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Imigrantes enfrentam dificuldades na integração ao mercado de trabalho

Xenofobia, violência de gênero e violações aos direitos trabalhistas são as formas de preconceito mais comuns vividas por imigrantes

Debate sobre a integração e empregabilidade de migrantes. Foto: Ester Roloff

Os desafios enfrentados por imigrantes se estendem por todas as partes de suas vidas. Desde dificuldade de acesso à educação, saúde e moradia, até barreiras no exercício da cultura de origem. Uma das principais áreas é a trabalhista, que representa toda inserção socioeconômica dos imigrantes no novo país. A Federação das Indústrias do Estado do Paraná, visando fortalecer a empregabilidade no setor industrial, promoveu o debate ‘Diálogo com a Indústria: Integração e empregabilidade de migrantes’, no dia 8 de outubro, no SESI Ponta Grossa. O evento contou com a presença da Cáritas e com representantes da Organização Internacional para as Migrações (OIM), oŕgão ligado à ONU.

Representando a Cáritas, Gislaine da Rosa apresentou os benefícios da contratação de imigrantes para as empresas em Ponta Grossa. “Muitas vezes os imigrantes e refugiados possuem formação acadêmica ou experiências em certas áreas de trabalho, o que pode contribuir para o mercado local“, esclarece. Gislaine cita algumas das vantagens: diversidade cultural, expansão do mercado de clientes, fortalecimento da reputação da empresa e da marca, interculturalidade e muitas outras. “Ao atravessar a fronteira, a história e os conhecimentos da pessoa não deixam de existir, ao contrário do que diz o preconceito contra imigrantes”, garante.

A coordenadora de projetos da OIM, Talita Souza, fala sobre as barreiras que os imigrantes precisam atravessar para se inserir no mercado de trabalho. “O primeiro obstáculo é a língua e o segundo a falta de documentação, principalmente quando são refugiados que saem de seus países, muitas vezes, apenas com uma mala de mão”, lamenta. Talita explica que as dificuldades continuam a existir mesmo após a integração socioeconômica. “É preciso reduzir a vulnerabilidade social, sensibilizando as empresas e informando sobre as maneiras corretas de incorporar os imigrantes no ambiente de trabalho”, observa.

As nacionalidades atendidas pelos projetos, tanto da Cáritas quanto da OIM, em Ponta Grossa são: Cuba, Colômbia, Haiti, Argentina, Bangladesh, Marrocos, Síria, Serra Leoa e, com destaque, Venezuela. Até 2023 os venezuelanos eram cerca de 480 mil imigrantes no Brasil, o que representa 25% do total de imigrantes no país; destes, cerca de 150 mil foram atendidos pelas iniciativas.

Por Ester Roloff

 

Jornalismo Antirracista: o que é e qual sua importância

Educação é o primeiro passo para combater as práticas racistas

 O jornalismo antirracista é aquele que não espalha uma visão estereotipada e preconceituosa de pessoas negras ou dos povos originários. Ele surgiu a partir do movimento de luta antirracista que se intensificou no século XX, com o aumento de veículos de imprensa negra. Visando dar destaque para o assunto, a 33° Semana de Comunicação do Curso de Jornalismo da UEPG promoveu uma oficina de Práticas Jornalísticas Antirracistas, ministrada pela mestranda Elaine Barcellos de Araújo.

Elaine evidenciou a importância da discussão sobre o assunto. “O jornalismo pode ser uma ferramenta condutora para a educação antirracista, pois pode incentivar o pensamento crítico dos estudantes e favorecer a argumentação contra o preconceito”, explica. A mestranda frisou que é preciso um comprometimento por parte de profissionais de comunicação para com a sociedade, que se baseia nas práticas antirracistas. “A demanda pública pede por essa pauta, as empresas de comunicação buscam enfrentar o preconceito e, assim, se integrar mais com a sociedade”, esclarece a mestranda.

Na análise da estudante de jornalismo e ativista da pauta negra, Quiara Camargo dos Santos, o assunto é pouco falado na região onde vivemos. “É muito importante esse tipo de oficina dentro da universidade, inclusive deveriam haver mais para que alcançassem todos os estudantes”, afirma. Quiara expõe que o local meridional do Brasil, como um todo, se vê ‘embranquecido’, isto é, se acredita branco e para isso apaga a existencia do diferente, sejam os negros, os quilombolas ou os povos originários. “Não podemos achar que fazer esse diálogo uma ou duas vezes por ano é suficiente, pois então ficamos muito no raso e a discussão nunca se aprofunda como deveria”, reforça.

A Alma Preta, agência que cobre a questão racial no Brasil, lançou em 2023 o seu primeiro manual de práticas antirracistas. Ele foi produzido depois de três anos de estudos e coletas de dados para fortalecer a imprensa negra do país. Ele pode ser lido de maneira gratuita através do link. No Brasil, a Lei 7.716/89, conhecida com Lei do Racismo, pune todo tipo de discriminação ou preconceito, seja de origem, raça, sexo,cor e idade.

Por Ester Roloff e Lucas Barbato

Fundação Municipal de Saúde oferece exames preventivos no outubro Rosa

Os exames disponíveis são a coleta de citopatológico do colo uterino e a solicitação de mamografia de rastreamento 

A Fundação Municipal de Saúde está realizando exames preventivos de câncer de colo de útero e de câncer de mama durante o mês de outubro.O alvo da campanha são mulheres entre 25 e 69 anos de idade que estão há mais de 1 ano sem fazer exames preventivos. Os exames disponíveis são a coleta de citopatológico do colo uterino (mulheres entre 25 e 64 anos) e mamografia de rastreamento (mulheres entre 50 e 69 anos). O agendamento dos exames deve ser realizado por telefone das 9h às 15h até o dia 21 de outubro. E os atendimentos podem ser feitos nos dias 08, 09, 10, 15, 16, 17, 22, 23 e 24 de outubro das 17 às 20h na fundação municipal de saúde.

No dia 19 ( sábado) acontecerá o dia D com exames em várias unidades de Saúde. O agendamento pode ser presencial, na unidade de saúde, ou realizado das 9h às 15h através do número (42) 3220-1015 ramais: 4401 e 4531. As unidades de saúde que participarão do Dia D são: Javier Cejas Arzabe (Borato), Rômulo Pazzinato (Nova Rússia), Cyro de Lima Garcia (Oficinas), Luís Conrado Mansani (Uvaranas), César Antônio Ribas Milleo (Superposto Panamá), Adão Ademar de Andrade (Colônia Dona Luiza), Alfredo Levandovski (Gralha Azul) e o Centro Municipal da Mulher.

Para realizar o exame é necessário levar os seguintes documentos: CPF, Cartão SUS e Documento de identidade.Para a coleta de citopatológico do colo uterino deve se evitar relações sexuais nos dois dias antes do exame, mesmo utilizando camisinha. Também deve evitar o uso de duchas e cremes vaginais, e não estar no período menstrual.

Por Pietra Gasparini

Mulheres na artes cênicas: o teatro como instrumento de reflexão humana e cultural

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O teatro é reconhecido como uma manifestação cultural que aprimora o pensamento crítico das pessoas

 

As artes cênicas são umas das principais formas de expressão através da arte. Elas têm um papel fundamental na formação da identidade cidadã, uma vez que estão ligadas a diversas manifestações culturais e individuais. Em uma entrevista com três atrizes, elas nos contaram a importância do teatro, tanto no município de Ponta Grossa quanto as suas perspectivas em relação a ele.

Para Ligiane Ferreira, integrante do grupo de teatro Carolinas, o teatro busca a essência do ser, “Se o teatro ele está inserido neste contexto, ele abre caminhos e questiona, ele coloca algumas situações que devem ser colocadas à luz da sociedade e é extremamente fundamental para a nossa saúde e qualidade de vida, então eu arriscaria dizer que sem teatro, não há humanidade”. Para a atriz Mariele Zanin, participante do Grupo de Teatro Cidade de Ponta Grossa (GTPG), o teatro é um agente transformador, capaz de mudar vidas. De acordo com a atriz, a arte é um caminho do bem e um meio de tornar as pessoas com um posicionamento crítico em relação à sociedade. Para ela, o teatro deve ser acessível a qualquer pessoa interessada, sem limite de gênero ou raça. A artista acrescenta que ele ainda possibilita desenvolver habilidades como trabalho em equipe e expressão corporal.

Michella França participa do grupo Dia de Arte e concebe a arte em conjunto com a parte social. “A gente trabalha com pessoas com sentimentos, então não tem como, na minha opinião, se desligar da questão social e política.” Pensando assim, Michella leva estes temas sociais para discussão em suas peças, porque para ela, a arte tem um poder transformador e poderoso de unir as pessoas e trazê-las para dentro da história.

Teatro em Ponta Grossa

Para as atrizes, o teatro em Ponta Grossa está crescendo. Segundo Mariele, o Grupo de Teatro Cidade de Ponta Grossa está ativo aproximadamente há seis anos, e além de produzir peças teatrais de forma gratuita e acessível para a população, os artistas recebem uma bolsa de incentivo. Também, há diversos grupos independentes produzindo peças através de editais que viabilizam iniciativas culturais. “Antes só tínhamos teatro no mês de novembro, no FENATA (Festival Nacional de Teatro). Hoje os artistas locais estão produzindo e organizando apresentações durante o ano todo e isto está sendo lindo”, disse a atriz.

Michella França em sua fala diz que, em relação ao teatro, as pessoas estão buscando se profissionalizar e que terão muitos grupos e artistas novos que vão permanecer. “Isso é muito bom e deixa a gente muito feliz”, completou.

Ligiane Ferreira diz que ainda precisamos entender o papel fundamental do teatro. “Se só está divertindo, a gente tem que começar a pensar, mas se ele traz reflexão e traz várias linguagens, se ali está inserido o teatro negro, que eu acho fundamental, a gente começa a entrar em um futuro para o teatro muito interessante na cidade”.

Incentivos

De acordo com Michella, leis que viabilizam que os grupos teatrais façam suas apresentações, recebam por elas e que levem ao público de forma gratuita são uma forma de incentivo para que as pessoas deem valor para a arte. Mariele fala que editais de incentivo como PROMIFIC (Programa Municipal de Incentivo Fiscal à Cultura), Lei Paulo Gustavo e Lei Aldir Blanc são de extrema importância para viabilizar projetos artísticos. Na perspectiva de Ligiane, é importante ir ao encontro do público. “Já trabalhei em bares e fiz em espaços de yoga, eu acho que qualquer lugar é lugar de teatro. Tendo um espectador ali presente, se faz teatro”, completou.

Dificuldades

Para Mariele, uma das dificuldades encontradas é a cultura de achar que apenas o que vem de fora é bom. “Diversas vezes vi a diferença de público em peças vindas de outras cidades e as peças locais. Mas a verdade é que estamos produzindo peças incríveis na cidade”. Ela completa dizendo que devemos acreditar na nossa capacidade, porque Ponta Grossa é uma cidade de grandes talentos. Conforme Ligiane enquanto trabalhadora de cultura, outra eventual dificuldade é se manter com o teatro, há a necessidade de ampliar esta discussão. Michella também fala sobre o retorno financeiro e levar o público para o teatro, “As pessoas poderiam incentivar mais o artista local, então eu acho que as dificuldades são sempre as mesmas. Primeiramente é a questão da produção, do financeiro, como produzir e a segunda é estar levando mesmo o teatro”, disse ela.

Mulheres na participação do teatro

Na visão de França, “O teatro dá um campo enorme para todo mundo, está tendo um campo muito grande também para as mulheres pretas”. Para Mariele Zanin, as mulheres estão cada vez mais focadas e determinadas a buscarem seus objetivos, “Se pensar no papel das mulheres há anos, tudo era relacionado à família… casar, ter filhos e ser dona de casa. Inclusive, houve uma época em que os papéis femininos eram encenados por homens vestidos de mulher. Hoje em diversas áreas, as mulheres são protagonistas das próprias histórias”, falou Zanin. De acordo com Ligiane que trabalha com esta temática em suas peças, precisamos de mais presença feminina. “A gente sempre falou enquanto mulheres enquanto teatro, a necessidade de ter toda uma equipe de mulheres, desde sonoplasta, iluminadora, produtora, artistas… De ter esse teatro específico feito por mulheres”.

Trajetórias

Desde pequena, Mariele participava de vários eventos culturais na escola e na igreja, e durante a adolescência começou a entender sobre a profissão de atriz. Ao terminar o ensino médio, ela optou por cursar Jornalismo e em paralelo, terminou o curso de teatro. Quando terminou a faculdade, ela fez a banca para se profissionalizar como atriz em Curitiba e passou. “Trabalhei com marketing em uma escola da cidade por um ano e meio para guardar dinheiro. Chegou um momento que eu pedi demissão e com o DRT (Delegacia Regional de Trabalho) em mãos, fui para o Rio de Janeiro fazer um curso de interpretação para tv e cinema”, conta a atriz. Ela voltou para Ponta Grossa para passar as festas de fim de ano e decidiu ir novamente para o Rio de Janeiro, porém aconteceu a pandemia de COVID-19. Desde então, além de integrar o GTPG, Mariele trabalha com publicidade em Ponta Grossa e Curitiba. Ela participou de duas séries em Curitiba, “Plano B” e “Uma Garota de Fé”, “O teatro foi como eu comecei e estou até hoje, mas sou completamente apaixonada pelo audiovisual”, complementou a sua fala.

Michella começou sua trajetória com 13 anos de idade e fez um teste para um companhia de teatro quando morava em São Paulo, “E de lá pra cá não parei mais, tive momentos mais ativas e momentos menos, até que eu me profissionalizei nos anos 2000”. Ela também morou durante um tempo no Rio de Janeiro e foram mais de 30 espetáculos nesse tempo e participações em longas. “Tem um histórico bem grande até o momento”, fala Michella França.

Em seu caminho como atriz, Ligiane começou a fazer teatro em escola pública. Ela conta que o interesse começou quando uma professora de literatura estava montando um grupo de teatro para o festival estudantil da cidade que acontecia no Instituto de Educação, “Eu era uma menina de periferia que não sabia o que era teatro, daí eu me encanto e começo a gostar porque eu era uma pessoa super tímida… O teatro me deu possibilidade de ser quem eu sou e abriu muita possibilidade para mim. Eu gostei de estar no palco e contar uma história que não era minha, achei fantástico aquilo”. Depois, Ligiane se profissionalizou e fez diversos cursos na área, como o teatro de antropologia de Eugênio Barba. “Eu nunca paro, então essa é minha trajetória enquanto busca e artista. Sempre tive bons mestres e boas mestras que me forjaram para ser a artista que sou”, completou Ligiane Ferreira.

Por Bruna Sluzala

Descarte irregular: uma questão de saúde pública

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Doenças são causadas ou agravadas graças ao descarte incorreto de resíduos sólidos 

Diariamente são coletados cerca de 290 toneladas de resíduos sólidos na cidade de Ponta Grossa, o que totaliza mais de 8 mil toneladas mensalmente. Porém, de acordo com a Prefeitura de Ponta Grossa, o número é maior ao considerar os resíduos que não obtiveram o destino certo. Em 2019, por exemplo, foram retiradas mais de 200 toneladas de resíduos sólidos descartados de maneira irregular na cidade, de acordo com dados do serviço de coleta de lixo, Ponta Grossa Ambiental.

Entre alguns dos inúmeros problemas que rodeiam a prática do descarte incorreto, estão a poluição do solo, o impacto na saúde pública e a emissão de gases prejudiciais para toda a biodiversidade. 

Apesar da passagem regular do caminhão de lixo, os residentes do bairro Ronda, próximo à região da Vila Nova, relatam problemas com o descarte incorreto realizado pelos próprios vizinhos, em um terreno baldio na região. “Se tornou um problema para quem mora aqui perto. Incomoda pelo cheiro forte, por se tratar de resíduo orgânico que vai apodrecendo e preocupa pelo acúmulo que pode se tornar foco para os mosquitos da dengue, por exemplo. Falta uma fiscalização, principalmente em terrenos abandonados que são alvos de quem não tem consciência”, desabafa a moradora da região, Maria Rosa Borges.

Diversos resíduos descartados no terreno baldio no bairro Ronda. Foto: Lucas Barbato 

O descarte irregular é crime, conforme Lei Federal n° 9.605/1998, Lei de Crimes Ambientais, com penalidade prevista no artigo 54. A prática pode levar à reclusão, detenção ou pagamento de multa. A penalidade varia conforme o tipo de dano causado pelo lançamento de resíduos.

A analista ambiental, Cláudia Rosa, lamenta o descaso com que é tratado o assunto e acredita na necessidade de um trabalho de conscientização. “Infelizmente a era de descarte incorreto de lixo é cultural e é um trabalho de formiguinha fazer isso melhorar. A sensação é a de que não adianta se esforçar quando o outro não colabora, mas se cada um fizer sua parte, os problemas gradualmente se resolveriam.” 

Cláudia admite que por vezes os moradores precisam de uma solução imediata e acabam, por exemplo, incinerando os locais com lixo, o que agrava a situação, com riscos de incêndio, problemas  respiratórios e poluição. 

Outro ponto levantado pela analista ambiental é a utilização do canal de denúncia da prefeitura, juntamente com a fiscalização da própria população que convive com o problema. “A cobrança por parte dos moradores é extremamente necessária para que as políticas sejam aplicadas de maneira justa”, ressalta. 

As denúncias podem ser feitas através do 156, por telefone ou pelo site.

Por Lorena Santana e Lucas Barbato 

 

 

Uso da I.A. na arte digital precariza trabalho de artistas e ilustradores

A utilização da tecnologia e, consequentemente, da Inteligência Artificial (I.A) se tornou uma prática frequente e tem se mostrado um problema para os artistas, principalmente para aqueles que trabalham com artes visuais e virtuais. Isso porque diferentes tipos de artes, como ilustrações, são produzidas pela I.A, substituindo projetos realizados por artistas.  

 

O uso da I.A. na área artística provoca discussões, ao retirar o espaço criativo das pessoas para o virtual. A Inteligência Artificial recria imagens a partir de textos e frases, e o que deveria ser uma boa ferramenta acaba produzindo imagens sem emoção, genéricas e simples. 

A ilustradora  e designer desde os 17 anos, Camila Trigorna, afirma que muitas empresas atualmente buscam “artistas de I.A” por ter uma suposta qualidade e rapidez no processo. “Infelizmente, muitas empresas e pessoas não se importam com a linearidade de traços ou estilo, somente com os “benefícios”, complementa Camila.

 

A artista observa que ainda há uma tentativa de utilizar a tecnologia a favor das pessoas. “A comunidade vive muito dividida entre tentar compor com a I.A e usá-la como ferramenta e criticar seu mau uso. Muitos buscam soluções jurídicas para comprovar autoria das artes ou a proibição do uso para não alimentar a inteligência generativa”.

 

Camila comenta que a I.A. afeta muitas áreas de trabalho, mas não desanima: “Impactou desde a advocacia até o cinema, todos, independente de suas áreas, serão afetados. Nossa missão é continuar criando e apoiando nossa comunidade e mostrando que nosso poder criativo é sempre maior que a inteligência artificial”, ressalta.

 

O uso da I.A. está levando artistas a abandonarem a área. Para o ilustrador Leandro Cruzes, que trabalha há 10 anos e já atuou na área de games, editorial, vestuário e animação, a inteligência generativa não cria e se apropria de trabalhos já realizados. Ele julga que é necessário um movimento para regularizar o uso das I.As, que está impactando os profissionais. “Ela apenas se alimenta de trabalhos de artistas já existentes para gerar seu banco de dados, sem remunerar ou dar créditos ao artista original. Para prevenir essa situação absurda é que existe a União Democrática dos Artistas Digitais (UNIDAD)”, diz. 

 

Leandro explica que os movimentos da categoria já atuam na área jurídica com projetos de lei. “O que o movimento coletivo de artistas faz é regularizar o uso da I.A pela PL 2338/2023. Não se trata apenas de arte, é um trabalho como qualquer outro”, finaliza. 

 

O Projeto de Lei nº 2338/2023 dispõe sobre o uso da I.A. no Brasil, porém o PL ainda está em andamento e, atualmente, não há lei que proíba o uso da tecnologia para a criação de artes por inteligência artificial. Em 2020, o PL 21/2020 também previa definir o uso adequado da I.A. no Brasil, estabelecendo fundamentos e diretrizes para a aplicação da tecnologia. O projeto ainda aguarda apreciação do Senado Federal.

 

Texto por Roberto Gabriel, Maria Gallinea e Bruna Sluzala

 

Saúde mental pós-pandemia: uma questão de saúde pública

“A pandemia só fez com que as doenças emocionais emergissem dos processos inconscientes”, afirma psicóloga

 

 

O último Atlas de Saúde Mental, emitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2021, mostrou que o mundo não alcançou grande parte das metas de saúde mental em 2020, período que se iniciou  a pandemia da Covid-19. A meta prevista para programas de prevenção e saúde mental era de 80%, porém apenas 52% dos países cumpriram a meta, ainda de modo relativo e apenas 25% possuem parâmetros para incorporar políticas de saúde mental na saúde primária. Desde então, fatores como o isolamento e a falta de investimentos em saúde pública e recursos humanos ajudaram a piorar esse quadro. Ainda, a Nova Agenda de Saúde Mental para as Américas mostra que as américas são a única região da OMS em que as taxas de suicídio têm aumentado nos últimos anos.

Um dos grupos mais afetados foram os jovens adultos que estão no início de sua carreira profissional, e que devido ao aumento de jornadas estressantes de trabalho (mesmo durante o isolamento), ficaram mais suscetíveis à síndrome de burnout, que tem como característica o esgotamento mental e físico. Sintomas como depressão, estresse, ansiedade e distúrbios de sono são os mais sentidos. Esta é apenas uma das consequências na população. Segundo a psicóloga Joseli Silva, especialista em avaliação psicológica e atuante há 10 anos na área, dificuldades na elaboração de luto diante das perdas, isolamento social, sentimentos negativos em relação ao futuro e lapsos de memórias também fazem parte dos reflexos percebidos na saúde mental pós-pandemia.  

Além disso, durante o isolamento, ocorreu a ascensão de plataformas e redes sociais. Embora elas tenham trazido mais informações acerca de diversos transtornos e o reconhecimento de seus sintomas, é necessário cautela no seu uso. Segundo uma pesquisa feita em 2018 pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade, 40% dos brasileiros já fizeram um auto diagnóstico pela internet, uma ação que pode ser prejudicial. De acordo com a psicóloga Joseli, o uso inadequado de medicamentos além de trazer dependência química, pode atrasar um diagnóstico assertivo. Por isso, tratamentos terapêuticos individuais e em grupo e psiquiatria são recomendados.

 

 

Sobre a piora de quadros no pós-pandemia, a psicóloga e professora de Psicologia na CESCAGE, Kathleen Van de Riet, diz que o período de isolamento apenas aflorou casos já sensíveis. “A sociedade brasileira já estava doente, acho que isso é um conceito que a gente precisa entender. Já existiam as doenças mentais”.. Ainda, a docente enfatiza que o isolamento, além de ressaltar sintomas existentes, fez com que indivíduos sensibilizados revisassem suas próprias vidas e, por consequência das circunstâncias acentuadas, não pudessem se distrair em ambientes como trabalho ou lazer.

Na busca por tratamento das sequelas deixadas pelo agravamento de quadros no pós-pandemia, Kathleen ressalta que existe uma parcela que procura ajuda, e outra que não. “Isso é também bem geracional. Nós vemos pessoas mais jovens indo buscar ajuda, e nós temos pessoas mais velhas que não buscam essa ajuda psiquiátrica e psicológica”. Além da recusa na procura por profissionais, a psicóloga evidencia a crescente no uso não prescrito de medicamentos psiquiátricos.

Quanto a questões no diagnóstico, segundo a psicóloga, existe um excesso nos diagnósticos de transtornos, em especial a depressão, quando o indivíduo está passando por um episódio depressivo. O transtorno depressivo persistente, como é chamada a depressão, se caracteriza pela longa duração dos episódios depressivos, ultrapassando os dois anos. O diagnóstico precoce pode acarretar na prescrição de uma medicação não apropriada e que, apesar de ter efeitos físicos imediatos, tem consequências como dependência.

 “Será que eu consigo, através de outras vias, talvez, gerar tratamentos mais eficientes? Não só a terapia”, questiona a profissional. De acordo com Kathleen, o tratamento integrativo envolve  atividade física, sono saudável e boa alimentação.

 

 

Kathleen enfatiza que, atualmente, a procura pela saúde mental é de caráter integrativo e não especializado. “Quando a gente fala de saúde mental, ela depende muito da saúde física. Isso é uma coisa que as pessoas não entendem, o nosso cérebro, o nosso corpo, eles estão juntos, a gente trata como se não tivesse”.

Quanto a como anda o mercado da psicologia atualmente, principalmente no cenário da saúde pública, Kathleen afirma que existem medidas positivas, mas que o sucateamento de funcionários públicos é um dos grandes fatores que contribuem para que não sejam sempre efetivos. “A gente tem falta de psicólogo em todas as áreas públicas. Isso não é nenhuma discussão, é um fato”. A psicóloga ainda afirma que as políticas públicas são atendidas de maneira mínima, mas que é importante que elas existam.

 

 

A estudante do curso de Serviço Social, Fernanda Moll, diagnosticada com depressão, ansiedade e transtorno de personalidade borderline (TPB), afirma que houve uma piora na sua saúde mental durante a pandemia. O diagnóstico demorou cerca de 2 anos. Seu tratamento é feito através do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), sendo que na pandemia ocorreu de forma online, mas com poucas consultas. 

Após a quarentena, Fernanda relata ter desenvolvido crises de pânico, e atribui isso a necessidade prévia de isolamento social e a ideia de que, se saísse em público, estaria em risco. A estudante concorda com a psicóloga Kathleen e reforça que, atualmente, com as sequelas do pós-pandemia, a saúde mental da sociedade como um todo não está bem.

O atendimento público à saúde mental é disponibilizado através do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). Em Ponta Grossa, o CAPS-AD (Álcool e drogas), oferta atendimento 24 horas. Cada unidade atende uma necessidade, com serviços para crianças e adolescentes e pessoas com transtornos mentais. Ainda, existe o Ambulatório da Saúde Mental (ASM), no bairro São José. Em caso de ideação suicida, o Centro de Valorização da Vida está disponível durante todo o dia, no número 188.

 

Ambulatório de Saúde Mental –

Para acesso ao serviço, o usuário deve ser encaminhado pela Unidade de Saúde via SISREG (Sistema de regulação).

Horário de atendimento: Segunda a sexta-feira das 07:00 às 17:00 horas. 

Endereço: Rua Princesa Isabel, 228. Bairro São José, em frente á igreja São José.

Fone: 3220-1021

CAPS AD –

Um serviço específico para o cuidado, atenção integral e continuada às pessoas com necessidades em decorrência do uso de álcool, crack e outras drogas.

Serviço porta aberta, ou seja, não necessita de encaminhamento.

Horário de atendimento: Aberto ao público das 07:00 às 19:00 de segunda a segunda. 

Endereço: Rua Vicente Spósito S/N (ao lado do terminal de Uvaranas).

Fone: 3220-1021

CAPS II –

É um serviço de atenção diária que atende prioritariamente pessoas em intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes e outras situações que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida.

Serviço porta aberta, ou seja, não necessita de encaminhamento.

Horário de atendimento: Segunda a sexta-feira das 08:00 às 18:00 horas. 

Endereço: Avenida Antônio Rodrigues Teixeira Júnior, 229. Jardim Carvalho.

Telefone: 3220-1021

CAPS IJ (Infantojuvenil) –

É um serviço de atenção diária destinado ao atendimento de crianças e adolescentes que apresentam prioritariamente intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida.

Serviço porta aberta, ou seja, não necessita de encaminhamento.

Público Alvo: de 3 anos até 18 anos incompletos (17 anos, 11 meses e 29 dias).

Horário de atendimento: Segunda a sexta-feira das 08:00 às 18:00 horas. 

Endereço:  Rua Reinaldo Ribas Silveira, 156. Ronda.

Telefone: 3220-1021 RAMAL 3.

Informações retiradas do site da Fundação Municipal de Saúde.

Por Bruna Sluzala e Victor Schinato

Infográficos por Bruna Sluzala

Pesquisa analisa abordagens jornalísticas sobre insegurança alimentar

Trabalho desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UEPG analisou materiais publicados de 2019 a 2022

 

Com o objetivo de analisar a abordagem da imprensa em relação à fome e insegurança alimentar durante os quatro anos do governo do presidente Jair Bolsonaro (2019 a 2022), a mestranda do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Gabriella Vasco, defendeu, no dia 27 de setembro, a dissertação: “O ‘flagelo da fome’: análise da cobertura sobre a fome e insegurança alimentar realizada por portais jornalísticos brasileiros no período de 2019 a 2022.” A pesquisa foi orientada pela professora Graziela Bianchi e apresentada no miniauditório da UEPG Central.

No trabalho, foram estudadas 31 notícias de portais jornalísticos nacionais, que tratavam sobre o tema. Um crescente foco nas matérias em relação à insegurança alimentar foi percebido a partir de 2019, e com aumento ainda mais presente no período da pandemia do Covid-19, a partir de 2020.

Gabriella explica que a escolha do tema sobre a cobertura jornalística da fome e da insegurança alimentar foi motivada pela crescente relevância dessas questões no cenário social e econômico brasileiro. “Como jornalista e pesquisadora, sempre me interessei por temas que refletem a realidade das populações mais vulneráveis, e a fome, como uma das formas mais graves de exclusão social, é um problema que exige atenção contínua e uma abordagem mais profunda por parte da mídia”, relata a pesquisadora.

A análise realizada pelo trabalho organizou uma divisão do material coletado a partir de quatro blocos a serem observados: estrutura da notícia, fontes consultadas, utilização de imagens e recursos multimídia e aspectos de interseccionalidade presentes ou não nas produções jornalísticas. 

A jornalista diz acreditar que a cobertura desenvolvida pode e deve ir além dos dados e estatísticas, humanizando os números e ampliando o debate sobre a fome, um problema que afeta milhões de brasileiros de forma silenciosa. “Meu desejo, com a pesquisa, é o de contribuir para um jornalismo mais crítico e engajado, capaz de cumprir seu papel social de informar com responsabilidade e provocar reflexões”, conclui a pesquisadora.

 

Por Lorena Santana

NEPIA realiza oficinas no combate ao bullying e evasão escolar

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Iniciativa do projeto do curso de Serviço Social da UEPG visa criar um ambiente mais seguro para estudantes 

 

O projeto Núcleo de Estudos, Pesquisa, Extensão e Assessoria sobre Infância e Adolescência (NEPIA) iniciou em setembro a realização de oficinas para combater o bullying e cyberbullying no ambiente escolar. O tema evasão escolar também foi trabalhado, mas neste caso, com o público alvo voltado a professores. A iniciativa surgiu no fim do mês de julho, a pedido de uma professora da Escola Estadual Ana Divanir Boratto, instituição que foi a pioneira em receber as oficinas desenvolvidas pelo NEPIA. 

A professora do NEPIA, Cleide Lavoratti, conta que além de atividades relacionadas ao curso de Serviço Social envolvendo outras instituições, o Núcleo atende demandas espontâneas da população, e que a realização de uma fala sobre bullying e cyberbullying surgiu a pedido de uma professora da escola. “As instituições de ensino nos procuram para discutir vários assuntos, como a evasão escolar, racismo, bullying, cyberbullying, LGBTfobia e outras formas de violência que os alunos cometem entre si”, afirma. Ela acrescenta que o grupo ainda trabalha a “violência institucional”, que é a violência que a escola pode cometer em relação ao estudante. 

O psicopedagogo do colégio Ana Divanir Boratto, Edenilson de Almeida , diz que já promoveu falas e palestras sobre o tema. “Já realizei algumas conversas com os alunos sobre esse tema, mas sempre que um outro órgão ou instituição está aberto a falar sobre isso, é ainda melhor”. A pedagoga da instituição, Maria Caroline Munhoz, acrescenta que quando um episódio de bullying é registrado na escola e levado até direção, o caso é mediado e resolvido, porém é necessário que essa temática seja sempre trabalhada para prevenir a ocorrência de casos.  

A estudante do quarto ano de Serviço Social e integrante do NEPIA, Emily Pinheiro,  relata que é a primeira vez que participa de oficinas ligadas diretamente com os adolescentes e inclui a importância desse trabalho para sua formação acadêmica. “Nós esperamos que a dinâmica acrescente resultados positivos dentro da escola. O bullying é recorrente nas instituições e por isso é sempre importante falar sobre. As oficinas visam auxiliar os adolescentes e crianças na caminhada para espaços mais seguros e saudáveis”, conclui. 

O Núcleo de Estudos, Pesquisa, Extensão e Assessoria sobre infância e adolescência (NEPIA) aceita pedidos de escolas que queiram receber as oficinas. Para solicitar, as instituições podem ligar para o Departamento de Serviço Social no número (42) 32203387, pedindo para falar com a professora Danuta Cantoia ou a professora Cleide Lavoratti. Também é possível enviar email para nepiauepg@gmail.com indicando a solicitação.

 De acordo com a professora Cleide Lavoratti, o grupo acolhe essas demandas e procura se organizar para atender os pedidos. “Não existe apenas um tema específico, o NEPIA atende aquilo que a comunidade/escola está enfrentando. Como por exemplo, a capacitação de escuta em questões de violência contra crianças e adolescentes, para os profissionais da instituição, de forma que possam identificar uma situação de violência ou até mesmo ser escolhido pela própria criança para a revelação e saber como agir nestes casos”, conclui a professora. 

 

Exposição do cartunista Naji Al-Ali retrata apartheid na Palestina

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A mostra, aberta para visitação no Museu Campos Gerais, tem como objetivo promover o debate sobre a situação atual e histórica da Palestina por meio de desenhos

 

 

A nova exposição do Museu Campos Gerais “ Naji – Apartheid na Palestina em Cartuns” apresenta as obras do cartunista palestino Naji al-Ali, que retratam a luta, vida, esperanças e sofrimento do povo palestino. A mostra é uma produção  do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), do Projeto de Extensão Educação em Direitos Humanos e Ensino de História e do Comitê Ponta-Grossense de Solidariedade à Palestina com apoio do Comitê Árabe-brasileiro de Solidariedade do Paraná.

Naji Al-Ali nasceu na aldeia Al-Shajara na Palestina em 1938. Quando tinha 10 anos de idade, as forças israelenses ocuparam sua aldeia e ele foi forçado a fugir com sua família para o sul do Líbano, onde ficaram refugiados. Os primeiros desenhos do cartunista foram publicados em 1962, a partir disso Al-Ali surge como um ícone na luta palestina. Seus desenhos são um símbolo de resistência dos povos árabes. Para ele, resistir é a única forma de recuperar aquilo que foi perdido. No dia 22 de julho de 1987, Naji Al-Ali estava a caminho de seu trabalho em Londres, quando foi atingido por uma bala que ficou alojada em seu olho e o levou à morte, 38 dias depois do coma, em 29 de agosto de 1962.

O professor do Mestrado de História da UEPG, Luís Fernando Cerri, um dos organizadores da exposição, conta que a ideia surgiu em uma reunião do comitê de solidariedade à Palestina, juntando os interesses e a dinâmica do mestrado em História, que tem uma grande preocupação nacionalista   com a militância do comitê. “O mestrado em História tem uma associação íntima com o Museu Campos Gerais, trouxemos para o museu a ideia e eles acharam muito boa e acataram”. 

O professor explica que o processo demorou cerca de três meses, passando pela curadoria de imagens, a definição de como as imagens seriam expostas e os ajustes diante das preocupações do Comitê e do mestrado em expressar mais do que a  indignação com o genocidio e o apartheid. Segundo ele, a proposta foi documentar isso e esclarecer que  não é uma invenção ou uma opinião política do comitê ou dos organizadores, mas sim  um processo real, que vem sendo registrado por várias ONGs e entidades supranacionais.  “Procuramos  dar espaço e visibilidade para essa discussão da Palestina, então ao mesmo tempo que é um ato  de estudo, acadêmico, é um ato com características políticas e também um ato de solidariedade”, afirma Cerri. 

Segundo o professor, o apartheid e o genocidio palestino podem ser relacionados com a realidade brasileira. Cerri compara o que esta acontecendo com o povo palestino, com a presença de Israel, com o que aconteceu com os indígenas do Paraná, que tiveram seu território tomado e sua presença física, cultural e espacial apagada por um grupo que veio de fora.  “Trazer essa exposição e esse debate tem a ver com a importância e necessidade de que esse assunto seja pensado, o que a gente quer é que as pessoas conheçam, saibam e pensem sobre”.

 

Personagens de Naji Al Ali

De acordo com o jornalista e crítico Abdullah Omar, que produziu o material “Naji Al Ali: Ícone da luta palestina”, publicado pelo instituto Monitor do Oriente Médio, a caricatura “foi a ferramenta com a qual ele tentou contestar o sistema de valores à sua volta”. Entre seus personagens estão Handala, um símbolo da resistência palestina: o garoto descalço, com roupas rasgadas, sempre de costas e com as mãos para trás, é a testemunha da guerra, das bombas que destroem mesquitas, escolas e hospitais, do imperialismo americano e da disseminação do sionismo.

Outra criação do cartunista é Fátima, que de acordo com o jornalista representa amor, amizade, bondade e doação, além da importância da luta das mulheres pela liberdade. Há também o Homem Bom, que representa a figura comum do árabe simples, pobre, oprimido, que perdeu seus familiares na guerra, mas que mesmo diante deste cenário declara lealdade ao seu povo e sua terra.

As obras de Naji Al Ali também trazem personagens que representam aquilo que há de ruim no mundo árabe, como políticos corruptos, oportunistas e opressores. Na análise de Abdullah Omar, as figuras aparecem inchadas, muitas vezes sem pés ou pescoço, não possuem raízes e estão sempre dispostas a trair a nação em troca de alguns dólares. Há ainda o Soldado Israelense, marcado pela covardia e fraqueza.

 

Serviço

O Museus Campos Gerais fica localizado na rua  Rua Engenheiro Schamber, nº 686, no centro de Ponta Grossa. A exposição ficará aberta à visitação durante três meses.