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Apartheid na Palestina: 75 anos de impunidade

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Fábio Bacila Sahd

 

A questão não é ou não deveria ser tanto o que aconteceu e se tornou fato jornalístico, mas sim o que estava acontecendo um dia antes da operação do Hamas. Com qual situação a ação do Hamas rompeu, ou seja, qual o seu contexto? A imensa maioria do noticiário brasileiro se ateve ao fato jornalístico, espetacularizando o ataque do Hamas no sul de Israel. Nesse exercício narrativo, por incompetência ou deliberada linha editorial, se omitiu completamente o contexto, bem como as correlações de força e distribuição da responsabilidade. Portanto, para preencher essa lacuna, irei fazer o que deveria ter sido feito para favorecer a compreensão de nossa sociedade: contextualizar os fatos e inserir a operação do Hamas no tecido temporal da questão Israel-Palestina.

O contexto, basicamente, é o de um regime de apartheid, mantido desde 1948. Israel, autodefinido como Estado judeu, é o soberano direto ou indireto sobre a população judaica e palestina, dominando e oprimindo sistematicamente a segunda enquanto favorece a primeira, exatamente, como o regime branco da África do Sul do apartheid fazia. A lógica é a judaização/despalestinização ou colonização de todo o território. Conforme a teoria dos direitos humanos, expressa no preâmbulo da Declaração Universal, se esses não vigoram, as populações subalternizadas se veem forçadas a recorrer à revolta e rebelião. É evidente que um regime de apartheid é um regime de violação sistemática desses direitos, à medida que para manter a dominação de um grupo racial sobre outro o oprime sistematicamente, cometendo atos desumanos como assassinatos, tortura, censura, prisões arbitrárias, limpeza étnica, genocídio, danos físicos e mentais, desapropriação, etc. Israel, ao se intitular legalmente como Estado judeu em território multinacional, promove a discriminação, criando hierarquias de direitos.

A situação remonta à fundação de Israel. Para viabilizar uma maioria judaica, em 1948, recorreu a uma limpeza étnica massiva, já que cerca da metade da população de seu território reivindicado, ao menos até então, era de palestinos, que detinham cerca de 90% das propriedades fundiárias, o que reflete a origem imigrante da maioria dos sionistas que estavam na Palestina. Onde estão esses refugiados e seus descendentes? Gaza, Cisjordânia, países vizinhos e restante do mundo. Totalizam mais de cinco milhões. Mais de dois terços da população de Gaza é de refugiados do sul de Israel, que conforme a resolução 194 da ONU têm o direito de retornar para suas terras e as reaver, onde hoje é Israel. 

Em 1967, Israel expande seu território, conquistando a Faixa de Gaza e Cisjordânia, além de territórios do Egito e Síria. Inicia um processo de colonização também nessas porções da Palestina histórica. A Organização para a Unidade Africana, antecessora da União Africana, passa a denunciar a colonização israelense como análoga ao regime de apartheid na África do Sul que, aliás, mantinha relações de amizade e aliança com Israel. Resoluções da Assembleia Geral da ONU expressam esse mesmo entendimento, assim como muitos intelectuais que também denunciam esses paralelos. Inclusive, nos anos 1970, uma resolução da ONU equivale sionismo a racismo.

Em 2007, enterrada a esperança suscitada com o processo de paz de Oslo, praticamente, inicia-se o debate internacional sobre Israel cometer o crime de apartheid a partir do relatório publicado por John Dugard, então relator especial designado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados. Desde então, seus sucessores e diferentes órgãos da ONU, comissões, ONGs e intelectuais defenderam essa tese que, como consta no relatório da Comissão Econômica e Social para a Ásia Ocidental (ESCWA), de 2017, já está para além de qualquer dúvida razoável. 

Em suma, se vigora apartheid, vigora a violência e não a paz e o respeito aos direitos humanos. Logo, fechados os canais de oposição legal, resta, lamentavelmente, o recurso dos oprimidos à rebelião. Para um aprofundamento do entendimento, recomendo a leitura dos relatórios sobre o apartheid israelense publicados, em 2020 e 2021, por duas das maiores organizações de direitos humanos sobre o tema: Amnesty International e Human Rights Watch.

 

Referências:

 

AMNESTY INTERNATIONAL. Iran: Human rights in Iran: Review of 2020/21. 2021. Disponível em: https://www.amnesty.org/en/documents/mde13/3964/2021/en/. Acesso em 18 de outubro de 2023.

 

 

HUMAN RIGHTS WATCH. Israel and Palestine – Events of 2021. 2021. Disponível em:https://www.hrw.org/report/2021/04/27/threshold-crossed/israeli-authorities-and-crimes-apartheid-and-persecution. Acesso em: 18 de outubro de 2023.

 

UNITED NATIONS. General Assembly. 194 (III). Palestine – Progress Report of the United Nations Mediator. 1948. Disponível em: https://daccess-ods.un.org/tmp/3158912.06264496.html. Acesso em 18 de outubro de 2023.

 

UNITED NATIONS. General Assembly. 3379 (XXX). Elimination of all forms of racial

discrimination. 1975. Disponível em: https://daccess-ods.un.org/tmp/3109523.35596085.html. Acesso em: 18 de outubro de 2023

 

UNITED NATIONS. ESCWA Anual Report 2017. 2017. Disponível em https://archive.unescwa.org/publications/annual-report-2017. Acesso em: 18 de outubro de 2023. 

 

*Formado em história pela UFPR, com mestrado pela UEM e doutorado na USP no programa “Humanidades, direitos e outras legitimidades”. Atualmente, é professor no Departamento de História da UFPR.

Ponta Grossa realiza Conferência Extraordinária da Cidade

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Novos membros do Conselho da Cidade foram eleitos para os próximos três anos

A Prefeitura Municipal de Ponta Grossa promoveu a Conferência Extraordinária Municipal da Cidade na última quinta-feira (19) por meio do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPLAN). O evento ocorreu no Centro de Educação Ambiental do Parque Lago de Olarias a partir das 17H.

Com o tema “O Plano Diretor Municipal e a Participação Social” e com o lema “O Papel do Conselho Municipal da Cidade”, o professor Márcio José Ornat, do curso de Geografia da Universidade Estadual de Ponta Grossa, realizou uma palestra sobre a importância da participação popular por meio do Conselho no acompanhamento do Plano Diretor vigente e respectivas atualizações.

O presidente do IPLAN, Celso Sant’Anna, fala sobre a importância da Conferência. “Ela permitiu o debate sobre a atuação do Conselho da Cidade e a eleição e a homologação dos representantes que farão o acompanhamento do desenvolvimento de Ponta Grossa pelos próximos três anos”, explica.

Assegurado pela Lei Federal 10.257/2001, que regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, o Plano Diretor é um instrumento básico para o desenvolvimento da cidade. Ele organiza o território municipal e garante: direito à cidade sustentável, gestão democrática, planejamento para desenvolver a cidade, controle e uso do solo, complementação e integração entre atividades urbanas e rurais e recuperação e preservação do meio ambiente.

O professor Márcio José Ornat reforça a importância da participação popular no acompanhamento do Plano Diretor. “Não pode existir Plano Diretor sem democracia. Não existe Plano Diretor sem participação da sociedade civil”, afirma.

Instituído pela Lei Municipal 12.223/2015, o Conselho Municipal da Cidade avalia, propõe, debate e aprova a política de desenvolvimento urbano em conjunto (governo e sociedade civil) em cada esfera da federação.

 

Composição atual do Conselho da Cidade

  1. Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Ponta Grossa (IPLAN): Celso Augusto Sant’Anna e Karla Volaco Gonzalez Stamoulis.
  2. Procuradoria Geral do Município (PGM): Márcio Henrique Martins de Rezende.
  3. Secretaria Municipal de Infraestrutura e Planejamento (SMIP): Luiz Henrique de Souza Honesko e Luis Eduardo de Souza Chociai.
  4. Secretaria Municipal da Família e Desenvolvimento Social (SMFDS): Aline Ramos Esperidião e João Alfredo Horst Neto.
  5. Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA): Sandro Rafael Bandeira.
  6. Secretaria Municipal de Cidadania e Segurança Pública (SMCSP): Juarez Alves e Renato Adriano Araujo Manfredini.
  7. Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional (SMICQP): Michel João Haddad Neto e Jeferson Cruz Dias.
  8. Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Ponta Grossa (AEAPG): Sérgio Augusto Wosgrau.
  9. Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa (ACIPG): Gabriel Matheus de Jesus Stallbaum e Leandro Borges Marinho.
  10.  Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR): Gabriel Dib.
  11.  Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA/PR): Margolaine Giacchini.
  12.  Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG): Márcio José Ornat e Andrea Tedesco.
  13.  Ordem dos Advogados do Brasil – Ponta Grossa (OAB/PG): Igor Sporch da Costa e Bruno Krubniki.
  14.  Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Ponta Grossa (CDEPG): Roberto Pelissari e Ricardo Pimenta da Silva.
  15.  União das Associações de Moradores de Ponta Grossa (UAMPG): Sérgio Ferreira Doszanet.
  16.  União por Moradia Popular Ponta Grossa e Região (UMPPG): Gerveson Tramontin Silveira.
  17.  Associação dos Deficientes Físicos de Ponta Grossa (ADFPG): Luiz Marcondes das Dores.
  18.  Observatório Social Ponta Grossa (OSPG): Ali Mustapha Ataya e Elen Cristina Ferraz.
  19.  Sindicato Dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Ponta Grossa (SINDUSCON/PG): Lúcio Paulo Rogoski.
  20.  Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP): Priscilla Garbelini Jaronski.

 

Por Gabriela Oliveira

Jornalismo UEPG defende a transparência na Câmara de Ponta Grossa

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O Departamento de Jornalismo, o Programa de Pós-Graduação em Jornalismo e o Centro Acadêmico de Jornalismo João do Rio, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), vêm a público manifestar a preocupação com a garantia do princípio de transparência no poder público diante da proibição da Câmara Municipal de Ponta Grossa de transmitir pelas redes sociais os depoimentos referentes à Comissão Parlamentar Processante (CPP) sobre o vereador Celso Cieslak (PRTB). As oitivas iniciaram em uma sessão realizada na quarta-feira (18/10) e, de acordo com o Sindicato dos Jornalistas do Paraná, a cobertura sobre o assunto foi prejudicada porque não houve aviso prévio à imprensa sobre a sessão e nem acesso às informações por meio da transmissão.

Em junho deste ano, uma operação policial deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) revelou um esquema de corrupção e irregularidades em licitações na área da saúde em Ponta Grossa. O vereador Celso Cieslak, que estava em seu segundo mandato, foi afastado do cargo por decisão judicial.

A Câmara Municipal transmite sessões e outros tipos de eventos pelos espaços mantidos no Youtube e no Facebook, além do site institucional, garantindo à população o acompanhamento das discussões e das deliberações que afetam a população da cidade. Assim, por se tratar de tema de interesse público, docentes e estudantes de Jornalismo defendem a necessidade de transparência na Câmara acerca da CPP da saúde, de modo a assegurar o acesso a informações à imprensa e à comunidade. É de fundamental importância lembrar que o respeito à lei da transparência e acesso à informação na administração pública é um compromisso de todo e qualquer gestor, seja no poder executivo, judiciário ou legislativo.

Violência contra a pessoa idosa soma mais de 1.200 casos no Paraná

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No marco dos 20 anos do Estatuto da Pessoa Idosa, políticas de combate à violência precisam ser aprimoradas

 

De acordo com a Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, foram feitas mais de 1.200 denúncias de violência contra pessoas idosas em 2023 no Paraná. A professora e ex-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa em Ponta Grossa  Maria Iolanda de Oliveira, ressalta que muitas pessoas idosas passam por violência e não conseguem denunciar e muitos médicos e enfermeiros não sabem identificar a violência nas consultas, “O lugar mais fácil de identificar as violências são nos atendimentos médicos, mas nem todo profissional sabe identificar e denunciar”, relata.

A professora ainda destaca como problema a falta de delegacias e varas criminais especializadas em violência contra idosos no Brasil, “Não ter delegacias especializadas dificulta as denúncias de violência contra a pessoa idosa”, observa. As denúncias de violência física, discriminação, acesso à saúde e abandono devem ser feitas ao Disque Denúncia – 181.

O Estatuto da Pessoa Idosa, documento que busca a valorização da pessoa idosa na sociedade brasileira, completa 20 anos no mês de outubro de 2023. Ao destacar a importância do Estatuto, Maria Iolanda apresenta uma crítica ao modo como se entende os direitos da pessoa idosa: “Uma parte da sociedade brasileira pensa que a pessoa idosa só precisa de baile, bingo e bolo”. Ela lembra que o estatuto garante o acesso à saúde, assistência, cultura, lazer, esporte, previdência, habitação e outros serviços e direitos. Ou seja, o dever de garantir os direitos básicos às pessoas idosas é da família e do Estado.

 

Os Estados brasileiros têm como meta de investimentos os condomínios com acessibilidade para pessoas idosas. O primeiro condomínio foi criado em 2014 na cidade de João Pessoa, na Paraíba. O conjunto habitacional tem o intuito de garantir a acessibilidade e a moradia da pessoa idosa, que não tem onde morar ou mora com a família, que pode ser responsável pela violência ou abuso psicológico e financeiro. Na cidade de Ponta Grossa existe um projeto para a construção do condomínio, que terá cerca de 40 casas, o que não atende a demanda existente na cidade. Segundo a  ex-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa em Ponta Grossa, cerca de 12% da população da cidade tem mais de 60 anos e apenas 5% conseguem ter acesso aos direitos que o Estado fornece.

 

Por Amanda Grzebielucka

Poder público deve atuar no enfrentamento de crimes de feminicídio

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No ano de 2022 foram registrados 1.437 feminicídios no Brasil; destes, 77 ocorreram no Paraná, de acordo com o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O estado do Paraná foi registrado como o sexto a mais cometer o crime de feminicídio no ano de 2022, e o sétimo no ano de 2021. A porcentagem do crime aumentou de um ano para o outro e, para combater esta violência o governo do Estado criou campanhas e projetos voltados para a causa.

A Secretaria da Mulher do estado do Paraná lançou, neste ano, uma campanha para conscientizar a população sobre o feminicídio. Fóruns de debates, campanhas publicitárias de conscientização, mobilização nas ruas e caminhadas pelo direito à vida das mulheres foram realizados no mês de agosto. Mais de 70 municípios paranaenses participaram do projeto.

A campanha estadual “Paraná Unido no Combate ao Feminicídio” foi lançada pela Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, após criação de uma lei que determina ser responsabilidade do poder público conscientizar e debater o tema com a sociedade.

No dia 22 de julho, foi realizada a 1° Caminhada ao Meio-Dia, em razão do Dia Estadual de Combate ao Feminicídio. A data foi escolhida para referenciar a advogada Tatiane Spitzner, que foi assassinada pelo marido em 22 de julho de 2018, na cidade de Guarapuava.

Em Ponta Grossa, a caminhada começou na Praça Barão do Rio Branco, percorreu o calçadão e terminou na Estação Saudade. Durante todo o percurso, falas de resistência, entrega de panfletos informativos e convites para juntar-se à causa foram feitos à população.

Na América Latina, o Brasil é um dos países que mais mata mulheres pela condição de serem mulheres, caracterizando o feminicídio. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que a cada 100.000 mulheres, em média, duas são vítimas de feminicídio.

 

Por Ester Roloff

Projeto que incentiva a economia solidária completa 18 anos

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A Incubadora de Empreendimentos Solidários (IESOL UEPG) completa 18 anos em 2023. O projeto, que tem o intuito de incentivar a economia solidária, busca auxiliar e dar autonomia aos grupos para que não fiquem dependentes da Incubadora. “Buscamos dar o apoio necessário aos grupos, porém eles precisam tomar as suas próprias decisões”, explica Manuela Salau Brasil, economista e socióloga fundadora da IESOL. 

 

A Incubadora é um programa de extensão da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) que já apoiou diversos grupos e movimentos sociais. Segundo Manuela, estar dentro da Universidade traz algumas facilidades na execução dos projetos da Incubadora. “A vantagem de estar numa universidade é receber auxílio de vários cursos”, declara.

A primeira Incubadora criada no Brasil foi na Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1996. No Paraná são oito Universidades Estaduais com o projeto de Economia Solidária que fazem parte da Rede de Incubadoras Universitárias de Apoio e Fomento à Economia Solidária do Paraná (RIU).

 

A Associação dos Campos Gerais de Jardinagem, que prestava serviços à Prefeitura de Ponta Grossa na limpeza de jardins no entorno da cidade, e a Associação de Feirantes de Economia Solidária, que reúne feirantes com produtos como artesanato, bijuterias, verduras orgânicas, bolsas de lonas e etc, foram incubados em 2019 no programa de economia solidária. Joaquim Pinheiro, de 70 anos, é feirante e está no projeto da IESOL há 12 anos. “A incubadora sempre nos deu apoio com material e oportunidade de trabalhar”, relata.

 

Em comemoração aos 18 anos, o projeto realizou  uma série de eventos. No dia 26 de setembro ocorreu uma mesa redonda sobre “Governança e cidades inteligentes” e o lançamento do livro “Mulheres catadoras de materiais recicláveis”, produzido pelo IESOL. No dia 27 o projeto realizou uma roda de conversa sobre Educação Ambiental e Economia Solidária no auditório do Setor de Ciências Sociais Aplicadas na UEPG. A programação encerrou à tarde com o clube de trocas e a exibição de um documentário com café solidário no bloco B, seguidos de uma roda de conversa sobre o livro e e-book com as experiências das catadoras.

 

Mães universitárias – Dieine de Souza

Mães universitárias não têm apoio da instituição para concluir seus estudos. No primeiro episódio da série sobre os desafios de estudantes que são mães, conheça o relato da aluna Dieine de Souza, de 21 anos, que está cursando o segundo ano do curso de Zootecnia na UEPG.

Por Maria Eduarda Leme

Medicamentos à base de canabidiol podem melhorar a vida de pacientes

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Em todo o mundo, o uso de medicamentos à base de canabidiol estão possibilitando a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Segundo a médica integrativa Amanda Medeiros Dias, certificada em medicina endocanabinoide, a cannabis sativa tem ajudado pessoas diagnosticadas com ansiedade, parkinson, depressão, epilepsia, entre outras enfermidades. “A cannabis tem curado e ajudado as pessoas há mais de 12 mil anos”. De acordo com a médica, o preconceito que a sociedade tem com a cannabis é uma das principais causas de resistência contra os medicamentos.

A diretora da Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis, Melissa Vicentini, tem um filho diagnosticado com epilepsia e que faz o uso de medicamentos à base de canabidiol. “Pedro ficou 9 dias sem convulsionar após iniciar o tratamento com cannabis sativa”, relata Melissa, emocionada. A diretora ainda questiona o porquê não tratar a cannabis como primeira opção de tratamento já que a eficácia é maior e mais rápida.   

O projeto de Lei n°174/2023 tem como objetivo garantir a distribuição gratuita de medicamentos à base de cannabis sativa para pacientes que tenham laudo médico. Para promover e demonstrar apoio ao Projeto de Lei, bem como colocar em evidência a importância do debate sobre o tema, foi realizado na terça-feira (19) o painel “Cannabis Sativa: aspectos legais e uso medicinal”, no Grande Auditório da UEPG. O evento foi promovido pelo projeto Democracia & Direitos Humanos, do curso de Jornalismo da UEPG, com apoio dos projetos Elos (Jornalismo) e LAMA (Agronomia), em parceria com o Mandato Coletivo do PSOL e o SINDUEPG.

 

Foto: Victor Schinato

Um abaixo-assinado foi criado para apoiar o Projeto de Lei. “É importante que a população apoie, caso contrário a lei não entrará em vigor mesmo sendo aprovada na Câmara”, expõe Guilherme Mazer, político do Partido dos Trabalhadores (PT) que atuou como mediador do painel.

 

Por Amanda Grzebielucka

Dia Nacional de Luta relembra a importância da inclusão de pessoas com deficiência

No dia 21 de setembro é comemorado o Dia Nacional da Luta da pelos Direitos das Pessoas com Deficiência. A data foi instituída por movimentos sociais em 1982 e desde 2005 foi oficializada como lei com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.
As deficiências podem ser divididas entre física, visual, auditiva, mental e múltipla, que, de acordo com o Estatuto da Pessoa com Deficiência (2008), não justificam a exclusão social, discriminação e a falta de acessibilidade para estas pessoas.
A arquiteta Rosangela Manys explica que os projetos arquitetônicos devem incluir a acessibilidade como um importante requisito de qualidade. “A inclusão deve incluir a todos, desde crianças e idosos, até pessoas com deficiências leves e graves”, diz. Ela ressalta a obrigatoriedade regida por lei de todos os estabelecimentos abertos ao público serem acessíveis em sua estrutura e explica que os arquitetos devem seguir o Registro de Responsabilidade Técnica (RRT), enquanto os engenheiros devem seguir a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).
Rosangela aprofunda o assunto focando na cidade de Ponta Grossa. “É uma cidade muito antiga, então é necessário um planejamento para com o tempo amenizar os problemas”. Ela observa que ruas estreitas e imóveis tombados dificultam o processo de adaptação da cidade e destaca que a acessibilidade faz total diferença na vida das pessoas. “Não é justo que as pessoas tenham uma limitação de até onde podem ir ou não”, finaliza.
A Norma de Acessibilidade no Brasil (ABNT-NBR-9050) existe desde 1985, mas apenas recentemente foi atualizada para uma versão mais completa e inclusiva. Ela trata das adequações necessárias das edificações e do mobiliário urbano às pessoas com deficiência, além de mostrar a importância da valorização de profissionais como engenheiros e arquitetos.
A estudante de Direito da Universidade Estadual do Paraná (UEPG), Flávia Alessandra Novask, é cadeirante e relata como são as condições arquitetônicas de acessibilidade na universidade. “No curso de Direito um corredor não tem rampa, então preciso pedir ajuda dos meus colegas e o elevador às vezes falha também”, conta. Ela acredita que as políticas para a entrada de pessoas deficientes na universidade são acessíveis, o problema está na falta de suporte para a permanência destes estudantes.
Flávia lembra que teve dificuldades no ensino fundamental e médio porque as adaptações na infraestrutura demoraram a acontecer, o colégio só ficou completamente adaptado depois que ela se formou. A UEPG adaptou os corredores de Direito e o acesso aos elevadores, mas está longe de estar completamente acessível. “De infraestrutura a universidade está, em uma escala de 0 a 10, em uns 4, tem muito o que melhorar”, avalia. Por fim, a estudante fala que é necessário dar mais visibilidade ao assunto, para que a universidade acelere o processo de adaptação estrutural exigido por lei.

 

Por Ester Roloff

Cerca de 23 mil famílias não têm onde morar em Ponta Grossa

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Segundo a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), a carência habitacional de Ponta Grossa é de 23.656 casas, sendo o quarto maior déficit habitacional do Paraná. Segundo o artigo 6° da Constituição Federal, todo brasileiro tem direito a moradia e uma vida digna. Em busca de oferecer o mínimo de dignidade a famílias que residem em casas sem estrutura, a enfermeira Evelyn Nogueira criou o projeto Brasil sem Frestas, que tem o intuito de revestir casas de madeira com caixa de leite, impedindo o vento de entrar nas residências.

O projeto foi criado em 2018 na cidade de Ponta Grossa. A idealizadora se inspirou no projeto que já existia em Curitiba e hoje paralisou as atividades. O trabalho não conta com nenhuma ajuda política ou religiosa, funciona apenas com o empenho de voluntários. Na pandemia, a instituição ajudou na fabricação de lençóis, máscaras e toucas cirúrgicas para os hospitais da cidade, principalmente para o Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais. “Foram mais de 150 mil máscaras entregues por toda a cidade”, relata Raquel Rossoni, voluntária do projeto.

Foto: Brasil sem Frestas

O trabalho tem cerca de 100 voluntários indiretos e 12 que atuam diretamente. “Decidi me voluntariar após um aluno reclamar que passou frio à noite e que não foi para aula pois não conseguiu dormir. Vi o Brasil sem Frestas na TV e resolvi me voluntariar’’, conta Marta Camargo, nova integrante. Desde 2018 foram atendidas 49 casas em Ponta Grossa e três na cidade de Carambeí. As residências têm a durabilidade de cerca de cinco anos. A presidente do projeto, Mariléia Paulovski, expõe a sensação de poder ajudar as famílias com algo simples: “A alegria das famílias vendo a casa pronta é inexplicável”. Ela ainda ressalta a necessidade de novos voluntários para ampliar as ações do projeto.

A moradora do bairro Ouro Verde, Evelyn Melo, descreve a sua experiência com o projeto: “O Brasil sem Frestas me ajudou muito, eu não tinha condições de revestir minha casa e sempre que chovia ela alagava; depois que o projeto revestiu, nunca mais isso aconteceu”. Para ser auxiliado ou se tornar voluntário basta entrar em contato com a página Brasil sem Frestas no Facebook. Para a doação das caixas de leite é necessário que as embalagens sejam cartonadas e estejam devidamente higienizadas. O local de entrega é na Rua Pedro Mascarenhas Ribas, número 5, no bairro Jardim Carvalho.