PG tem primeira Frente Feminista em 200 anos

Lançamento da iniciativa voltada aos direitos das mulheres ocorreu em evento da UEPG

O Evento “Mulheres em luta, em defesa da democracia” marca a fundação da primeira Frente Feminista de Ponta Grossa, após quase 200 anos de história da cidade. O painel, promovido nesta quinta-feira (23) pelo projeto de extensão Elos: Jornalismo, Direitos Humanos e Formação Cidadã e pelo grupo de pesquisa Jornalismo e Gênero, com o apoio do departamento de Jornalismo e o Programa de Pós Graduação em Jornalismo, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, também debateu as lutas históricas e os desafios enfrentados pelas mulheres diariamente.

A iniciativa, que reúne diversas entidades, grupos e coletivos comprometidos com a defesa dos direitos das mulheres, assinou uma Carta de Princípios, documento com onze valores coletivos e mudanças necessárias para evoluir a luta por conquistas. Dentre eles, pode-se citar o compromisso com a organização de ações feministas voltadas ao combate à opressão, a indicação de políticas públicas de gênero em áreas como educação, saúde e assistência social, bem como a defesa da democracia. 

De acordo com Ana Paula de Melo, co-vereadora do Coletivo Psol-PG, a idealização da Frente Feminista de Ponta Grossa surgiu através da união de entidades que trabalham juntas no mês de março em alusão ai Dia Internacional da Mulher. “O projeto pretende agir de forma permanente, criando ações para além do mês de março. É uma transformação daquilo que era pontual na luta pelas mulheres”, reforça. 

Dentre as instituições comprometidas com a Frente Feminista estão a APP Sindicato, o Diretório Central de Estudantes da UTFPR, a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), Instituto Sorisso Negro, Instituto Urbi, Mandato Coletivo do PSOL, Coletivo de Mulheres Negras de Ponta Grossa Mooladé, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Democrático Trabalhista (PDT), Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Polo Comunista Luiz Carlos Prestes, Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual de Ponta Grossa (SINDUEPG), Sindicato dos Técnicos e Professores da UEPG (SINTESPO), União Brasileira de Mulheres (UBM) e Grupo de Pesquisa Jornalismo e Gênero. 

A partir da assinatura de cada representante, a Carta de Compromisso serve como guia para melhorar questões de políticas públicas voltadas às mulheres da cidade. O próximo passado da Frente Feminista de Ponta Grossa vai ser lutar por representação feminina nos principais espaços sociais, seja na política, na educação ou no mercado de trabalho.

Leia a Carta de Compromisso da Frente Feminista de Ponta Grossa:

A carta de princípios da frente feminista de ponta grossa, aqui apresentada, estabelece e define nosso compromisso com princípios orientadores de ações essencialmente feministas. Como documento de orientação, institui os valores coletivos que partilhamos, apresenta as mudanças que queremos ver na sociedade e os caminhos que precisamos percorrer, sendo eles:

  1. Defender e reiterar o direito de todas as mulheres a terem acesso à proteção social, como cuidados de saúde, de qualidade de vida, de educação e segurança.
  2. Lutar pelo direito a todas as mulheres de viverem livres da opressão patriarcal, da discriminação e de todos os tipos de violência.
  3. Defender a liberdade de escolha e autonomia em relação aos direitos reprodutivos das mulheres, como o aborto legal, a orientação sexual e à sua identidade sexual, com a garantia de total integridade física e psicológica.
  4. Garantir total respeito às decisões das mulheres de constituir, ou não, família, a partir das diversas formas de relacionamento conjugal existentes, mantendo-se sua privacidade e liberdade protegidas.
  5. Incentivar a participação de mulheres nas instâncias de poder e representação, de modo a ampliar o reconhecimento de suas demandas em diferentes setores da sociedade.
  6. Defender a democracia brasileira por meio de debates igualitários e não violentos, que garantam e preservem o estado democrático de direito.
  7. Atuar com base na compreensão da interseccionalidade entre gênero, raça, classe e outros marcadores sociais, lutando pela conquista de direitos de grupos minorizados.
  8. Lutar pelos direitos das mulheres trabalhadoras, pela equiparação salarial e por condições de trabalho adequadas à realidade das mulheres.
  9. Promover a difusão de conhecimentos e informações referentes à luta pela igualdade de gênero, contra o machismo, o racismo, a misoginia, a transfobia e o patriarcado.
  10. Propor políticas públicas de gênero que perpassem as áreas da educação, saúde, assistência social, dentre outras.
  11. Organizar ações feministas e ocupar espaços diversos como movimento organizado, com vistas a combater o ataque aos direitos, a opressão e o silenciamento das mulheres, garantindo legitimidade às ações definidas por e para as mulheres.

Todas as mulheres que concordam com os princípios elencados nesta carta estão convidadas a integrar a frente feminista de ponta grossa. 

Por Leriany Barbosa e Valéria Laroca

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