outros setores da gestão pública a maneira como as políticas devem acontecer.

   As novas conselheiras eleitas foram a professora e jornalista Karina Janz, como representante do sindicato dos docentes da UEPG; e a doula Juliane Carrico, que foi eleita para representar o coletivo de doulas que passa a integrar o Conselho, oportunidade de gerar debates sobre o assunto. Após suas posses, no dia 8 de abril, em reunião com o conselho no prédio da Fundação de Assistência Social, elas contaram um pouco sobre seus objetivos para atuar no conselho, sobre a importância dos seus cargos e como pretendem ajudar as mulheres do município.

   Karina comenta que um dos seus principais objetivos atuando nesta nova gestão  é melhorar a comunicação e ter uma maior publicidade com as futuras ações feitas, através de uma comissão de comunicação e mobilização. Dessa forma, serão realizadas atividades de formação para qualificar o Conselho, como também aprimorar a comunicação interna da gestão. Além disso, ela ressalta que a intenção é que diferentes setores da sociedade também saibam sobre a organização e atividades. 

   Em entrevista, Juliane fala sobre a importância da representatividade do Coletivo de Doulas fazer parte do Conselho pela primeira vez e como ela se sente fazendo esse papel. “Ser representante do Coletivo de Doulas de Ponta Grossa é reforçar a importância de abordar temas como a violência obstétrica e a depressão pós parto, por exemplo. Me sinto com uma grande responsabilidade de poder levar as pautas das gestantes, puérperas e das mulheres que não optaram por ter filhos, mas também com o sentimento de que temáticas desse recorte dentro dos direitos da mulher poderão contar com a nossa voz”, diz. 

   As reuniões do Conselho são abertas ao público que tiver interesse em acompanhar as pautas abordadas. Elas acontecem uma vez por mês, às terças-feiras, no período da tarde, no prédio da Fundação de Assistência Social.    

    

Responsabilidade Penal pelos atos em 8 de janeiro: os crimes e as condenações

Até o momento 188 golpistas foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal

 

Em 8 de janeiro de 2023 um grupo atacou e vandalizou o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Motivados por questões políticas, as pessoas envolvidas no ato estão em processo de julgamento desde setembro do ano passado.

A advogada e especialista em direito criminal, Thais Machinski, explica quais os crimes que estão sendo julgados. “Primeiro é preciso entender estas pessoas não como manifestantes, mas como criminosos”, inicia. A principal acusação é de golpe de estado, ao tentar depor e substituir o presidente, mesmo a tentativa de golpe já é considerado crime. O impedimento dos demais poderes do estado e organização criminosa são alguns dos muitos outros crimes dos quais os participantes estão sendo julgados.

As condenações dadas até então variaram entre três a 16 anos de prisão, além dos danos morais coletivos que chegam a 30 milhões de reais. “É difícil individualizar cada um dos casos”, comenta a advogada. Thais explica que como foram cerca de 1.400 pessoas presas em flagrante é normal os processos demorarem, mas existe o plano que até o final de 2024 todos os julgamentos tenham acabado. Thais acrescenta sobre as provas usadas nos julgamentos. “Eles filmaram o ato e quando foram presos não tiveram tempo de apagar”. Os atos golpistas caracterizam um atentado à democracia.

Uma pesquisa realizada pelo DataSenado mostra que logo após as eleições de 2022 sete em cada 10 brasileiros apoiavam a democracia, isto representa 73% da população. Um mês depois ocorreu o ataque à Brasília. Os dados indicam que existe uma incompreensão quanto ao que é democracia ou não para os brasileiros. A pesquisa explica que o golpe foi um ataque ao país feito por pessoas que afirmam apoiar a democracia, mas na realidade não respeitam o seu exercício.

O professor de Direito da UEPG, Pedro Miranda, fala sobre o processamento dos golpistas. Ele explica que o processamento é a prática do liberalismo de defender os direitos, mas quando colocado no contexto da democracia é impor limites. “Devemos aprender com essa política democrática, pois ela é necessária”, afirma. Pedro analisa o desrespeito do ex-presidente Bolsonaro ao conceito de democracia e as ações dele que acabaram por incentivar e reforçar o golpe contra a democracia. “Devemos olhar para aqueles atos e negá-los, nós não somos isso”, finaliza.

Repórter Ester Roloff

Representatividade da Mulher na Capoeira

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Último dia da Semana Municipal da Capoeira é contemplado com oficinas ministradas  por mulheres.

 O evento Identidade Feminina, criado pela professora de capoeira Ester Schwebel, tem como objetivo o empoderamento feminino e a conscientização no combate à violência contra mulher, dentro e fora da capoeira.  Esse foi o segundo ano da Identidade feminina, a ação que antes se chamava março laranja  começou em 2011 e pausou em 2013 por conta de gastos. Neste ano o evento foi inserido na Semana Municipal da Capoeira, que foi criado pelo suplente de vereador,  professor Careca (PV). 

  A professora explica que sentiu uma grande necessidade de criar o Identidade feminina pela falta de mulheres ministrando eventos de capoeira “Normalmente 90% dos eventos de capoeira são ministrados apenas por homens,  nosso intuito é reunir mulheres e homens para que elas possam mostrar o seu trabalho e serem contempladas.”, explica Ester, que dá aula de capoeira sem nenhum custo na associação de moradores do bairro Ouro Verde nas terças e quintas-feiras das 19:30 às 21:30

   A Mestranda Sheirosa ministrou sua oficina falando sobre a evasão da mulher na capoeira, que foi o tema do seu artigo que integrou o livro Mulher, Identidade e Representatividade na capoeira. A pesquisa foi realizada com mulheres capoeiristas do Paraná e foi possível observar que meninas mais novas são maioria na capoeira. Conforme as graduações de capoeira vão subindo mais essa evasão se faz presente. “Nas entrevistas realizadas para a pesquisa, as meninas alegaram que os afazeres do dia a dia, dupla jornada de trabalho e até ciúmes do namorado são os motivos pelos quais elas desistem de treinar”, lamenta a mestranda.

   A importância da mulher e da representatividade feminina na capoeira foi mencionado durante o evento. A aluna Mirela Hass, que pratica capoeira há 4 anos, relata ter se sentido representada. “Eu me sinto muito feliz e representada por ter oficinas só com mulheres ministrando, precisamos influenciar as mulheres na capoeira”, afirma Hass  

  O encontro teve oficinas voltadas para a cultura popular, como a  de título Expressão da Cultura Popular Brasileira, com a Formada Anhuma de São Paulo. Além disso, também aconteceu a oficina  Capoeira Musicalidade – Ritmos de Matriz Africana e uma roda de conversa acerca da cultura ancestral, ambas ministradas pela Mestranda Sheirosa de Curitiba . O evento também contou com a formação de Musicalidade e capoeira na educação infantil, com a Formada Lagartixa de Araucária, e finalizou as atividades com a oficina de Maculelê cultura popular, com a Professora Yroshima.

Luta das mulheres por melhores condições nas universidades continua em Ponta Grossa

Em 2023, o número de mulheres que estavam na faixa etária de 15 a 29 anos e não estudava era 11,4% maior que o número de homens na mesma condição

O curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) realizou o painel “Mulheres na Universidade: Barreiras e tetos interseccionais, lutas por condições de igualdade”, para apresentar as vivências das mulheres no meio acadêmico. O evento foi promovido com apoio dos projetos de extensão Elos, Alô Mulheres e Democracia e Direitos Humanos, além do grupo de pesquisa Jornalismo e Gênero e da Gente Feminista de Ponta Grossa.

A doutora em Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e psicóloga, Célia Ratusniak, falou sobre as desigualdades dentro da universidade. Segundo ela, a trajetória das mulheres neste espaço quase nunca é linear porque há muitas barreiras erguidas por conta do gênero. 

Um dos motivos que mais levam à desistência escolar feminina no Brasil é a gravidez, representando 23% dos casos, de acordo com o IBGE. Conforme Célia, “ser mãe na universidade é exigente e humilhante, significa não se sentir parte da academia”, complementando que a licença maternidade estudantil não é eficiente, pois a mulher realiza atividades domiciliares durante os 3 meses ao invés de poder se dedicar ao cuidado do recém-nascido.

Outros fatores apontados por Célia, que também é pedagoga, são a limitação do apoio institucional para as mães na universidade, além da falta de espaços para discussão sobre as necessidades. “O silenciamento é um problema, pois se a pessoa não consegue falar sobre o assunto não há denúncia, nem mudança”, afirmou.

Entre as exigências que a doutora disse serem necessárias no meio universitário, estão um espaço para trocar e amamentar as crianças e maior flexibilidade de horários quando diz respeito a prazos de trabalhos e atividades estudantis.

 

 

Foto: Victor Schinato

 

Já na perspectiva de ser mãe durante a trajetória acadêmica, a integrante do Núcleo de Relações Étnico-raciais, Gênero e Sexualidade do Laboratório de Estudos do Texto da UEPG, Indianara dos Santos, fez seu relato. “Nunca tinha percebido que existiam mães na universidade até eu me tornar uma delas”, confessou. 

Indianara sofreu comentários constrangedores dentro da universidade e não se sentiu bem-vinda naquele ambiente. “A maternidade não é somente um fator biológico, mas também um fator social”, explicou, ressaltando ainda a importância de dar visibilidade ao problema, pois só assim eles serão solucionados. “É papel fundamental da instituição acolher as mães, mas também é preciso que os alunos tenham acesso aos discursos dessas mulheres”, finalizou.

Para completar o debate, a assistente social e professora da UEPG, Lenir Aparecida Mainardes, contou sobre os resultados do relatório de insegurança alimentar, realizado em 2023, com os estudantes da UEPG. Conforme pesquisa, as mulheres na universidade representam 37% de taxa de insegurança alimentar, enquanto mulheres com filhos apresentam 56%. 

Ela falou sobre a importância da divulgação destas informações para torná-las públicas. “As discussões que ocorrem na universidade e a maneira como se é dado a formação do conhecimento influenciam em quais serão as oportunidades fora da universidade”, afirma.

O Relatório Global de Desigualdade de Gênero, publicado em 2023 pelo Word Economic Forum, analisou as questões de igualdade de gênero que pararam de avançar durante os anos de pandemia. Conforme conclusão, serão necessários 131 anos para eliminar as desigualdades de gênero presentes na política, economia e oportunidades em geral.

            Repórter Ester Roloff

Aluízio Palmar: A memória viva de quem lutou para defender a democracia

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“Arqueólogo” da Memória Política destaca a importância de lembrar do passado para que ele não se repita futuramente

Aluízio Palmar é jornalista, escritor e Cidadão Honorário de Foz do Iguaçu, cidade do oeste paranaense. Na última segunda-feira (18) do mês em que se completam 60 anos do golpe de 1964, Aluízio esteve na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) para participar do V Ciclo Descomemorar Golpes. 

 No evento, Palmar destacou a importância de falar sobre a Ditadura Militar e a tortura ocorrida naquele período para que essa história não se apague e, principalmente, não se repita. “Por isso, eu enfatizo a importância do “Dia do Nunca Mais” que é superimportante para a transição da Ditadura para a Democracia. No Brasil, essa transição ainda não está completa mesmo após 60 anos. É necessário que o “Nunca Mais” esteja na agenda das Universidades”, afirma.

 

História de Aluízio Palmar

 Nascido em 24 de maio de 1943, em São Fidélis (RJ), Aluízio Ferreira Palmar estudou na Universidade Federal Fluminense (UFF) e, por conta da sua militância revolucionária, foi preso, torturado e banido do país, após ter sido trocado pelo Embaixador da Suíça no Brasil, junto a outros 69 presos políticos. 

 Escreveu o livro Onde Foi Que Vocês Enterraram Nossos Mortos?. Além de ser ex-integrante do Movimento Revolucionário 08 de Outubro, do Movimento Estudantil de Niterói e criador do site Documentos Revelados – o maior site de arquivos sobre a Ditadura Militar brasileira.

 O site é resultado de uma busca do jornalista pela sua própria história e de outros desaparecidos políticos, com objetivo de estimular um compromisso ativo com a democracia e o não apagamento da história do nosso país. 

 Após guardar diversos documentos, realizou uma parceria para a digitalização deles. “O Centro de Estudos e Pesquisas Sobre a América Latina (CEPEDAL), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), assumiu os meus documentos e realizou a digitalização. Com os arquivos digitalizados, eu criei o site”, conta.

 Em 2004, Aluízio lançou o livro Onde Foi Que Vocês Enterraram Nossos Mortos?. A obra é fruto de uma investigação jornalística de 26 anos sobre os últimos momentos de seis guerrilheiros, que estavam na Argentina e desapareceram ao tentar ingressar no Brasil, após insistirem em continuar a luta armada contra a Ditadura Militar em meados de 1974.

 

Maristela Staveski: memórias de uma vida dedicada ao amor e resgate de animais

Maristela Aparecida Staveski, de 46 anos, é farmacêutica e amante dos animais. Ela dedicou grande parte de sua vida à causa animal. O primeiro resgate foi em 2012, de uma cachorrinha que apareceu no terreno de sua casa. Maristela fez a escolha de tratá-la mesmo não encontrando o dono ou a dona. A cachorrinha estava com câncer no útero, e por conta do tratamento realizado desenvolveu cinomose canina, doença que apenas piorou seu quadro. Maristela teve que tomar pela primeira e única vez a decisão de sacrificar um animal para que ele deixasse de sofrer. “Comecei com os dois pés esquerdos na causa animal”, comenta da experiência traumática.

Ela então passou a atuar apenas como ajuda financeira nos grupos do facebook que participava: Doação Ponta Grossa e Animais Perdidos Ponta Grossa. Mas foi em 2014, dois anos após seu encontro com a cachorrinha que Maristela começou a ativamente fazer os resgates de animais. “Eu ajudei vários, mas tem alguns que me marcaram mais”, relembra. O Valente foi um dos cachorros que mais marcou Maristela, pois o resgate do animal foi muito difícil, ele era muito arisco por tudo que tinha passado na rua.

“Eu sentia que a partir do momento que eu resgatava o animal, até eu conseguir que ele fosse adotado, ele era meu”. Maristela conta que fazia visitas diárias aos animais e  dava nomes. Foi assim com a Sofia, Pirata, Francisco, Valente, Paçoca, Capitão e tantos mais.  “Eles não tinham mais ninguém, só tinham a mim”. Com um ar melancólico ela conta que quando os animais morriam ela chorava, mas quando eram adotados ela também chorava, porque de certa maneira eles não seriam mais dela. “Se eu tivesse uma casa grande, eu ficaria com todos que já resgatei”.

Outro caso marcante foi o da cachorrinha Sofia que tinha uma bicheira muito grande no pescoço e quando foi anestesiada para o tratamento ela chorou. “Nunca tinha visto um cachorro chorar, escorriam lágrimas dos olhos dela”. Já o cachorro Francisco estava com as patas da frente tortas no resgate, Maristela lembra de ficar preocupada ao achar que ele era paraplégico.  “O que iria fazer? Ninguém iria querer adotar ele, teria que pagar hotel para ele pro resto da vida”. Mas, felizmente, foi apenas uma fratura calcificada, hoje Francisco vive uma vida normal com a família que o adotou.

Um dos últimos animais resgatados foi o gato Paçoca, encontrado na rua com a mandíbula quebrada, o veterinário disse para Maristela que o animal provavelmente recebeu uma pancada na cabeça, ou seja, alguém propositalmente o machucou. “Fazia dias que ele não comia ou bebia, com certeza ficou muito tempo naquela situação”. Maristela explica que muitas pessoas devem ter passado e visto o animal machucado. “É comum fingir  que não vê, porque a ajuda está vinculada a uma despesa financeira, as pessoas até querem ajudar, mas não podem pagar”, lamenta. Paçoca se recuperou e continua na família, ele foi adotado por sua sobrinha.

Maristela ainda comenta sobre os casos que deram problema após as adoções. “Achar bons adotantes é outra responsabilidade da causa animal, você salva o animal, trata, gasta, se apega e depois espera doar para alguém que vai dar amor para ele”. O Pirata foi um cachorro que havia sido abandonado longe para morrer, Maristela achou uma família para ele, mas após dois anos o animal foi devolvido para ela. “Não entendo como a família não se apegou, quem gosta de animais já pega um amor na hora”. Pirata foi então doado para outra família que estava disposta a amá-lo da maneira como merecia.

O Capitão foi um dos animais mais marcantes para Maristela. Ele constantemente fugia da casa em que foi adotado pelas frestas do portão. Maristela pediu para o adotante arrumar o portão várias vezes, mas o problema continuou, até que um dia Capitão foi atropelado por um caminhão.  “Se eu tivesse doado para outra pessoa, talvez ele ainda estivesse vivo”, lamenta Maristela. Ela disse que carrega até hoje o peso na consciência e o sofrimento deste caso. “Quando eles morrem uma parte de mim vai junto, porque eles eram responsabilidade minha”.

Maristela confidencia que sua trajetória envolveu muitas lágrimas, e os constantes abalos emocionais somados com o financeiro levaram ela a parar de fazer os resgates. Ela deixou de acompanhar os grupos, porque era muito difícil ver e não poder ajudar. “Ao mesmo tempo que te gratifica recuperar um animal é muito sofrido quando não é possível salvar ele”. Maristela salvou muitos animais durante os anos em que fez os resgates, e mesmo afastada ela ainda se preocupa profundamente com os bichinhos. “É uma alegria imensa salvar uma vida”, finaliza.

 

Repórter Ester Roloff