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Invisibilidade da Saúde Mental Materna

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O esgotamento mental materno é pouco falado, mas muito vivenciado pelas mães.

 

De acordo com dados da pesquisa  “De Mãe em Mãe”, realizada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), mais de 90% das mães brasileiras vivenciam esgotamento mental. Outros estudos desenvolvidos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), revelam que cerca de 26,3% das parturientes apresentam sintomas de depressão pós-parto. 

 

A costureira Patrícia Bahls, 48 anos, é uma dessas mães que vivenciou o esgotamento mental e a depressão pós-parto com seus dois filhos. Segundo ela, parecia que todo aquele amor que sentia durante a gravidez havia sido arrancado dela. “Eu me sentia destruída, feia, abandonada, e sem apoio nenhum, eu olhava para a criança, logo após ter o filho, e não tinha amor por ela, para mim era apenas uma criança”. 

A psicóloga perinatal e representante-regente da Campanha Maio Furta-Cor, Nicolle Fontanela, explica esse processo. Ouça a seguir.

 

 

Patrícia Bahls com seu segundo filho, Eli. Foto: Natalia Almeida.

Após o segundo parto, Patrícia vivenciou novamente os mesmo sentimentos e traumas, “Não conseguia cuidar da casa, mal conseguia tomar um banho. Não tinha uma rede de apoio, alguém que ficasse ali do meu lado, conversasse comigo, ou um psicólogo, acho que toda mãe deveria ter isso”, argumenta.

Patrícia também falou sobre a saúde mental materna ao longo da vida.  

A agente de saúde Bianca Marcondes, 33 anos, conta que caiu em uma rotina ao cuidar do filho. “Comecei a sentir uma tristeza profunda, qualquer coisinha eu chorava, não aguentava mais ficar em casa, então vi que precisava de ajuda e marquei uma consulta.” Ela ressalta a importância de buscar ajuda assim que uma situação foge de seu controle, e pontua a necessidade de dar mais visibilidade às ações de conscientização, para que todos saibam identificar quando uma mãe está passando por alguma situação de esgotamento mental.  Ouça o relato de Bianca.

Bianca Marcondes e seu filho. Foto: Natalia Almeida.

A psicóloga Nicolle Fontanela explica que a saúde mental materna é o estado de bem estar da mãe, e cuidar da saúde mental e emocional dessa mulher evita o desencadeamento de muitas doenças e também favorece a qualidade de vida dela e do filho. A profissional afirma que a  saúde mental da mãe influencia diretamente o desenvolvimento físico, emocional e psicológico da criança também.

Como e onde fazer doações para o Rio Grande do Sul

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No dia 27 de abril foram registrados os primeiros alagamentos no estado do Rio Grande do Sul, e três dias depois Porto Alegre já havia aberto os primeiros abrigos da cidade. De acordo com a Defesa Civil mais de 440 municípios do estado foram atingidos. Um mês depois, as chuvas continuam e cada vez a situação fica mais difícil para a população da região. Mesmo com a água abaixando em algumas cidades os danos ainda são incalculáveis. Em todo Brasil mobilizações estão sendo feitas para conseguir donativos, confira abaixo o que doar e os pontos de coleta em Ponta Grossa.

Os Correios do país inteiro estão recebendo doações destinadas para o Rio Grande do Sul de forma gratuita. As doações são transportadas até o estado gaúcho sem custo nenhum para o doador. A prioridade é a doação de água potável, além de material de limpeza seco, ração para pets, cobertores, produtos de higiene entre outros. Alguns materiais específicos estão sendo requisitados, como absorventes para mulheres e fraldas para bebês. Em Ponta Grossa existem dez Agências de Correios, todas aceitando os donativos. 

O Grupo Tacla, rede de shoppings centers do Sul do Brasil, disponibilizou seus imóveis como centro de coleta de donativos. As doações podem ser entregues no Palladium Shopping Center, que fica na rua Ermelino de Leão, 703, em Olarias, e funciona das 10h às 22h. O foco é a arrecadação de roupas de cama e banho, além de itens de higiene pessoal e cestas básicas fechadas.

Outra iniciativa na cidade é o ‘JOIA Solidário’, realizada pela organização dos Jogos Inter-Atléticas de Ponta Grossa (JOIA). As 21 atléticas das universidades da cidade possuem pontos de arrecadação em seus locais de estudo, aceitando roupas e cobertores. A ação encerra em 8 de junho, no Ginásio de Esportes Zukão, onde todos os donativos serão contabilizados.

A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) iniciou a campanha “Criança tem de brincar”, com o objetivo de levar alegria para as crianças que se encontram nos mais de 30 abrigos de Porto Alegre. Os brinquedos podem ser enviados para a Sede da Sociedade de Pediatria do RS, na Av. Carlos Gomes, 328 – Sala 305 – Porto Alegre – RS – CEP 90480-000, onde levarão as doações para os abrigos.

O governo do estado do Rio Grande do Sul reativou o canal de doações SOS Rio Grande do Sul, em que os recursos arrecadados são revertidos para apoio humanitário às vítimas das enchentes e reconstrução das cidades. As doações podem ser feitas por meio da Chave Pix 92.958.800/0001-38.

Para facilitar as doações é necessário que os materiais doados estejam em bom estado e corretamente embalados. Separe os itens por categoria e em caixas ou sacolas com boa vedação, para os alimentos é necessário que não sejam perecíveis e estejam dentro da data de validade e lacrados.

 

Denúncias de violência contra criança e adolescente aumentam no Paraná

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Conscientização não é suficiente para enfrentar a violência 

O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes acontece em 18 de maio. Este ano a campanha Faça Bonito chegou a sua 24° edição em Ponta Grossa. Mesmo com todos os movimentos e conscientização, o número de denúncias de violações contra crianças e adolescentes aumentou entre 2020 e 2023, de acordo com relatório realizado pelo projeto Cadê Paraná – Crianças e Adolescentes em Dados e Estatísticas, do Centro Marista de Defesa da Infância. O estudo teve como base três portais de denúncia sendo eles o Sistema de Informação para a Infância e Adolescência (Sipia), Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e o Disque 100 – Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. 

De 2020 a 2022 o Sinan registrou 444.906  notificações de violências contra crianças e adolescentes e o Disque 100 registrou 575.795 denúncias. O Sipia recebeu 552.872 registros de 2020 a 2023. No período, foram registradas 2.827.032 violações contra crianças e adolescentes.

Segundo o estudo a prevalência de meninas como vítimas de abuso sexual pode ser observada em todas as faixas etárias, considerando todos os perfis de prováveis agressores.Os dados do Disque 100 apontam que 84% dos cenários de violência sexual física e psicológica contra crianças e adolescentes tem como agressor alguém da família. 

A professora de serviço social da UEPG, Danuta Cantoia, foi a coordenadora da semana de enfrentamento às violências contra crianças e adolescentes realizada na universidade em 2024. Ela afirma que enfrentar a violência não tem relação com aumentar o policiamento, legalizar o porte de armas ou construir mais cadeias. “Existe uma estrutura por trás da violência que não se resolve a partir dessas ações: a desigualdade”, esclarece. Danuta explica que o Brasil é marcado historicamente pela desigualdade, e altos índices de desemprego, fome e miséria apenas agravam o problema. “Crianças e adolescentes estão presentes neste sistema desigual, então investir estruturalmente na sociedade para enfrentar a desigualdade é o principal”, destaca.

A professora frisa que a violência não se apresenta apenas em situação de pobreza, ela também está presente nas camadas mais altas da sociedade. Ao falar de Ponta Grossa a pesquisadora ressalta o maior desafio da região: o que significa ser criança e adolescente. “A criança na sociedade é considerada um objeto, não um sujeito em formação com direitos e deveres”, lamenta. Danuta expõe que ao tratar as crianças como “pertences” a violência passa a ser socialmente aceita. Ela finaliza dizendo que o primeiro desafio é compreender a criança como um sujeito em desenvolvimento, que possui necessidades de cuidados especiais.

Para denunciar basta ligar para o Disque 181, que o registro será feito de forma anônima para a Secretaria de Segurança Pública do Paraná. Também é possível fazer as denúncias para o Sipia, Sinan e Disque 100 citados no texto. As denúncias podem ser feitas por qualquer pessoa, vítima ou testemunha de situações de violência.

 

Campanha Maio Furta-Cor conscientiza a população sobre a saúde mental materna

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O mês de maio é marcado por ações pela conscientização e promoção de saúde mental nos calendários municipais e estaduais

A saúde mental materna é uma questão de saúde pública e diz respeito a todos. Foto: Onda Maio Furta-Cor Ponta Grossa

O Maio Furta-Cor é uma campanha comunitária sem fins lucrativos que busca conscientizar e sensibilizar a população para a causa da saúde mental materna. Este ano, a campanha tem como slogan “Uma mãe leva outra”. O movimento acontece desde 2021 e visa implementar políticas públicas de apoio às mães e trazer ações de conscientização. A campanha conta com mais de 400 representantes, que estão presentes em cinco continentes e em mais de 14 países. 

A representante do Maio Furta-Cor em Ponta Grossa, que também é doula e educadora perinatal, Juliane Gibala, fala sobre a campanha e maneiras de prevenir o adoecimento mental materno. “Precisamos fazer com que a comunidade pare de romantizar a maternidade e olhar para essas mães, mostrar que a gente se preocupa com o que acontece com elas porque isso influencia diretamente na construção da sociedade”. Segundo ela, o Maio Furta-Cor é uma forma de trazer essa percepção para a sociedade, ocupando todos os espaços possíveis, visto que a saúde mental materna é um assunto para todos, não só para as mães. “A gente não fala para as mães, mães já sabem disso, estamos falando para os maridos, para os adolescentes, para quem não quer ser mãe”, afirma. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que uma em cada cinco mulheres terá um episódio de saúde mental durante a gravidez ou até um ano após o nascimento do bebê. Outro estudo realizado pela fundação britânica Parent- Infant aponta que uma em cada dez mulheres apresenta dificuldade em criar vínculos com seus bebês. Cerca de 73% dessas mulheres não recebiam orientações sobre como enfrentar essa situação e estabelecer conexões verdadeiras entre mãe e filho, esse é um problema que a campanha tenta evidenciar.

A educadora perinatal relata que podemos diminuir o adoecimento mental materno criando programas de prevenção, como um pré-natal psicológico com protocolos atualizados e políticas públicas que atendam também mulheres em situação de vulnerabilidade. Além disso, é importante ouvir essas mulheres e olhar para cada uma com sua individualidade, sem comparação. 

A psicóloga perinatal e representante-regente da Campanha Maio Furta-Cor, Nicolle Fontanela, destaca que as políticas públicas servem de ferramentas para implementar mudanças progressivas na sociedade. E falar sobre a saúde mental materna ajuda a evidenciar a necessidade de promoção, prevenção e tratamento do adoecimento das mães. Nicolle pontua que isso pode ser feito a partir da capacitação de profissionais que já estão no atendimento às gestantes e mães no pós parto. “Essa capacitação pode ser feita para saberem rastrear possíveis transtornos mentais como depressão e ansiedade nas mães e assim encaminhá-las para o tratamento adequado”, explica.

Em Ponta Grossa, o Maio Furta-Cor conta com programações até o fim deste mês. Os próximos eventos podem ser conferidos no Instagram da campanha, @ondafurtacorpontagrossa

 

Nos próximos dias, o Elos trará o relato de mães que vivenciaram a invisibilidade da saúde mental materna.

Por Pietra Gasparini e Natália Almeida 

Pesquisadora desenvolve um manual de boas práticas jornalísticas para auxiliar no combate à bifobia

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No último dia 08, a mestranda em Jornalismo, Jéssica Danielle de Carvalho, defendeu sua dissertação no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que teve como título: “Bissexualidade em pauta: caminhos para práticas jornalísticas monodissidente”. 

  Com o objetivo de analisar a forma como a bissexualidade é retratada pelo jornalismo brasileiro, observando também as percepções de pessoas bissexuais sobre o tema, o trabalho questionou aspectos sobre os pontos em destaque na cobertura jornalística, lacunas, equívocos e preconceitos evidenciados. A pesquisa realizada também sugeriu um manual de boas práticas para coberturas jornalísticas relacionadas à bissexualidade, levando em consideração a ideia de construir um jornalismo anti-bifobia, que, conforme apresentou a estudante, não é uma tarefa exclusiva de repórteres e pessoas que atuam no dia a dia da notícia, mas é responsabilidade de toda a sociedade.

  A dissertação trabalhou com entrevistas semi-estruturadas, levando em consideração, na seleção das pessoas entrevistadas, a atuação acadêmica e/ou política em torno do tema, diversidade geográfica, racial e de gênero. A mestranda selecionou seis pessoas, das cinco regiões do Brasil, para dar seus respectivos depoimentos.

  O trabalho também realizou uma pesquisa exploratória no Portal de Teses e Dissertações da Capes. No levantamento, considerou termos como “bissexuais” e “bissexualidade”. Nesse percurso, realizado em 2022, foram catalogados 318 trabalhos, sendo 101 pesquisas que focam especificamente na bissexualidade e/ou em pessoas bissexuais, totalizando 31,7%, não sendo encontrado, no momento da busca, nenhum trabalho realizado em Programas de Pós-Graduação em Jornalismo.  

    A partir do estudo desenvolvido, a expectativa é que o manual elaborado possa colaborar com pesquisadoras (es), jornalistas e grupos interessados em discutir as questões da bissexualidade. A versão definitiva da dissertação estará disponível no repositório da biblioteca da UEPG em prazo de 60 dias após a defesa. 

Defensoria Pública de Ponta Grossa lança ação para mulheres

Defensoria com Elas contou com orientações jurídicas e agendamentos na área de direito da família

 No dia 26 de abril , na sede da Defensoria Pública de Ponta Grossa, aconteceu pela terceira vez a ação Defensoria com Elas. Foi um dia inteiro voltado para tratar de assuntos como divórcios, pensão alimentícia, encaminhamento para cumprimento da Lei Maria da Penha e orientações jurídicas para mulheres da cidade de Ponta Grossa e região que precisassem de auxílio.

   A defensora pública Raísa Bakker relata que o objetivo desse mutirão voltado às mulheres é incluir a Defensoria Pública (DPE) na rede de proteção à mulher. “Seja ela cis, lésbica ou trans, educando em direitos e na formação de lideranças locais da rede”.

Foto: Luiz Miguel Lemos

   Ao todo, 20 mulheres procuraram resolver problemas pendentes através do mutirão. As mulheres que foram atrás de auxílio após sofrerem violência doméstica foram encaminhadas para a Casa da Mulher de Ponta Grossa, onde vão receber o devido acolhimento com atendimento psicológico e social.

   Uma das mulheres atendidas durante o dia, que preferiu não se identificar, explica como foi o atendimento dos funcionários e advogados da Defensoria. “Fui bem recebida, bem acolhida e bem informada, os profissionais são totalmente capacitados para resolução dos problemas”. Além disso, ela considera a importância da ação da defensoria em forma de mutirão para dar suporte às mulheres que estão precisando de ajuda juridicamente. 

   A ação foi divulgada pelas redes sociais do DPE do Paraná e foi assim que a maioria das mulheres que participaram desse dia ficaram sabendo do serviço. Segundo a defensora Raísa Bakker, ainda não há previsão para a próxima edição da Defensoria com Elas.

 

Em busca de um jornalismo interseccional e inclusivo

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Projeto de extensão da Universidade Federal do Mato Grosso investe em um jornalismo antirracista e feminista

 

Jornalismo Feminista e Antirracista: vivências na extensão foi o tema do debate ministrado pela professora de Comunicação Social na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Tamires Coêlho aos estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A professora defende que o jornalismo deve ser feito de forma diferente e que há uma grande dificuldade no meio jornalístico em ouvir e dar voz aos segmentos minorizados. “Todos têm voz, a dificuldade é ser escutado pela mídia”, diz a jornalista, professora e pesquisadora.

O debate abordou como a disciplina de Extensão em Jornalismo funciona no curso da UFMT e as dificuldades em dar visibilidade às pessoas negras, LGBTQIAPN+, indígenas, mulheres e trabalhadores informais na mídia. 

Para trabalhar a inclusão na formação de estudantes de jornalismo, a professora coordena o projeto de extensão Pauta Gênero, ou Observatório de Comunicação e Desigualdades de Gênero, que busca abordar esse potencial transformador da imprensa. “Fazer um jornalismo antirracista e feminista, fugindo da misoginia e machismo, é possível”, garante Tamires. 

O projeto Pauta Gênero tem o objetivo de defender os Direitos Humanos e lutar pela perspectiva interseccional dentro da sociedade, a partir de produções de notícias e reportagens, análises e do Pautacast, um podcast voltado à crítica dos meios de comunicação para a reflexão das desigualdades. O canal do projeto publicou três episódios em homenagem ao Dia da Mulher.

Tamires também critica o papel da mulher na sociedade e no jornalismo. Ela assegura que a mulher é pressionada desde o nascimento a seguir um “modelo de vida” imposto pela sociedade. Para a professora que pesquisa sobre estudos de jornalismo, gênero e interseccionalidades, a mulher é sempre idealizada como dona de casa, mãe e dedicada totalmente aos filhos e marido, sempre priorizando a vida e bem-estar de sua família, nunca o próprio futuro e a profissão.

O projeto de extensão inspirou a criação do projeto de pesquisa Comunicação, Gênero e Mídia, que opera desde 2021 e atua junto às escolas de Cuiabá. Uma das suas frentes de ações é a apresentação de discussões e  oficinas sobre desinformação, gênero e sexualidade realizadas em escolas para estudantes do Ensino Médio, baseadas nas observações do Pauta Gênero. Por meio de análises e pesquisas, debateram com estudantes sobre fake news na política e a relação delas com o estudo sexual e de gênero nas escolas.

Tamires conta que, para tornar a visita nas escolas possível, ela e os participantes do projeto de pesquisa se centraram na abordagem de produção de fake news. Transparecendo que ainda há dificuldade em abordar temas interseccionais em escolas e universidades e evidenciando os preconceitos enraizados na sociedade brasileira até hoje, assim como afirma a professora.

O debate na UEPG ocorreu na quarta-feira (08) à tarde, na sala D-110 do Campus Central. Para conhecer mais sobre o projeto acesse: Linktree do Pauta Gênero.

 

Por João Pimentel

Caso Carlos Teixeira

Há poucos dias o caso do adolescente que perdeu a vida em decorrência de
agressões por bullying veio à tona e torna-se impossível que o caso não choque a todos por
tamanha tragédia. Adolescentes envolvidos em um crime, onde um deles teve sua vida
interrompida. É importante levar em conta que a prática do bullying fala diretamente sobre o exercício de poder, prática que é incentivada em muitos âmbitos da sociedade desde os
primórdios por adulto, logo, é reproduzida por crianças e adolescentes.
Vivemos em uma sociedade que normaliza esse jogo, localizado em persuasão,
maltrato, humilhação e agressão no âmbito profissional, estudantil e até mesmo no âmbito
familiar, sempre direcionando para figuras que apresentam maior fragilidade, ou ainda,
direcionado aquilo que foge à regra.
Quando pensamos sobre o bullying propriamente dito, ouvimos pessoas justificando:
“Sempre houve, na minha época não era bullying! Era normal apelidar e provocar!”. Não é
estranho que um trato degradante a outro ser humano seja normalizado e até mesmo
defendido por algumas pessoas como algo saudável e que faz parte da socialização?
A verdade é: Todos queremos uma identidade própria, mas ninguém quer ser vítima
de bullying. Na era atual ganhamos filtros digitais, cirurgias, entre outras intervenções para
nos adequarmos ao “normal” pois fugir a regra e assumir o lugar próprio de quem se é,
distanciado da massa, pode ser libertador mas escancara o risco de ataque.
É importante a delimitação: É normal a vivência de qualquer condição a qual eu
sobrevivi ou estamos falando sobre vivências, pessoas, condições, intenções e
comportamentos diferentes? Ter sido uma vítima sobrevivente não deve nos fazer apto para validar ou ainda, desvalidar o sofrimento do outro. O bullying, quando faz parte do
desenvolvimento da personalidade de alguém, imprime marcas irreparáveis no psiquismo.
Em psicanálise utilizamos de algumas teorias para compreensão do ser e das
relação. Sendo a prática de bullying vista como um sintoma, compreendemos-a como um
mecanismo de projeção. Para que eu possa ser perfeito e assegurar minha perfeição,
preciso jogar o imperfeito, feio, ruim e errado ao outro, só assim posso conviver com minhas diferenças e inseguranças, projetando-o aos outros para que possa fingir que não estão em mim.
Através dessa separação, exemplificando de forma simples como: “Você é feio e eu
sou bonito!” A criança ou adolescente inicia sua separação de quem é e o que deseja vir a
ser, além de demarcar seu espaço como de alguém mais valoroso. Havendo uma
orientação falha, essa separação pode se dar de forma violenta.
O caso do adolescente Carlinhos chama atenção para diversos pontos: Há uma
vítima fatal e outros adolescentes envolvidos, que são localizados como autores da
violência. Além deles, há testemunhas, incluindo adultos.

É importante conceitualizar ainda que vítima e autores são pessoas em condição de
desenvolvimento, sendo assim dependem de um olhar atento visando cuidado, orientação e
ainda a redução de fatores de risco. Quem insere a criança e o adolescente, a linguagem,
afetividade, socialização, instrui sobre como relacionar-se com outras pessoas e ainda os
orienta sobre certo e errado são os adultos.
Crianças e adolescentes necessitam de auxílio para lidar com seus impulsos, seus
sentimentos e comportamentos, sendo um perigo simplificar tal questão na criminalização
os “autores” e desconsiderar um contexto que favorece a prática da violência e muitas
vezes ainda, contextos de omissão por parte de adultos que realmente devem se
comprometer na instrução e acolhimento de crianças e adolescentes inseridos em contextos de bullying.

 

Amanda Chaves Orza – Psicóloga e psicanalista

UEPG realiza 1º Seminário de Capacitação em Habitação de Interesse Social e Direito à Cidadania

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O objetivo é o debate sobre o acesso à moradia digna e ao desenvolvimento urbano

 

 A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) foi sede do 1º Seminário de Capacitação em Habitação de Interesse Social e Direito à Cidadania. O evento ocorreu no Grande Auditório do campus central nos dias 19 e 20 de abril. A organização foi da União por Moradia Popular na cidade de Ponta Grossa em parceria com o Grupo de Estudos Urbanos e Regionais (GEUR) da UEPG.

 O Seminário visou o debate e a capacitação em questões fundamentais relacionadas ao acesso à moradia digna e ao desenvolvimento urbano. Houve a reunião de especialistas, representantes de órgãos públicos e a comunidade em geral. No dia 19 de abril, estiveram em uma mesa de debate, com direito a fala de cerca de 20 minutos e, posteriormente, o público presente teve direito a questionamentos.

 Um dos fundadores do movimento União por Moradia Popular de Ponta Grossa (UMPPG), Geverson Tramontin, fala sobre o desejo de que sejam realizadas outras edições do Seminário. “Pretendemos mobilizar diversos segmentos de interesse da cidade, especialmente, da moradia. Se possível, queremos realizar um por ano para fomentar o debate na cidade”, comenta.

 Vale ressaltar que o direito à moradia é assegurado pela Constituição Federal de 1988, sendo uma competência comum da União, dos estados e dos municípios. A eles, conforme aponta o texto constitucional, cabe “promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico”.

O ativista político Cleyton Reis destaca a importância da realização do Seminário na cidade. “É uma oportunidade de debater sobre os direitos que todos os cidadãos possuem. A sociedade precisa se atentar aos direitos fundamentais que são a moradia digna e o acesso à inclusão que a cidade pode proporcionar aos seus habitantes”, diz.

 No último dia do evento (20), houve outra mesa de debate com a participação de autoridades, integrantes de movimentos sociais por moradia e membros do judiciário sobre os problemas de habitação em Ponta Grossa e possíveis medidas a serem encaminhadas para o poder público.

Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurobiológica caracterizada por desafios na interação social, na comunicação verbal e não verbal, e por padrões repetitivos de comportamento. Descrito pelo DSM-V (2018), como um dos Transtorno do Neurodesenvolvimento, caracterizado pelas dificuldades de comunicação e interação social e também os comportamentos restritos e repetitivos, pode ser definido como uma síndrome comportamental que compromete o desenvolvimento motor e psiconeurológico, dificultando a cognição, a linguagem e a interação social do sujeito.

 

Por se tratar de um espectro, compreende-se que há um conjunto de informações desordenadas relacionadas ao neurodesenvolvimento, ou seja, indivíduos com TEA, conforme menciona o DSM-V (2018), apresentam dificuldades nas manifestações motoras, como realizar movimentos de coordenação motora fina e no aprendizado de habilidades motoras complexas. Apresentam discursos repetitivos, reação exagerada a estímulos externos, interesse intenso por alguns estímulos ao redor, rigidez extrema ou rituais relacionados com cheiros, texturas e aparência da comida.

 

Pessoas com TEA não conseguem compreender o que as outras pessoas estariam pensando, o que poderia explicar os graves prejuízos na interação pessoal, também demonstram incapacidade ou falhas em realizar meta-representações (o fazer de conta), principalmente aquelas pessoas no polo menos funcional do espectro. Confirmado pelo DSM-V (2018), tal transtorno causa prejuízos na interação social, alterações importantes na comunicação verbal e não-verbal e padrões limitados ou estereotipados de comportamentos e interesses.

 

Para se chegar ao diagnóstico de TEA, o sujeito deve passar por avaliação neuropediátrica/neurológica e, posteriormente, pela avaliação psicológica, para que se confirme a hipótese diagnóstica do primeiro profissional. O diagnóstico é apoiado pelo Código Internacional de Doenças, décima edição (CID-10) e pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5. O referido diagnóstico é concluído por meio de observação clínica e de dados fornecidos pelos pais ou responsáveis, por anamnese e com a utilização de instrumentos de rastreamento, visto que não existem marcadores biológicos que definem o quadro.

 

Érica Cíntia Roscosz

Psicóloga institucional no Serviço em Centro Dia na Associação de Proteção aos Autistas de Ponta Grossa.