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Jornalismo, responsabilidade e violência contra a mulher

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Em termos meramente técnicos, fazer jornalismo é levar informações relevantes e corretas para a sociedade. Olhando assim, parece simples: basta levantar, checar e transmitir fatos sobre um assunto.

É só pensar na quantidade de pessoas que formam suas opiniões e visões de mundo a partir do que leem, ouvem ou assistem nos noticiários para entender que não é assim tão fácil. Fazer jornalismo envolve ter responsabilidade sobre o que se levanta, checa e, principalmente, transmite ao público.

Manchetes e reportagens são poderosas. Elas podem reforçar preconceitos sobre um tema ou ajudar a desfazê-los.

A violência contra as mulheres, por exemplo, é um assunto cercado de pré-julgamentos. Quem nunca ouviu alguém dizendo “ela mereceu”? Ou homens justificando seus atos dizendo que foi um “momento de loucura”? A cobertura da imprensa sobre esses crimes pode acentuar ou enfraquecer essas narrativas.

O jornalismo parece ter escolhido a primeira opção. Segundo levantamento do Instituto Patrícia Galvão divulgado em novembro de 2016, a maior parte da cobertura da imprensa sobre casos de feminicídio minimiza o comportamento do assassino ou dá a entender que alguma atitude da vítima provocou a violência.

Ao destacar os discursos que tentam justificar os crimes, o jornalismo contribui para que a sociedade continue vendo a violência contra a mulher de forma superficial e aceitável, quando ela precisa ser vista como uma violação a direitos humanos a ser exposta e combatida.

Não se trata de transformar reportagens em campanhas pelo fim da violência contra a mulher. Mas é preciso relatar os fatos com profundidade e olhar crítico, sem cair na tentação de apenas reproduzir declarações e visões parciais de mundo.

Fazer jornalismo responsável é uma forma de defender os direitos humanos. Se não por consideração à sociedade, que seja por auto-preservação. Afinal, a atividade só existe enquanto um direito humano fundamental — a liberdade de expressão — existir e for respeitado.

Marina Iemini Atoji é jornalista formada pela ECA-USP. Desde 2011, é gerente executiva da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), onde coordena projetos e ministra treinamentos sobre acesso a informações públicas. Já trabalhou na ONG Transparência Brasil como editora e pesquisadora no projeto Excelências, banco de dados sobre congressistas brasileiros.

ENSAIO: A LUTA NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

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A equipe do Elos realizou um ensaio fotográfico livre das mulheres no Dia Internacional da Mulher na cidade de Ponta Grossa. Confira as fotos realizadas no dia 08 de março de 2018.

VÍDEO: MARCHA DAS MULHERES EM PONTA GROSSA

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A Equipe do Elos acompanhou a “Marcha das Mulheres”, durante a tarde do dia 8 de março, para saber como essas mulheres enxergam a luta.

Confira o vídeo:  https://www.youtube.com/watch?v=4fr05VYxAsA&t=26s

“Juntas somos mais fortes”: a luta das mulheres pontagrossenses

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Ana Luisa Vaghetti e Jaqueline Andriolli

 

Foto: Matheus Rolim

No dia 8 de março, um ato de luta e resistência tomou conta da Praça dos Polacos, no centro de Ponta Grossa, distante cerca de 100km da capital Curitiba. A tarde teve início com a concentração das representantes do Sindicato dos Trabalhadores de Educação Pública do Paraná (APP – Sindicato Ponta Grossa), seguida de declamação de poemas e apresentação do Coral Canta APP, que atua há doze anos na cidade. “É dia de sair de casa, dia da mulher ocupar o lugar que sempre foi dela, dia de lutar e estar nas ruas”, afirma a aposentada de 66 anos e integrante do Coral, Maria Begair Ciqueira.

O grupo Sororidade Minas PG organizou uma Marcha das Mulheres, no final da tarde, que seguiu da praça em direção ao terminal central da cidade. O ato foi marcado por gritos de luta, cartazes e músicas feministas. A manifestação contou com mulheres de diversas idades e representantes de mais de 19 entidades e organizações do município. “Eu luto para alcançar a igualdade, ser o que eu quero ser e não o que a sociedade impõe para mim ou espera que eu seja”, defende a estudante de 15 anos e representante do coletivo Kizomba, Giulia Paolla.

A origem do Dia Internacional da Mulher está relacionada com a luta de mulheres para melhores condições de trabalho, no fim século 19. As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas diárias e os salários baixos levaram as mulheres de vários países a reivindicar melhores condições e o fim do trabalho infantil na época.

Foto: Matheus Rolim

O marco para as lutas femininas foi o incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York, em 1911, onde cerca de 130 operárias morreram. Mas foi só a partir dos anos 1960 que a data 8 de março passou a ser escolhida para os protestos a favor da igualdade de gênero. No Brasil, a data também foi representada por protestos durante a Ditadura Militar de 1964. Até que em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.

Em Ponta Grossa, a primeira Marcha de Mulheres no dia 8 de março aconteceu em 2017. No ano passado, a marcha foi organizada pelo evento 5º Colóquio Mulher e Sociedade, promovido pelo Grupo de Jornalismo e Gênero, do Curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e por trabalhadoras rurais pertencentes ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Como mulher do MST, a luta é contra o machismo e com a sociedade externa, que vê a mulher do movimento como masculinizada e que não tem amor na família, eles não conseguem traduzir a mulher de força. É uma luta por educação, por inclusão, respeito e igualdade”, afirma a representante do MST, de 36 anos, Adriana Prestes.

Foto: Erica Fernanda

Representantes de entidades da cidade também estão na luta para implantar legalmente um Conselho Municipal que defenda os direitos das mulheres. Inativo desde 2007, o Conselho ainda não está estruturado conforme as leis municipais. A presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres, Roselia Ribeiro, explica que um projeto de lei já foi elaborado para oficializar o decreto que permite a atuação do Conselho em Ponta Grossa. “Nosso objetivo é cobrar e lutar pelos direitos das mulheres, queremos um trabalho em conjunto, pois só alcançamos o empoderamento da mulher a partir da luta coletiva”, destaca Roselia.

* Produção compartilhada com o Portal Catarinas (http://catarinas.info/ e https://www.facebook.com/portalcatarinas/ ), que realizou uma cobertura colaborativa de abrangência nacional do dia 8 de março de 2018.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER CONTA COM DIVERSAS MANIFESTAÇÕES EM PONTA GROSSA

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Nesta quinta-feira, dia 8, é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Em várias cidades do Brasil ocorrem marchas, passeatas e manifestações para marcar a data. No município, a APP Ponta Grossa (Sindicato dos Trabalhadores de Educação Pública do Paraná) e o grupo Sororidade – Minas PG (SMPG), vão contar com algumas programações.

A APP Ponta Grossa chama as pessoas interessadas para a Feira de Economia Solidária, a partir das 14 horas. Após a feira, será feita a abertura com o coral Canta APP, às 16 horas. A partir das 17 horas vai ocorrer A Representação dos Movimentos Sociais e Sindicais. O local dessas programações será a Praça Barão de Guaraúna (Praça dos Polacos).

O grupo Sororidade, fundado no ano de 2016, que acabou integrando-se a diversos coletivos feministas da cidade, vai realizar a Marcha do Dia das Mulheres com concentração às 17h na Praça dos Polacos e saída às 18h até o Parque Ambiental. No parque haverá um microfone para discussões, falas abertas, sarau e música.

O grupo também está promovendo uma campanha de arrecadação durante o mês de março. O objetivo é conseguir produtos de higiene e agasalhos para doar para uma instituição que dá assistência a moradores de rua.

O dia vai ser representativo para a manifestação de lutas das mulheres de Ponta Grossa. Para saber mais informações sobre os eventos, a página do Facebook do SindUEPG está sendo também atualizada com mais programações pela cidade. Confira:

https://www.facebook.com/sinduepg/posts/2077675062504476

Escola: Espaço para discutir justiça social

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Por: Fabiana Andrea Barbosa Kastelijns

 

Ser convidada a refletir e escrever acerca da relevância de se discutir justiça social na escola sabendo que nos mais diversos meios de comunicação inundam nossos lares com notícias como a do homem que ejaculou em uma mulher em um coletivo de São Paulo e horas depois foi solto, mesmo com um histórico reincidente ou com postagem de jovem acadêmico do 10º. Período de Medicina de renomada IES pública do Paraná, na qual ele chamava de “vagabundas” acadêmicas do mesmo curso de outra IES e as assediava da maneira mais grotesca e desumana possível, é um grande desafio.

Ouvir, ver e sentir a sociedade brasileira da modernidade me faz, como educadora, mãe, mulher, humana, sentir que necessitamos urgentemente repensar os diálogos com nossos alunos nas diferentes esferas acerca da humanidade, da justiça, da sociedade. A escola, mais do que nunca, precisa ser um espaço formativo no sentido amplo.

Desde 1996, pós-Lei de Diretrizes e bases da educação, as equipes de educadores das escolas constroem (ou devem construir) junto da comunidade escolar (pais, alunos, funcionários e entorno da escola) os Projetos Políticos pedagógicos destes espaços, nos quais constantemente termos como “formar cidadãos críticos, reflexivos, participativos…” “promovendo a justiça social”…Contudo, basta um olhar para a sociedade para perceber que estas palavras não têm se materializado no entorno escolar (sim, eu sei que não depende apenas da educação, mas a vejo como fundamental neste contexto).

Entre “bases comuns” e “modismos” sinto que nos vamos perdendo enquanto humanos. Entre meritocracias escolares e sociais, vamos investindo em uma competição de cor, gênero, raça, classe social, que se reflete no assalto da esquina, no fake que ofende a seu bel-prazer, no homicídio no andar de baixo de nossos apartamentos, e nós, educadores, parece que estamos inertes, olhando, deitados em berço esplêndido, como se não fôssemos capazes de promover mudanças.

Aqui convoco o bom e velho Freire para nosso diálogo. Ele, nos idos de 60, já afirmava que educar é um ato político. Sempre se está a serviço de algo e alguém. Prefiro pensar que estou, nestes tantos anos de docência, a serviço de meus alunos, a serviço de uma sociedade mais justa, com mais participação ativa dos sujeitos. Preciso, sim, diariamente, levar meus alunos a compreender em minhas aulas a dinâmica social posta, trazer a eles uma opção à cegueira branca cantada por Saramago, dar a eles as armas de Dubet e sua escola justa, ampliar seu repertório, aproximando-os e levando-os refletir sobre a reprodução anunciada por Bourdieu há quase um século, pois assim, e somente assim, farei valer cada linha do Projeto Pedagógico de minha escola, farei jus aos juramentos feitos nas minhas duas formaturas e trarei para os bancos escolares e universitários a chance de a justiça social efetivamente acontecer para as próximas gerações brasileiras.

Conscientização: uma luta de todos

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Na semana em que o Dia da Consciência Negra é celebrado a imprensa felizmente fez o seu papel de divulgar esta luta. O único problema é que o assunto não é apenas para a respectiva semana ou dia, é uma pauta que deveria ser discutida todos os dias, porém não acontece.

Apesar disso, o Paraná TV apresentou duas reportagens bem estruturadas sobre a causa. Não poderia deixar de falar deste fato, mesmo que a produção tenha sido feita na capital do Estado e não em Ponta Grossa. A repórter Dulcinéia Novaes, que expressou a importância da representatividade nesta semana, faz parte da parcela das poucas jornalistas negras no país. Segundo o Perfil do Jornalista brasileiro (2012) a parcela de jornalistas negros no país corresponde a aproximadamente 5% do total.

As reportagens trazem para a discussão o papel dos cidadão e cidadãs negras na sociedade atual, deixando bem claro as dificuldades e desigualdades raciais ainda existentes. Como disse o apresentador do jornal, Evandro Harenza, “as discriminações de gênero e de raça ainda são problemas que afetam a maioria da população”.

A primeira parte da reportagem faz uma colocação importante, a falta de políticas públicas e ações afirmativas para esta faixa da população. A partir dessas e outras constatações a produção contextualiza o público com o dado de que, o Brasil ocupa a 10ª posição no ranking da desigualdade.

Não há como uma produção jornalística tratar deste tema sem esbarrar nas formas preconceituosas com que, muitas vezes, a população age. De forma escancarada as reportagens abordam o racismo impregnado até mesmo nas expressões da linguagem.

A abordagem que a produção jornalística deu aos direitos e dificuldades da população negra contribui para a conscientização que esta é uma causa de todos.

Link das matérias completas:

http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-1edicao/videos/t/ponta-grossa/v/brasil-e-ainda-um-dos-paises-mais-desiguais-do-mundo/6301872/ http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-1edicao/videos/t/ponta-grossa/v/reconhecer-e-combater-a-desigualdade-racial-ainda-e-um-desafio-no-brasil/6303799/

TODO DIA É DIA DE RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS DAS BRASILEIRAS E DOS BRASILEIROS

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Fotos: Antoniella Orlandi e Milena Oliveira
Foto: Matheus Rolim
Foto: Enaira Schoemberger

Artigo II da Declaração Universal dos Direitos Humanos

Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.

Direitos Humanos

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Podcast sobre Direitos Humanos realizado com o professor Volney Santos do departamento de Direito das relações sociais da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

O ‘ciúme’ continua matando e o jornalismo reafirmando

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Primeiramente é importante colocar que o Observatório de Gênero tem por finalidade produzir textos semanais sobre as produções jornalísticas em Ponta Grossa. A partir da perspectiva de gênero coloca-se em discussão, principalmente o conteúdo feito pelas mulheres jornalistas, diariamente nas redações. Dessa forma a busca de conteúdo jornalístico na cidade entre os dias 12 e 18 de novembro, teve 35 matérias, em uma análise inicial.

Do total, apenas uma retratou um tema relacionado a gênero. No entanto, a perspectiva e problematização da situação foi mais uma vez deixada de lado. A reportagem em questão foi produzida pelo Paraná Tv no último dia 14. Ao tratar do julgamento de Paulo Leandro Spinardi <http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-2edicao/videos/t/ponta-grossa/v/ja-dura-mais-de-dez-horas-julgamento-de-spinardi-acusado-de-jogar-ex-namorada-de-penhasco/6288964/>, acusado de matar a ex-namorada, em 2015, a reportagem deixa claro a burocracia quando se trata de crimes desse porte.

Contudo, esse é o único ponto de problematização da temática. Em momento algum o termo feminicídio, que já consta na Lei 13.104/2015, é citado pela repórter e observa-se ainda que a apelação a “motivos”  como ‘ciúme’ aparecem para justificar os crimes contra mulheres. Os mesmos são reproduzidos pelos meios de comunicação no vazio da problematização. O Brasil ocupa a infeliz posição de quinto lugar no mundo entre 83 países que mais cometem feminicídio, a taxa brasileira é de 4,8 assassinatos em 100 mil mulheres (http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/violencias/feminicidio/). A reafirmação de conceitos e justificativas como esas, contribuem diariamente para a desinformação da população e a naturalização de motivos banais em crimes contra a vida de mulheres.