Home Blog Page 3

Diferentes faces do orgulho

Parada LGBTQIAPN+ dos Campos Gerais coloriu o domingo de Ponta Grossa

Após contratempos, a Parada LGBTQIAPN+ dos Campos Gerais aconteceu no dia 12 de novembro, na Concha Acústica, ao lado do Shopping Popular e da Estação Saudade. Em um domingo de muito sol, o público se reuniu no centro de Ponta Grossa para apreciar a apresentação de drag queens e músicos locais.

Apesar de problemas decorrentes de mudança de local, o trâmite legal para obtenção dos alvarás e a intrusão de fundamentalistas religiosos com violação dos direitos humanos, que realizavam entrega de folhetos de caráter lgbtfóbico e afirmavam que era a última oportunidade de “se arrepender”, a Parada ocorreu da melhor maneira possível, como informou a equipe organizadora.

O evento, que deveria acontecer no Lago de Olarias, foi remarcado após problemas com o mau tempo. Por logística de montagem de palco, aconteceria no Parque Ambiental, no mesmo local onde ocorre o projeto Sexta às Seis. Mas, em razão da presença do Parque de Diversões, foi alterado mais uma vez para perto do Shopping Popular. 

É necessário ressaltar a importância de eventos que evidenciam a presença LGBTQIAPN+ em Ponta Grossa, para que a população com representatividade minoritária na sociedade seja vista e políticas públicas possam ser implementadas para atender demandas emergenciais desta população.

A partir desse ensaio, a equipe Elos busca retratar as diferentes pessoas presentes na Parada e na comunidade LGBTQIAPN+ de Ponta Grossa, em toda a sua pluralidade e vivências diversas.

 

Por Victor Schinato e Vinicius Orza

 

Projeto Elos divulga atividades extensionistas no CONEX 2023

0

O projeto de extensão Elos – Jornalismo, Direitos Humanos e Formação Cidadã, do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), completa seis anos de atividade em novembro. Em 2023 o projeto participou com cinco apresentações no Encontro Conversando sobre a Extensão na UEPG (CONEX), maior número de trabalhos apresentado desde a criação do Elos.

O CONEX é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais, com o objetivo de divulgar e abrir espaço para discutir as atividades extensionistas realizadas pela comunidade acadêmica na UEPG. As professoras responsáveis pelas atividades do Elos são Paula Melani Rocha, Karina Janz Woitowicz e Graziela Soares Bianchi.

As apresentações feitas no CONEX mostraram as atividades feitas pela equipe de integrantes do Elos. Os assuntos foram: defesa de direitos da comunidade LGBTQIAPN+, iniciativas do projeto Elos em parceria com a comunidade local para produções em audiovisual, estratégias para ampliar as campanhas solidárias na Ocupação Ericson Duarte, os eventos de extensão desenvolvidos pelo Elos e as divulgações dos direitos humanos feitas através do instagram do Elos.

Mães Universitárias- Thifany Dos Santos

0

 

Mães estudantes não têm apoio da universidade para concluir estudos, esse é o segundo episódio com relatos de alunas da UEPG que sofrem dificuldades para permanecerem na universidade. Hoje vamos falar da aluna Tiffany, de 21 anos, estudante de ciências biológicas e mãe do Miguel de três anos.

Ocupação Ericson Duarte sofre danos com as chuvas em Ponta Grossa

0

 

Por Maria Eduarda Leme

No final do mês de outubro Ponta Grossa foi atingida por fortes chuvas que causaram estragos em toda cidade. A ocupação Ericson Duarte foi um dos lugares mais afetados, prejudicando mais de 200 famílias que perderam móveis, colchões e roupas. No dia 27 de outubro várias casas tiveram destelhamentos causados pela chuva de granizo que aconteceu no final da tarde.

Uma das coordenadoras da ocupação Isabella Guimarães conta que precisou abrigar famílias no Ginásio da Pessoa com Deficiência porque tiveram as casas destruídas. “Precisamos levar mais de 40 famílias até o ginásio, mas ao todo foram 120 famílias atendidas pelo ginásio e a prefeitura.” 

Isabella também relata que por conta própria, sem ajuda da prefeitura e da Defesa Civil, ela e outros coordenadores atenderam mais de 80 famílias doando cestas básicas, colchões, roupas e cobertores. “A Defesa Civil não atendeu nem metade das famílias que precisavam de ajuda, se atenderam umas 10 já foi muito.”

Agora com uma trégua das chuvas, as famílias estão se organizando para trocar as telhas e telhados que foram estragados, mas com a situação financeira precária ainda é difícil de realizar completamente essas trocas, por isso a ocupação pede a colaboração da sociedade com doações de telhas, madeiras e lonas, além de colchões e cobertores. 

Na primeira semana do mês de novembro o MST doou mais de 300 quilos de alimentos para a ocupação, que fez vários kits para distribuir entre as famílias afetadas com as chuvas e parte dos orgânicos foram destinados para a janta solidária que acontece na sede da ocupação todas as quartas-feiras.

Duas mães e uma bebê a termo ou quando os desejos se encontram em uma clínica de fertilização

Escrevo este texto no momento anterior ao grande encontro. Daqui no máximo dez dias nossa filha Rita chega ao mundo, embora sua existência já vibre em nós há pouco mais de nove meses. Essa poderia ser uma história de um amor que gerou frutos, mas prefiro pensar em uma história sobre descobertas de desejos escondidos, de um longo caminho médico e farmacológico, de um embrião que teve as primeiras células multiplicadas fora de nossos corpos, de duas mulheres empenhadas na vontade de ser mães e vivendo em um país que há pouco saiu do completo abismo. E olha que o abismo está sempre ali, um passo de distância. Poderia ser a história também de maternidades políticas e fora dos padrões ou até sobre uma cachorra mimada que vai ganhar uma irmã humana e até o momento nada se sabe sobre seu comportamento posterior. Essas são apenas algumas possibilidades entre tantas formas de significar o que nos ocorre no momento.
Decidimos que queríamos ser mães e essa foi uma decisão muito fácil. Difícil foi escolher como seríamos mães, o que funcionaria melhor para nós, para onde nos levava o desejo. De antemão afirmo que nos levou a um complexo caminho em que a gente achava saber tudo o que de fato a gente desconhecia. Eu embarquei nesse processo certa de que queria engravidar, queria viver o ciclo gravídico-puerperal como a grande aventura da minha vida. Após uma tentativa de transferência de embrião para o meu útero sem sucesso e um longo tempo de reflexão, quase um ano, percebi que a gravidez não era o que eu queria viver, mas a maternidade ao lado da minha esposa. Um erro bastante compreensível quando costumamos socialmente associar a gestação com o processo de se tornar mãe. Eu estava minimamente advertida sobre isso, mas mesmo assim caí na armadilha.
Infelizmente, essa associação me custou muitas noites mal dormidas até conseguir formular que minha vontade era outra, pois a ideia da gestação só me gerava angústia. Curiosamente, minha esposa viveu um movimento oposto de descoberta. A gravidez era impensada para ela, pois parecia automático que corpos que performam feminilidade gestem bebês e sua performatividade de gênero pode ser lida como mais masculina do que a minha. Quase caímos em uma nova armadilha, desta vez de gênero.
A gestação antes impensada começou a se tornar um desejo explícito para ela, um desejo que quando foi pronunciado gerou alegria e alívio para nós duas. E assim retornamos à clínica de fertilização, invertendo os corpos, mas firmes no nosso propósito. A partir daí foram meses de novidades, de sustos, de enjoos, de consultas de pré-natal, de fotos de uma barriga que cresce a cada dia, de preparações que nos fizeram sentir muitas vezes mais despreparadas ainda, de risadas sobre as fantasias e expectativas que criamos. Em resumo, tudo o que comumente as gestações envolvem e demandam. Um pouco de medo e um tanto de sonho envolvido.
Mas como ter uma filha sendo nós duas mães? Aqui entra um tanto de sorte e de privilégio por ter tido uma rede de pessoas que não apenas reconheceram nossa maternidade como válida, mas que demonstraram a todo tempo a alegria com que esperam juntos de nós a chegada desta criança. É lógico que nem tudo são flores, pois quando penso em nossa filha nessa sociedade confusa, peço forças para conseguir mediar os sentimentos que nossa família pode causar em pessoas que se sentem afrontadas com a nossa existência. Sei que não conseguiremos protegê-la de todos esses sentimentos, alguns deles difíceis de serem traduzidos sem que nos tornemos seres desesperançosos. Mas sei que enfrentaremos nós três juntas qualquer questionamento sobre essa configuração familiar, afinal, não nos foi dado o direito de não lutar pelo mínimo. Além disso, a luta pode ser boa.
Lutar pelo que acreditamos e nos unirmos com outras pessoas que acreditam que as coisas podem ser diferentes é uma das grandes alegrias da vida. É um ato não só de amor como de esperança. E talvez seja esse tipo de esperança em que acredito, a esperança coletiva. Não existe salvação individual nesse mundo e seja qual for a luta da nossa filha, ela terá o nosso apoio. Faltando poucos dias para esse encontro, penso em como enfrentar esse mundo com um ser que acabou de chegar nele, ainda tão desprovido de linguagem, e que nem imagina como é a vida fora do calor do útero. Para esses recém-bem-vindos e bem-vindas, diria: criem núcleos de proteção com pessoas que dialogam com seus ideais, compartilhe amizades e afetos, são eles que nos salvam todos os dias.
Se chegamos até aqui, poucos dias antes de conhecer a bebê que irá marcar definitivamente a nossa existência, foi porque seguimos nesse caminho muito bem acompanhadas, uma da outra, nós com os outros entes queridos. A psicanalista Vera Iaconelli, em seu livro Manifesto Antimaternalista, cita o percurso de Cory Silverberg na escrita de um livro para crianças sobre a origem dos bebês de uma forma que abarcasse as diferentes composições familiares e meios de concepção e maternidade. Ele escreve que todos os bebês surgem a partir do encontro de um óvulo com o espermatozóide, seguido da concepção e uma gestação levada a termo. Ponto. Assim surgem os bebês. Todos os bebês. Mas só isso importa? Não, para o autor duas perguntas importam mais: “Quem ansiava por nosso nascimento?” e “Quem nos aguardava ao nascer?”. É no desejo de duas mães e na alegria compartilhada por seus amigos e familiares que uma bebê pode vir ao mundo.

 

Por Jessica Gustafson

Evento traz mulheres palestinas para debater sobre a situação do país

0

Comitê Ponta-grossense em Solidariedade à Palestina coloca em pauta o apartheid israelense

Na última segunda (23), o Comitê Ponta-grossense em Solidariedade à Palestina realizou um painel com o tema “Apartheid israelense na Palestina” na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). O evento, que contou com o apoio do Programa de Pós-graduação em Educação, do Mestrado em Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em História, teve como objetivo promover o diálogo e a politização sobre o assunto.

A professora de Saúde Coletiva na Universidade de Brasília (UnB),  integrante da Federação Árabe Palestina no Brasil (FEPAL) e mulher palestina, Muna Odeh, fala sobre a importância de lembrar a história de Israel e da Palestina. “O colonialismo, a limpeza étnica e o aphartheid são essenciais para entender o conflito”, explica. Durante o painel, Muna destacou vários momentos históricos, entre eles a autoproclamação do estado de Israel em 1948, a Guerra dos Seis Dias em 1967 e o último 7 de outubro, que resultou na maior atenção das mídias quanto ao país. “Os conflitos não irão simplesmente sumir e desaparecer, algo precisa ser feito”, ressalta.

A secretária de Juventude da FEPAL e diretora de políticas educacionais da União Nacional dos Estudantes (Uneoficial), Maynara Nafe, também é uma mulher plaestino-brasileira e participou do painel. Ela explica que o povo palestino é o maior grupo de refugiados do mundo. “O mundo vê e se cala”, desabafa.

Foto: Maria Thereza

Maynara conta que estão tentando impedir o genocídio do povo palestino, que está sendo televisionado ao vivo para todos, mas ninguém faz nada para impedir. “Não se calem diante do massacre do meu povo”, diz. Ela ainda relata como a intolerância e o preconceito contra os povos mulçumanos tem aumentado no mundo todo.

O professor aposentado do departamento de História da UEPG e membro do Comitê Ponta-grossense, Marco Aurélio Pereira, foi o último convidado a participar do debate e analisou a atual situação do país do ponto de vista do capitalismo e do colonialismo. “Sempre houve a demonização e a desumanização dos palestinos, a crença de que eles são bárbaros e incivilizados”, observa. Ao final, o professor questiona: “Se for falar de autodefesa, quem precisa de defesa? Israel, que tem apoio internacional, território e condições básicas de sobrevivência, ou a Palestina que está presa em um campo de concentração a céu aberto, sem alimentos, água, remédios e isolada do restante do mundo?”, questiona.

O Comitê Ponta-grossense ainda realizou um ato político em solidariedade à Palestina, com cartazes e bandeiras. O grupo de pessoas se reuniu na Praça Barão do Rio Branco na última quarta-feira (25) para apoiar a luta pela liberdade da população palestina. A luta do Comitê continua e pode ser acompanhada pelo instagram e facebook.

Apartheid na Palestina: 75 anos de impunidade

0

Fábio Bacila Sahd

 

A questão não é ou não deveria ser tanto o que aconteceu e se tornou fato jornalístico, mas sim o que estava acontecendo um dia antes da operação do Hamas. Com qual situação a ação do Hamas rompeu, ou seja, qual o seu contexto? A imensa maioria do noticiário brasileiro se ateve ao fato jornalístico, espetacularizando o ataque do Hamas no sul de Israel. Nesse exercício narrativo, por incompetência ou deliberada linha editorial, se omitiu completamente o contexto, bem como as correlações de força e distribuição da responsabilidade. Portanto, para preencher essa lacuna, irei fazer o que deveria ter sido feito para favorecer a compreensão de nossa sociedade: contextualizar os fatos e inserir a operação do Hamas no tecido temporal da questão Israel-Palestina.

O contexto, basicamente, é o de um regime de apartheid, mantido desde 1948. Israel, autodefinido como Estado judeu, é o soberano direto ou indireto sobre a população judaica e palestina, dominando e oprimindo sistematicamente a segunda enquanto favorece a primeira, exatamente, como o regime branco da África do Sul do apartheid fazia. A lógica é a judaização/despalestinização ou colonização de todo o território. Conforme a teoria dos direitos humanos, expressa no preâmbulo da Declaração Universal, se esses não vigoram, as populações subalternizadas se veem forçadas a recorrer à revolta e rebelião. É evidente que um regime de apartheid é um regime de violação sistemática desses direitos, à medida que para manter a dominação de um grupo racial sobre outro o oprime sistematicamente, cometendo atos desumanos como assassinatos, tortura, censura, prisões arbitrárias, limpeza étnica, genocídio, danos físicos e mentais, desapropriação, etc. Israel, ao se intitular legalmente como Estado judeu em território multinacional, promove a discriminação, criando hierarquias de direitos.

A situação remonta à fundação de Israel. Para viabilizar uma maioria judaica, em 1948, recorreu a uma limpeza étnica massiva, já que cerca da metade da população de seu território reivindicado, ao menos até então, era de palestinos, que detinham cerca de 90% das propriedades fundiárias, o que reflete a origem imigrante da maioria dos sionistas que estavam na Palestina. Onde estão esses refugiados e seus descendentes? Gaza, Cisjordânia, países vizinhos e restante do mundo. Totalizam mais de cinco milhões. Mais de dois terços da população de Gaza é de refugiados do sul de Israel, que conforme a resolução 194 da ONU têm o direito de retornar para suas terras e as reaver, onde hoje é Israel. 

Em 1967, Israel expande seu território, conquistando a Faixa de Gaza e Cisjordânia, além de territórios do Egito e Síria. Inicia um processo de colonização também nessas porções da Palestina histórica. A Organização para a Unidade Africana, antecessora da União Africana, passa a denunciar a colonização israelense como análoga ao regime de apartheid na África do Sul que, aliás, mantinha relações de amizade e aliança com Israel. Resoluções da Assembleia Geral da ONU expressam esse mesmo entendimento, assim como muitos intelectuais que também denunciam esses paralelos. Inclusive, nos anos 1970, uma resolução da ONU equivale sionismo a racismo.

Em 2007, enterrada a esperança suscitada com o processo de paz de Oslo, praticamente, inicia-se o debate internacional sobre Israel cometer o crime de apartheid a partir do relatório publicado por John Dugard, então relator especial designado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados. Desde então, seus sucessores e diferentes órgãos da ONU, comissões, ONGs e intelectuais defenderam essa tese que, como consta no relatório da Comissão Econômica e Social para a Ásia Ocidental (ESCWA), de 2017, já está para além de qualquer dúvida razoável. 

Em suma, se vigora apartheid, vigora a violência e não a paz e o respeito aos direitos humanos. Logo, fechados os canais de oposição legal, resta, lamentavelmente, o recurso dos oprimidos à rebelião. Para um aprofundamento do entendimento, recomendo a leitura dos relatórios sobre o apartheid israelense publicados, em 2020 e 2021, por duas das maiores organizações de direitos humanos sobre o tema: Amnesty International e Human Rights Watch.

 

Referências:

 

AMNESTY INTERNATIONAL. Iran: Human rights in Iran: Review of 2020/21. 2021. Disponível em: https://www.amnesty.org/en/documents/mde13/3964/2021/en/. Acesso em 18 de outubro de 2023.

 

 

HUMAN RIGHTS WATCH. Israel and Palestine – Events of 2021. 2021. Disponível em:https://www.hrw.org/report/2021/04/27/threshold-crossed/israeli-authorities-and-crimes-apartheid-and-persecution. Acesso em: 18 de outubro de 2023.

 

UNITED NATIONS. General Assembly. 194 (III). Palestine – Progress Report of the United Nations Mediator. 1948. Disponível em: https://daccess-ods.un.org/tmp/3158912.06264496.html. Acesso em 18 de outubro de 2023.

 

UNITED NATIONS. General Assembly. 3379 (XXX). Elimination of all forms of racial

discrimination. 1975. Disponível em: https://daccess-ods.un.org/tmp/3109523.35596085.html. Acesso em: 18 de outubro de 2023

 

UNITED NATIONS. ESCWA Anual Report 2017. 2017. Disponível em https://archive.unescwa.org/publications/annual-report-2017. Acesso em: 18 de outubro de 2023. 

 

*Formado em história pela UFPR, com mestrado pela UEM e doutorado na USP no programa “Humanidades, direitos e outras legitimidades”. Atualmente, é professor no Departamento de História da UFPR.

Ponta Grossa realiza Conferência Extraordinária da Cidade

0

Novos membros do Conselho da Cidade foram eleitos para os próximos três anos

A Prefeitura Municipal de Ponta Grossa promoveu a Conferência Extraordinária Municipal da Cidade na última quinta-feira (19) por meio do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPLAN). O evento ocorreu no Centro de Educação Ambiental do Parque Lago de Olarias a partir das 17H.

Com o tema “O Plano Diretor Municipal e a Participação Social” e com o lema “O Papel do Conselho Municipal da Cidade”, o professor Márcio José Ornat, do curso de Geografia da Universidade Estadual de Ponta Grossa, realizou uma palestra sobre a importância da participação popular por meio do Conselho no acompanhamento do Plano Diretor vigente e respectivas atualizações.

O presidente do IPLAN, Celso Sant’Anna, fala sobre a importância da Conferência. “Ela permitiu o debate sobre a atuação do Conselho da Cidade e a eleição e a homologação dos representantes que farão o acompanhamento do desenvolvimento de Ponta Grossa pelos próximos três anos”, explica.

Assegurado pela Lei Federal 10.257/2001, que regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, o Plano Diretor é um instrumento básico para o desenvolvimento da cidade. Ele organiza o território municipal e garante: direito à cidade sustentável, gestão democrática, planejamento para desenvolver a cidade, controle e uso do solo, complementação e integração entre atividades urbanas e rurais e recuperação e preservação do meio ambiente.

O professor Márcio José Ornat reforça a importância da participação popular no acompanhamento do Plano Diretor. “Não pode existir Plano Diretor sem democracia. Não existe Plano Diretor sem participação da sociedade civil”, afirma.

Instituído pela Lei Municipal 12.223/2015, o Conselho Municipal da Cidade avalia, propõe, debate e aprova a política de desenvolvimento urbano em conjunto (governo e sociedade civil) em cada esfera da federação.

 

Composição atual do Conselho da Cidade

  1. Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Ponta Grossa (IPLAN): Celso Augusto Sant’Anna e Karla Volaco Gonzalez Stamoulis.
  2. Procuradoria Geral do Município (PGM): Márcio Henrique Martins de Rezende.
  3. Secretaria Municipal de Infraestrutura e Planejamento (SMIP): Luiz Henrique de Souza Honesko e Luis Eduardo de Souza Chociai.
  4. Secretaria Municipal da Família e Desenvolvimento Social (SMFDS): Aline Ramos Esperidião e João Alfredo Horst Neto.
  5. Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA): Sandro Rafael Bandeira.
  6. Secretaria Municipal de Cidadania e Segurança Pública (SMCSP): Juarez Alves e Renato Adriano Araujo Manfredini.
  7. Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional (SMICQP): Michel João Haddad Neto e Jeferson Cruz Dias.
  8. Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Ponta Grossa (AEAPG): Sérgio Augusto Wosgrau.
  9. Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa (ACIPG): Gabriel Matheus de Jesus Stallbaum e Leandro Borges Marinho.
  10.  Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR): Gabriel Dib.
  11.  Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA/PR): Margolaine Giacchini.
  12.  Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG): Márcio José Ornat e Andrea Tedesco.
  13.  Ordem dos Advogados do Brasil – Ponta Grossa (OAB/PG): Igor Sporch da Costa e Bruno Krubniki.
  14.  Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Ponta Grossa (CDEPG): Roberto Pelissari e Ricardo Pimenta da Silva.
  15.  União das Associações de Moradores de Ponta Grossa (UAMPG): Sérgio Ferreira Doszanet.
  16.  União por Moradia Popular Ponta Grossa e Região (UMPPG): Gerveson Tramontin Silveira.
  17.  Associação dos Deficientes Físicos de Ponta Grossa (ADFPG): Luiz Marcondes das Dores.
  18.  Observatório Social Ponta Grossa (OSPG): Ali Mustapha Ataya e Elen Cristina Ferraz.
  19.  Sindicato Dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Ponta Grossa (SINDUSCON/PG): Lúcio Paulo Rogoski.
  20.  Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP): Priscilla Garbelini Jaronski.

 

Por Gabriela Oliveira

Jornalismo UEPG defende a transparência na Câmara de Ponta Grossa

0

O Departamento de Jornalismo, o Programa de Pós-Graduação em Jornalismo e o Centro Acadêmico de Jornalismo João do Rio, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), vêm a público manifestar a preocupação com a garantia do princípio de transparência no poder público diante da proibição da Câmara Municipal de Ponta Grossa de transmitir pelas redes sociais os depoimentos referentes à Comissão Parlamentar Processante (CPP) sobre o vereador Celso Cieslak (PRTB). As oitivas iniciaram em uma sessão realizada na quarta-feira (18/10) e, de acordo com o Sindicato dos Jornalistas do Paraná, a cobertura sobre o assunto foi prejudicada porque não houve aviso prévio à imprensa sobre a sessão e nem acesso às informações por meio da transmissão.

Em junho deste ano, uma operação policial deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) revelou um esquema de corrupção e irregularidades em licitações na área da saúde em Ponta Grossa. O vereador Celso Cieslak, que estava em seu segundo mandato, foi afastado do cargo por decisão judicial.

A Câmara Municipal transmite sessões e outros tipos de eventos pelos espaços mantidos no Youtube e no Facebook, além do site institucional, garantindo à população o acompanhamento das discussões e das deliberações que afetam a população da cidade. Assim, por se tratar de tema de interesse público, docentes e estudantes de Jornalismo defendem a necessidade de transparência na Câmara acerca da CPP da saúde, de modo a assegurar o acesso a informações à imprensa e à comunidade. É de fundamental importância lembrar que o respeito à lei da transparência e acesso à informação na administração pública é um compromisso de todo e qualquer gestor, seja no poder executivo, judiciário ou legislativo.

Violência contra a pessoa idosa soma mais de 1.200 casos no Paraná

0

No marco dos 20 anos do Estatuto da Pessoa Idosa, políticas de combate à violência precisam ser aprimoradas

 

De acordo com a Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, foram feitas mais de 1.200 denúncias de violência contra pessoas idosas em 2023 no Paraná. A professora e ex-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa em Ponta Grossa  Maria Iolanda de Oliveira, ressalta que muitas pessoas idosas passam por violência e não conseguem denunciar e muitos médicos e enfermeiros não sabem identificar a violência nas consultas, “O lugar mais fácil de identificar as violências são nos atendimentos médicos, mas nem todo profissional sabe identificar e denunciar”, relata.

A professora ainda destaca como problema a falta de delegacias e varas criminais especializadas em violência contra idosos no Brasil, “Não ter delegacias especializadas dificulta as denúncias de violência contra a pessoa idosa”, observa. As denúncias de violência física, discriminação, acesso à saúde e abandono devem ser feitas ao Disque Denúncia – 181.

O Estatuto da Pessoa Idosa, documento que busca a valorização da pessoa idosa na sociedade brasileira, completa 20 anos no mês de outubro de 2023. Ao destacar a importância do Estatuto, Maria Iolanda apresenta uma crítica ao modo como se entende os direitos da pessoa idosa: “Uma parte da sociedade brasileira pensa que a pessoa idosa só precisa de baile, bingo e bolo”. Ela lembra que o estatuto garante o acesso à saúde, assistência, cultura, lazer, esporte, previdência, habitação e outros serviços e direitos. Ou seja, o dever de garantir os direitos básicos às pessoas idosas é da família e do Estado.

 

Os Estados brasileiros têm como meta de investimentos os condomínios com acessibilidade para pessoas idosas. O primeiro condomínio foi criado em 2014 na cidade de João Pessoa, na Paraíba. O conjunto habitacional tem o intuito de garantir a acessibilidade e a moradia da pessoa idosa, que não tem onde morar ou mora com a família, que pode ser responsável pela violência ou abuso psicológico e financeiro. Na cidade de Ponta Grossa existe um projeto para a construção do condomínio, que terá cerca de 40 casas, o que não atende a demanda existente na cidade. Segundo a  ex-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa em Ponta Grossa, cerca de 12% da população da cidade tem mais de 60 anos e apenas 5% conseguem ter acesso aos direitos que o Estado fornece.

 

Por Amanda Grzebielucka