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O jornalismo factual desumaniza e abafa problemas sociais e estruturais sérios

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​É horrível saber que as mulheres são mal representadas nas matérias jornalísticas e esse problema é desagradavelmente vergonhoso para as instituições e o próprio jornalismo. Tendo em vista o grande problema social que elas vivem cabe ao jornalismo como fiscalizador e mediador da sociedade, no mínimo, que é o que a conduta ética exige, dar grande importância para um problema social que é grave e afeta não só as mulheres, embora elas sejam as mais prejudicadas. ​

No dia 09 de outubro, a UEPG teve mais um caso de violência contra a mulher, infelizmente foi mais um caso, e não é de hoje que a instituição lida com esse tipo de barbárie que não é um problema só externo, mas também interno. Se perguntar a estudantes, mulheres, funcionárias e acadêmicas da instituição se elas se sentem seguras e protegidas dentro da estrutura universitária irá se deparar provavelmente com respostas negativas. ​

No entanto, nos principais meios de comunicação da cidade Diário dos Campos e ARede, pela análise feita de como foi tratado midiaticamente o caso, os dois veículos não fizeram seu papel jornalístico atuante como fiscalizadores e mediadores sociais. Trataram o caso como sendo mais um em que a instituição passa. O fato, quero ressaltar aqui, de ser mais um caso já é bastante alarmante para a instituição e não dar o devido tratamento mostra que um jornalismo declaratório e factual destrói o poder e relevância da profissão que se faz tão importante na sociedade. A forma rasa como questões assim são tratadas naturaliza muito um tema que deveria gerar questionamentos importantes na sociedade. ​

Dentro do que foi apresentado pelos veículos, o caso foi tratado superficialmente. O Diário dos Campos foi o que menos abordou a violência contra a mulher, apenas no lide trouxe o ocorrido, depois apresentou a nota que a universidade deu sobre o caso, divulgada apenas no dia 11, dois dias após o ocorrido. O texto mencionou como a instituição, em sua nova gestão, vai melhorar esse problema e depois falou sobre o caso. Já no portal ARede, a abordagem apresentou mais detalhes sobre o acontecido, trazendo a fala anônima de uma tia da estudante que sofreu o atentado. Logo em seguida trouxe também o lado da nova gestão da reitoria que assumiu em setembro, informando o que será feito para melhorar a segurança da universidade e, principalmente, no campus Uvaranas. ​

Me pergunto agora, e as outras estudantes? Como elas se sentem em relação a falta de segurança? Cadê o aprofundamento? Se contabilizarmos quantos casos já ocorreram na instituição percebemos há quanto tempo essas estudantes e mulheres sofrem com a insegurança de viver em uma instituição que não tem medidas, verdadeiramente boas, para a proteção de toda a comunidade acadêmica. Creio que a ferida do jornalismo ainda seja elevar fontes oficiais, onde suas falas são o alento que a sociedade precisa, em que tudo se resolve colocando aspas e um cargo oficial no texto, é decepcionante ver como o jornalismo está corrompido. Nem mesmo a própria assessoria da UEPG publicou algo sobre o acontecido no seu portal de notícias. Como se os estudantes não devessem saber como sua própria universidade está tomando medidas para melhorar a segurança! Às vezes um ranking dizendo que a instituição é uma das melhores no mundo não é tão importante quanto a segurança de quem faz a universidade subir nesse ranking.

Por Rafael Santos

Jornalista encara desafios da educação na ONG Ensina Brasil

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Formada pela UEPG, Thainá Kedzierski atua través da sala de aula para efetivar os Direitos Humanos

Thainá Kedzierski se formou em Jornalismo pela UEPG em 2014. Trabalhou dois anos em uma agência de publicidade em Foz do Iguaçu, com clientes do Paraguai, Argentina e Brasil. Em 2017 iniciou a pós-graduação em Relações Internacionais Contemporâneas, na Universidade Federal da Integração Latino-americana. Foi em Foz do Iguaçu que Thainá conheceu a ONG Ensina Brasil e mudou de estado e de profissão. Hoje ela trabalha com direitos humanos e educação. Em entrevista ao Elos a jornalista nos conta como foi essa virada em sua vida e como é trabalhar com direitos humanos em um país tão desigual como o Brasil.

 

Como você conheceu a ONG Ensina Brasil. Poderia nos contar melhor como foi sua trajetória até a ONG? O que você buscava?
Durante esses anos que estive em Foz, senti que comecei a perder tudo o que o jornalismo tinha despertado em mim. O sentimento que desenvolvi por gostar de trabalhar com gente, de fazer serviço para pessoas e de fazer parte da vida real. E é aí que o Ensina Brasil entra na minha trajetória: o Victor, amigo meu de Foz do Iguaçu, faz parte da primeira turma de Ensinas (como somos chamados). Eu acompanhava as publicações dele e sempre conversávamos sobre a rotina e as decisões que o fizeram ir parar em Cuiabá, no Mato Grosso. Acredito MUITO no ideal da ONG, que, para mim, é possível: “Um dia, todas as crianças terão uma educação de qualidade”. O objetivo é nos tornar lideranças na educação e para que possamos ser essas lideranças, o ponto de partida é o que chamamos de chão de escola. Hoje, trabalho como professora de língua portuguesa do ensino fundamental e médio e desenvolvo projetos com os alunos no contra turno. Eu não sabia exatamente o que eu buscava – e acho que até hoje vou descobrindo a cada dia – mas eu sabia que queria trabalhar com gente e queria fazer a diferença.

 

Como foi a preparação para dar aula? O curso de Jornalismo auxiliou em algum aspecto? Caso sim, quais?
Assim que fui aprovada, em dezembro, comecei uma formação obrigatória virtual. A formação era dividida em diversas áreas (didática, empatia e resiliência são algumas) e foram essenciais para que eu pudesse chegar em janeiro, para a formação presencial intensiva, com uma noção do que essa formação pretendia e o que a minha atuação seria. Fiquei o mês de janeiro inteiro em São Paulo tendo treinamentos com profissionais absurdamente incríveis da educação brasileira – Jana Barros e Gina Pontes são algumas. Discutimos ferramentas didáticas, estatísticas da educação pública, o papel da escola na vida do jovem de periferia e tivemos formação com várias instituições (públicas e privadas) que também colaboram de alguma forma para o desenvolvimento da educação brasileira.
Toda vez que alguém pergunta o porquê de eu ter saído do Jornalismo, faço o exercício de pensar nos propósitos das profissões que trabalhei até hoje: no jornalismo, minha função era informar de maneira objetiva, verdadeira, sensata e que fizesse sentido para o público que se informaria pelo meio de comunicação. Hoje, minha função é a mesma: informar, de maneira objetiva, verdadeira e sensata o conteúdo de língua portuguesa ao meu público – alunos do sétimo ano do ensino fundamental e do segundo ano do ensino médio. Toda vez que vou ensinar um conteúdo novo a eles, penso no ponto de partida dos alunos de onde atuo. Em qual das duas frases há mais sentido para esse aluno da cidade de Serra, no Espírito Santo, para que ele possa encontrar o sujeito da frase: “Fabrício caminhou pelo Jardim Carapina” ou “Princesa Charlotte mora na Inglaterra”?

Primeira vez que os alunos do segundo ano conheceram um meio de comunicação. Neste dia, conhecemos a Rádio Espírito Santo.

Quais projetos você aprendeu a desenvolver junto à ONG?
Na ONG, o objetivo é nos tornar capazes de guiar esses projetos e ainda mais importante que isso: que consigamos identificar situações e ter ideias a partir do que a nossa realidade nos oferece. Como trabalhei um tempo com conteúdo digital, seria mais natural e fácil para mim se desenvolvesse um projeto de conteúdo digital com os alunos. Mas o laboratório de informática da escola não funciona e boa parte dos alunos não tem celular, então o digital não é uma realidade tão comum. A partir dessas informações e dos equipamentos que a escola tem disponível, hoje temos a Rádio D Jovem Mix, que acontece nos intervalos da sexta-feira. Os alunos vêm no contra turno e decidem tudo, desde trilha sonora a blocos da programação e conteúdo. Além da rádio, a escola em que atuo também tem grupos de estudo, projeto focado em diálogos para o futuro (voltado para profissões e escolhas) e também trabalhamos na revitalização da biblioteca.

Primeiro dia de funcionamento da Rádio D Jovem Mix, desenvolvida por alunos e alunas da Escola
Estadual Dom Batista da Motta e Albuquerque.

Hoje você trabalha como professora no Espírito Santo, em uma região vulnerável. Poderia nos detalhar melhor como é essa parte do Brasil em que você está atuando? Por que é classificada como vulnerável? Quais são as demandas e em que sentido seu trabalho atende parte dessas demandas?
Recorri a uma fonte oficial para defender o que acredito ser uma região vulnerável: alto índice de crimes (assalto, roubo, homicídio), violência contra a mulher, alto índice de evasão escolar, distorção idade-série e problemas de mobilidade, transporte e segurança pública. Isso é o que eu vejo no bairro em que atuo e nas falas de alunos meus que moram próximos ao bairro. Segundo o IPEA, Serra é a 29ª cidade mais violenta do país e essa realidade que vejo é compatível com o índice. Muitas crianças e adolescentes vão para escola não porque enxergam a necessidade de estar nela, mas porque lá é o único lugar que podem comer ou porque a escola é mais segura que a própria casa. Por isso, é mais que necessário que os professores desses alunos tenham essa ideia e tornem o momento da sala de aula o mais relevante para a vida de cada aluno que está ali – e é isso que eu busco. Quando leio ´meu trabalho´, me coloco num espaço que tem vários professores (tanto os do Ensina Brasil quanto outros professores temporários e efetivos) buscando a mesma coisa que eu e acredito, que a educação pode ser um pouco mais igualitária.

 

Quais projetos você desenvolve junto aos alunos?
Como projeto individual é a rádio da escola, mas junto aos meus colegas da escola desenvolvo também o Grupo de Estudos em Língua Portuguesa e Matemática para todas as séries (sexto ano do fundamental ao terceiro ano do ensino médio) e o Pré-Enem (português, matemática, redação/atualidades e biologia/química). Cada um (professor) desenvolve projetos diferentes e tanto no estado quanto na rede, dependendo do que a escola e os alunos pedem, os materiais disponíveis e a formação de cada um dos professores. É mais natural que eu desenvolva uma rádio e a minha colega, que é bióloga, desenvolva um projeto de reciclagem, por exemplo – mas isso não impede que os projetos sejam interdisciplinares.

 

Estamos em um ano eleitoral. A partir dessa sua vivência, você acha que as propostas dos candidatos contemplam acabar com as situações de vulnerabilidade que acometem grande parte da população?
Acho que muitas propostas são necessárias e podem ajudar auxiliar nesse processo, mas não sei se é tão rápido… Num país onde a memória do brasileiro é muito instantânea e a educação política é confundida com doutrinação, parece um pouco difícil que as propostas cheguem onde é necessário. Não só por atuar diretamente na educação hoje, sempre acreditei na educação como fator essencial para promover mudança. Sempre mesmo. Por isso acho que as propostas de segurança pública e assistencialismo podem remediar um problema social que o Brasil reproduz há anos, mas é só a inserção (e permanência) das crianças na escola que as tornarão conscientes para que, no futuro, consigam decidir os melhores governantes e as propostas. O que me amedronta é a defesa de que a escola deve ser 100% conteudista e não deve debater temas como desigualdade de gênero ou a produção de notícias falsas.  Quer espaço melhor para desenvolver pensamento crítico que o local que você está para aprender?

 

Como você vê o respeito aos direitos humanos a partir da realidade que você está presenciando?
Eu não vejo. Sabe todas as estatísticas de mortalidade, roubo, assalto, gravidez na adolescência e evasão que a gente vê em relatórios formais disponibilizados em pdf no site de organizações? Aqui tudo isso tem RG e rosto. Se chove e alaga uma casa, que forças essa pessoa terá para “lutar” contra o sistema e pedir mudanças ao governo se no dia seguinte ela tem que bater ponto às 8h no trabalho?
Acontecem vários problemas sociais que não têm solução óbvia nem a partir de governo. É comum ouvir “ah, podemos fazer o quê? É assim mesmo, com a irmã dela também foi assim”. Existe um condicionamento a naturalizar certos problemas que não são naturais. Eu não consigo naturalizar o fato de acharem que é normal uma aluna abandonar a escola aos 15 anos, porque a irmã dela também ficou grávida nesta idade. É como se já fosse esperado, como se o fluxo fosse tão natural que ninguém mais se impressiona ou tenta mudar isso.

 

Você busca trabalhar nesse sentido em melhorar nossa sociedade, qual conselho você daria a um jovem brasileiro que está buscando uma profissão ou àquele que está saindo da faculdade?
Nossa, eu diria tanta coisa… a primeira é para focar no que essa pessoa acredita. Sei que crenças não pagam contas, mas elas te levam em caminhos que podem te tornar uma pessoa ainda mais consciente. Confesso que a minha falta de certeza, me coloca num lugar desconfortável (risos) mas acho que equilibrar calma e ansiedade é crucial para essa fase não ser um mar de tristezas. Diria para fazer tudo que tiver a mão: é possível fazer uma pós-graduação gratuita? Tente. Tem um curso perto da sua casa que você tem condições de fazer? Faça. Por mais que estejamos saturados de estudos ao final da graduação, são só esses estudos que podem abrir portas para o mercado de trabalho. E só a experiência do mercado de trabalho pode te levar a um caminho que seja trabalhar com o que você acredita.

Formulário: Denúncia de agressões com motivação política

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O Site Elos está coletando registros das pessoas que sofreram agressão, ameaça ou violência por motivações políticas. Esse formulário serve para que você denuncie a agressão.
Para denunciar é só clicar no link:

Quando nossa cobertura está sendo efetivamente crítica e não só espelho de um lado só?

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O jornal Diário do Campos publicou, no período de 1 a 6 de outubro, 43 matérias em sua seção Cidades. Embora mais da metade do material seja das assessorias (26 publicações), as temáticas de gênero estão apagadas das matérias próprias do jornal que sempre busca colocar as fontes oficias em primeiro plano, sempre retratando-as através das entidades e órgãos que representam, excluindo a identidade da pessoa que repassou a informação. Por mais que das 20 fontes com identificadas com nomes, 12 sejam mulheres, elas encontram-se em papéis de contextualização, sendo apenas 4 como fontes principais vinculadas a órgãos oficiais. Enquanto há 10 fontes homens, apenas 2 deles exercem esse papel e os outros 8 representam posições importantes dentro da matéria.

O jornal abre o mês com uma publicação sobre o Outubro Rosa, já de praxe dos conteúdos essenciais ao jornalismo durante este mês. Entretanto apresenta um texto frio, sem aprofundamento do tema. São jogadas informações oficiais a respeito da realização do exame de mama, quantas são realizadas e as características da campanha que será realizada pela prefeitura. Mas em nenhum momento a matéria resguarda a fala de outras fontes que não estejam dentro de órgãos oficiais, desumanizando e criando uma estética engessada, o que transforma o material em mais uma notícia de campanha.

No dia 5 de outubro, o jornal ainda desperdiça caracteres quando realiza uma nota apenas com os dados atualizados de quantos exames já foram feitos. Recicla o lead e o sub lead da matéria do primeiro dia do mês e coloca outros dois parágrafos, com cerca de 4 linhas, com dados brutos e sem nenhuma fonte. Além disso, uma matéria do dia 4, apresenta a cobertura de um evento sobre o Outubro Rosa e a jornalista destaca no texto os principais pontos das palestras. Assim, vale ressaltar que em vez da enjoativa e precária cobertura, valeria um desdobramento fundamental sobre a vida da mulher na sociedade moderna e as diversas opressões que esta sofre, uma vez que estavam presentes uma ginecologista obstetra e uma advogada que comentou sobre as conquistas das mulheres.

Nesse âmbito é preciso se perguntar quando nossas apurações estão sendo abrangentes e alcançam um debate útil na sociedade. Devemos prestar atenção no direcionamento de nossos conteúdos e tentar coloca-los dentro de questionamentos. Nosso olhar dentro do jornalismo deve ser sempre crítico e detalhista, nossa obrigação é levar a esfera pública as situações que lhe cabem como interesse público, portanto não podemos deixar nossa apuração a mercê de poucas fontes que denotam os reforços de materiais sem aprofundamentos que sejam facilmente vendidos.  

Por João Pedro Teixeira

 

Elos dá oficina sobre jornal comunitário no Colégio Elzira, em Ponta Grossa

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Alunos e professores do Colégio Estadual Elzira Correia de Sá, no bairro Santa Paula, em Ponta Grossa, participaram no dia 27 de setembro da Oficina Jornal Comunitário. A atividade, ministrada pela equipe do Elos, integra o projeto da escola para criar um jornal comunitário. A parceira acontece com o projeto de extensão do curso de Jornalismo da UEPG.

Foto: Fernando Oliveira – Pibic Jr; e professora Maria Antônia Marçal

Os alunos, divididos em grupos, desenharam a proposta do jornal, possíveis formatos e editorias. Os desenhos serão expostos na própria escola para envolver toda a comunidade escolar. Paralelamente, está circulando a campanha para decidir o nome do novo periódico.

Foto: Fernando Oliveira – Pibic Jr; e professora Maria Antônia Marçal

Na oportunidade, professores e aluno relaram a invisibilidade de temas positivos sobre a comunidade na mídia comercial local. Além disso, o grupo do Colégio Elzira salientou a diversidade de atividades e acontecimentos promovidos pelos moradores e entidades do bairro Santa Paula. Tudo isso oferece elementos para realizaram de um jornal próprio, que possa retratar melhor a comunidade.

Maioria de votos brancos e nulos não cancelam eleições

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Os alunos do 2º ano de Jornalismo da UEPG, Gustavo Camargo e Teodoro Anjos, assistiram à palestra “Jornalismo e eleições 2018”, na Faculdade Secal. O evento contou o palestrante Roberto Ribas Tavarnaro, ex-juiz substituto do TRE/PR e professor do curso de Direito da Faculdade Secal. O evento teve apoio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor-PR).

Palestrante Roberto Ribas Tavarnaro, ex-juiz substituto do TRE/PR e professor do curso de Direito da Faculdade Secal.

No momento, os acadêmicos da UEPG Gustavo e Teodoro aproveitaram para questionar o palestrante sobre o funcionamento dos votos brancos e nulos, nas eleições. “Não existe nenhuma consequência ao número de votos branco e nulos. Tanto votos brancos quanto nulos, ambos não são considerados válidos, ou seja, não são computados. Então se houver 90% de votos brancos ou nulos, serão apurados somente os 10% válidos, e assim será dado o resultado das eleições”, esclareceu o professor, Roberto Ribas Tavarnaro.

Gustavo Camargo fazendo sua pergunta ao palestrante.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) realizou campanha a fim de incentivar o voto nas eleições, o objetivo foi de sensibilizar os eleitores para participação do cidadão. De acordo com números divulgados pela Agência Brasil: “No primeiro turno da eleição presidencial de 2014, 115,1 milhões de eleitores foram às urnas, sendo que 4,4 milhões votaram em branco, 6.7 milhões anularam e 27,7 milhões não compareceram. No segundo turno, o número de eleitores que não foram votar aumentou, chegando a 30,1 milhões”.

Texto: Ligia Tesser

O direito humano de fugir

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Não é uma questão de opção, mas de sobrevivência

Classificações são criações de natureza burocrática. São frias, metódicas e, por vezes, divisórias. Em certos momentos da história humana, elas separaram grupos, ajudaram a desenvolver preconceitos e até resultaram em guerras. Como método jurídico, dentro dos padrões estabelecidos pelas leis internacionais de direitos humanos, as classificações têm o mesmo poder de derrubar barreiras – ou de construí-las. Exemplos recentes disso são a crise de refugiados no mediterrâneo e a expulsão de imigrantes ilegais dos Estados Unidos. Taistermos, refugiado e imigrante, têm implicações políticas significativas sobre como esses indivíduos são recebidos em um país, as proteções e direitos que recebem e até mesmo como a sociedade receptora pode reagir à sua chegada. O problema é que, muitas vezes, a distinção entre eles é incompreendida.

Fundamentada no Artigo 14 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), que reconhece o direito das pessoas de buscar asilo em outros países, a Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951)é a peça central da proteção internacional de refugiados. A Convenção entrou em vigor em 22 de abril de 1954 e foi sujeita a apenas uma emenda na forma de Protocolo (1967), que removeu os limites geográficos e temporais da Convenção de 1951. A Convenção de 1951, como um instrumento pós-Segunda Guerra Mundial, foi originalmente limitada para pessoas que fugiam de eventos ocorridos antes de 1 de janeiro de 1951 e dentro da Europa. O Protocolo de 1967 removeu essas limitações e, assim, deu cobertura universal à Convenção. Assim, apartir dessa Convenção, os refugiados são classificados como vítimas de circunstâncias que não controlam, como guerras e conflitos. Já os imigrantes são definidos como indivíduos que escolhem se mudar, usualmente em busca de oportunidades sociais ou/e econômicas.

Apesar de os refugiados estarem no centro da ajuda humanitária global, eles são frequentemente recebidos com resistência governamental. Países europeus e os Estados Unidos concordam com o princípio de não-repulsão – uma promessa de não devolver uma pessoa a um país onde sua vida ou liberdade seria ameaçada. Talnorma humanitária é projetada para fornecer refúgios seguros, porém, devido aos ‘fluxos mistos’ de refugiados e imigrantes, essa questão se torna complicada. Assim, enquanto tentam cumprir as obrigações humanitárias, muitos desses países também buscam controlar suas fronteiras e, consequentemente, barram a entrada de pessoas de acordo com classificações que, apesar de fundamentadas a partir de leis internacionais, caem constantemente em áreas cinzentas.

A motivação de uma pessoa para se movimentar não deveria simplesmente entrar nas categorias ‘forçadas’ ou ‘voluntárias’. Uma pessoa pode, simultaneamente, fugir deperseguição e ainda buscar oportunidades econômicas ou sociais. Países em desenvolvimento, por exemplo,hospedam cerca de 86% da população global de refugiados, mas estão mal equipados para fornecer todos os serviços necessários para a sobrevivência dessas pessoas. Com isso, há um fluxo cada vez menor de ajuda internacional, o que força muitas dessas pessoas a se mudarem novamente em busca de lugares seguros e uma vida melhor. Essa constante mudança pode alterar osstatus de refugiados desses indivíduos, mesmo que elesainda possam estar com a sua segurança em risco. Assim, o que países desenvolvidos precisam reconhecer é que indivíduos que migram têm diversos motivos para se realocarem. Aqueles que atravessam fronteiras estão respondendo às pressões econômicas, sociais e políticas sobre as quais têm pouco controle, não apenas por que sua liberdade ou segurança estão em risco.

O direito de fugir, ir embora de uma situação pouco desejável ou, simplesmente, de se movimentar está cada vez mais se tornando uma questão crítica dos direitos humanos. Por isso, apesar de complexas, as classificações são importantes e centrais para o desenvolvimento de políticas de migração. Sem elas, podemos voltar a um estado em que a decisão de uma pessoa de ir e vir será pautada de acordo com cor, etnia, religião, sexualidade, gênero ou qualquer outro traço cultural que fuja do padrão.

Marina Demartini

As mulheres também fazem parte da estrutura social, mas não são oficializadas quanto deveriam pelo jornalismo

Nesta semana, início do dia 24 de setembro até 30 de setembro, o portal ARede publicou cinco matérias em que mulheres foram agredidas por seus companheiros e ex-maridos. Cinco pode parecer um número pequeno, mas não é! Tendo em vista que a cada dois segundos uma mulher sofre violência verbal ou física de acordo com o site Relógios da Violência http://www.relogiosdaviolencia.com.br/#. O site foi lançado pelo Instituto Maria da Penha que calcula diariamente o número de mulheres agredidas no Brasil.

Sobre esse percentual, no jornalismo local a mulher ainda é pouco retratada no espaço das publicações, e é ocultada como não sendo uma fonte relevante para os textos jornalísticos. Das 115 matérias publicadas no site ARede essa semana, mulheres apareceram 26 vezes como opção de fonte, sendo 18 como fonte oficial e 8 como fonte apenas para contextualizar a matéria. Elas não compõem nem metade do percentual de fontes que aparecem nas matérias diariamente. Levando em conta as matérias que envolvem a polícia e o corpo de bombeiros apenas uma fonte mulher bombeira apareceu, das 33 matérias envolvendo essas duas instâncias.

Esse descompasso ainda é alarmante quando vemos a nota/evento publicada no dia 25 sobre o Congresso de Direito Público com o subtítulo “30 anos de Constituição para quem?” que debate sobre a Reforma Política, Empresas Estatais e Desenvolvimento Econômico e também o Constitucionalismo Feminista, mas destaca apenas um professor que vai palestrar no local, levando em conta que outros palestrantes estarão presentes, entre eles mulheres. Em outra nota, do mesmo dia (25), esta sobre o encontro com representantes da saúde do Pronto Socorro de Ponta Grossa que se reuniram na Justiça Federal da cidade para compreender melhor a obtenção de recursos provenientes de processos ou multas judiciais para destinação na área de saúde. Traz a fala de apenas um juiz que estava presente, a única escolha dos jornalistas perante 10 mulheres que estavam presentes no encontro e que poderiam ser fontes relevantes também.

O caso mais ostensivo para a escolha das fontes, mas que também levanta questões a respeito das escolhas das pautas perante os jornalistas é sobre a matéria publicada também no dia 25  que diz: “Nas últimas 24h PM cumpre quatro mandados de prisão em Ponta Grossa”. É uma matéria em formato notícia que dá relevância para essas quatro prisões. Sem querer questionar a efetividade da Polícia Militar, a Patrulha Maria da Penha já prendeu este ano 27 homens por agressão e descumprimento de leis protetivas para as mulheres e nenhuma matéria foi publicada.

Pensando nas cinco agressões que ocorreram essa semana e no pouco uso de mulheres como fontes, ou como fontes oficiais (de órgãos de governo) o jornalismo ainda precisa refletir sobre como retrata as mulheres em suas matérias. Elas não estão presentes na sociedade apenas como vítimas oprimidas, embora, infelizmente o número de agressões vem subindo, me pergunto: Por que não retratamos o número de homens presos por agressão contra mulheres? Por que ocultamos eles de seus atos? Quando é para falar de seus atos contra a sociedade, suas degradantes atitudes contra as mulheres não contabilizamos eles, mas os pôr em maior relevância como as principais fontes, ou primeiras escolhas nas matérias o espaço é garantido e melhor disponibilizado pelo jornalismo.

Por Rafael Santos

Confira propostas de Saúde dos candidatos à Presidência

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O site Elos verificou as propostas dos presidenciáveis de 2018, no Brasil, com o propósito de aferir quais incluem políticas de saúde para as mulheres. O conteúdo está presente nos planos de governos oficiais que foram protocolados na Justiça Eleitoral. Na próxima semana ocorre o primeiro turno das Eleições e esta é uma forma de contribuir para que as eleitoras e eleitores conheçam as proposições de todos os candidatos. Veja o infográfico a seguir:

 

 

“Não ando de tênis, não ando de rasteirinha. Ando de salto, porque o salto é político”, destaca Profa. Dra. Megg Rayara Gomes de Oliveira

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Na sexta-feira, 29 de setembro, a professora Dra. Megg Rayara Gomes de Oliveira ministrou a palestra “Preta, bicha e perigosa: corpos que escapam as normas de raça e gênero”, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, OAB Ponta Grossa. Durante a fala, Megg fez uma reflexão a respeito de corpos que saem do padrão da sociedade.

Megg Rayara Gomes de Oliveira é a primeira travesti negra, em todo o Brasil, a conquistar o título de doutora em Educação, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Em todas as suas palestras, Megg faz questão e não vê problema em usar um vocabulário incisivo e fora do padrão. “Se eu concordo em não adotar determinados conceitos e determinados posicionamentos, eu vou estar reforçando a exclusão”, argumenta.

Transfobia, LGBTfobia, racismo e quebra de padrões foram os temas mais discutidos pela professora. Megg adverte que é necessário que a educação deixe de ser conservadora e comece a aceitar corpos que saem do padrão do homem, branco e hétero. “Não adianta discutir diversidade e ficar no plano simbólico, tem que discutir diversidade na prática cotidiana”, ressalta.

A professora e pesquisadora comentou, com base em seus estudos, que a travestilidade não é algo contemporâneo e afirmou que a primeira travesti na história do Brasil surgiu em 1591, com a escrava africana Chica Manicongo, que nesse tempo foi denunciada à inquisição por “vestir-se como mulher”. “É preciso que a gente identifique e reconheça esses corpos durante nossa história”, comenta Megg.

Durante a palestra, a pesquisadora falou também sobre como o movimento negro não acompanha o movimento de travestis negras. “É fundamental que o nosso debate seja interseccional, cruzando os vários marcadores constitutivos de uma sociedade”, relata Megg.

O evento contou com a performance da Drag Queen Cindy Cindy. Estiveram presentes também a professora da Unopar e coordenadora do Grupo de Pesquisa Violência, Pobreza e Criminalidade, Elisa Schultz, além da ativista e representante da ONG Renascer, Debora Lee.

Matheus Rolim