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Greve de reportagens: é assim que o jornalismo se isenta do debate

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A Organização das Nações Unidas diz que a crise climática é a maior em, pelo menos, uma década. Apesar do aviso e dos relatórios da ONU alertarem para a mudança climática, as emissões de gases de efeito estufa cresceram em média 1,6% ao ano entre 2008 e 2017. Contudo, a falta de preocupação com o meio ambiente, sobretudo, por parte dos governos e como os países não têm atuado para diminuir os efeitos o mundo caminha para um aumento de temperatura de 3,5º C neste século. “Isso está muito além dos objetivos do Acordo de Paris, que visa limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C, ou, pelo menos, bem abaixo de 2 °C. Se este mundo mais quente se concretizar, todas as previsões de impactos climáticos catastróficos se tornarão realidade. Elevação do nível dos mares, eventos climáticos extremos e danos incalculáveis às pessoas, prosperidade e natureza”, é o que conta o relatório da ONU de 22 de setembro (https://www.unenvironment.org/pt-br/noticias-e-reportagens/story/da-decada-perdida-da-acao-climatica-surge-esperanca).

Diante da preocupação climática e ambiental que o planeta vive e agora com um alerta maior se aproximando foi criado o movimento Fridays for Future, que começou depois que a sueca Greta Thunberg protestou em 2018 em frente ao parlamento de seu país, por três semanas para chamar a atenção para a emergência climática. A atitude da garota inspirou outros estudantes do mundo a começarem a organizar seus próprios protestos. Em 2019 consagrou-se uma Greve pelo Clima em âmbito internacional. Aqui na cidade de Ponta Grossa, o movimento chegou na sexta-feira (20) e se estendeu até terça-feira (24), com diversas atividades debatendo a situação do clima no planeta.

Embora o movimento seja global e a cidade tenha mostrado participação em uma causa tão importante para a humanidade, mais uma vez o jornalismo local tratou do assunto de forma superficial. Os dois sites de notícias analisados, Diário dos Campos e Portal Arede, publicaram a mesma notícia factual assinada pela redação. Mais uma vez, o espaço de debate não foi utilizado e o jornalismo ponta-grossense preso a fatos factuais desperdiçou um gancho para debater a situação do clima e do meio ambiente no município. No entanto, não é de admirar a pouca relevância em relação à situação climática, sendo que o próprio Portal Arede tem uma editoria direcionada para o agronegócio e o Diário dos Campos possui as editorias “Safra” e “Agroleite”.

Embora seja uma escolha da linha editorial dos jornais, o interesse público deve prevalecer, assim como a amplitude do fato. O que fica de reflexão é a greve de reportagens que o jornalismo vive, encobrindo-se de factualidade, discursos diretos e jornalismo declaratório.

Por Rafael Santos

Direitos Humanos na escola, a necessidade de se criar espaços para o debate.

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Em tempos em que o discurso do ódio permeia na sociedade, falar sobre direitos humanos torna-se imperativo, principalmente no meio escolar.

É de conhecimento público que desde 2013 o ensino de Direitos Humanos passou a fazer parte, de forma transversal, do currículo da Educação Básica e do Ensino Superior de todo o país, fundamentado nos princípios de dignidade humana, democracia, transversalidade, sustentabilidade, reconhecimento e valorização das diversidades.


No entanto, infelizmente, nem todas as escolas têm como meta aplicar a proposta do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, que tem como desafio a superação das diferenças no ambiente escolar. É fato que essas diferenças são muitas! Bullying, agressões, intolerância, inversão de valores e descasos indicam a necessidade de se trabalhar nas escolas temáticas como: tolerância, respeito, colaboração e empatia, ou seja, o trabalho com os valores torna-se imprescindível. Para isso, professores, equipe gestora, funcionários e comunidade escolar precisam dialogar sobre esses assuntos nos espaços comuns da escola.


Há várias maneiras de se criar esse diálogo como, por exemplo, ter um grêmio estudantil ativo, já que este é uma organização que representa os estudantes da escola, e tem como maior objetivo unir e movimentar os alunos para a discussão de seus direitos e deveres, debatendo assuntos diversos sobre escola, comunidade e sociedade. O grêmio pode organizar atividades culturais, esportivas e sociais de cidadania. Sendo assim, oportunizando a autonomia aos discentes para que possam fomentar diálogos em relação aos direitos humanos, fortificando ações/atitudes em benefício do meio escolar e da comunidade.


Também é significativo introduzir discussões em sala de aula sobre os direitos já conquistados e os impasses que sempre surgem na aplicação da educação em direitos humanos nas escolas do Brasil. A equipe gestora da escola ou a própria Secretaria de Educação do Estado pode buscar parcerias com outras Instituições para ampliar o diálogo, a mediação e a escuta, pois esses são fundamentais para que se mantenha o respeito e a convivência nas escolas, uma vez que trazer olhares de fora, possibilitam que nossos discentes e a comunidade tenham outras visões, criando criticidade, desenvolvendo essa cultura e permitindo que nossos jovens se expressem e tornem-se verdadeiros cidadãos de bem.


É importante ressaltar que é possível e necessário trabalhar a temática de direitos humanos com os alunos desde a Educação Infantil, explorando através da dimensão lúdica a compreensão, a tolerância, o respeito e a empatia, pois as brincadeiras permitem estimular a criatividade, facilitando o entendimento e a cooperação entre os indivíduos. Sem dúvida, é um ótimo caminho para estabelecer nos pequenos a compreensão de mundo, o que é viver em sociedade.


Outra possibilidade, que os alunos adoram, é aprender através de jogos. Existem jogos gratuitos para download que podem ser trabalhados em sala de aula e que tratam da temática dos direitos humanos. O RECIMAM (Rede de Cidadania Mateus Afonso Medeiros) é um sítio que possui jogos que recriam situações de forma lúdica para tratar de temas relacionados aos direitos humanos, apoiando o trabalho docente em sala de aula.


As possibilidades são muitas, o que faltam são profissionais comprometidos em realizar um trabalho em sala de aula que vise a formação cidadã e humana dos discentes. Por isso, é primordial criar espaços nas escolas para trabalhar a educação em Direitos Humanos.

Por Alexandra Nunes

Apesar de avanços, machismo prevalece no futebol

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Formada em Educação Física e Mestre em Ciências Sociais pela UEPG comenta sobre o futebol com a perspectiva de gênero

A seleção de futebol feminino dos Estados Unidos conquistou 4 milhões de dólares com a vitória da Copa do Mundo, em julho deste ano. A seleção masculina da França, com a vitória da Copa de 2018, levou para casa cerca de 38 milhões de dólares, uma diferença quase 10 vezes maior do que a da categoria feminina. “Existe uma hegemonia do futebol em comparação a outros esportes, e também existe uma predominância das equipes masculinas em questão de popularidade”, afirma a pesquisadora na área do Futebol Feminino, Marcela Caroline Pereira. Para ela, essa hegemonia tem origem histórica e cultural.


Entre os anos de 1941 à 1979, sobre o contexto do Governo Vargas, o Futebol Feminino, entre outros esportes, foi proibido no Brasil, sobre a justificativa de que não era compatível com a natureza feminina. Para Pereira, mesmo com o fim da proibição, continuou existindo um estereótipo sobre as mulheres que jogam futebol. “Criou-se uma ideia de que o futebol era para homens, as mulheres que jogavam eram associadas a homossexualidade”, expõe.

 

Foto: Veridiane Parize

A pesquisadora explica que atualmente há um círculo vicioso, em que se as pessoas não assistem, a mídia não publica, o esporte não têm patrocínio, o futebol não tem infraestrutura a por isso o público não vai assistir. “O Brasil é conhecido como o “País do Futebol”, mas do Futebol Masculino”, afirma. Segundo Pereira, a transmissão da Copa do Mundo do Futebol Feminino pela Tv aberta possibilita que mais pessoas conheçam a categoria. “O futebol envolve a emoção de torcer, o público acompanha aquilo que conhece”, explica. Dados da Federação Internacional de Futebol (Fifa), mostram que quase 20 milhões de brasileiros assistiram a última partida da Copa de Futebol Feminino.

A partir de 2019, todos os times da série A do Campeonato Brasileiro de Futebol são obrigados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a possuírem um time adulto e categorias de base femininas. Neste ano, o Campeonato Feminino de Futebol A-1, principal liga do esporte no país, conta com 16 times e é transmitido pelo Twitter, em uma parceria com a CBF e pela rede de Tv Bandeirantes.

Por Daniela Valenga

Divulgação de eventos

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Março

09/03 – 8h30 – “Dia de luta das mulheres jornalistas: diálogos sobre assédio na profissão”. Conversa com profissionais promovida pelo Sindicato dor Jornalistas do Paraná e pela Comissão de Mulheres da Federação Nacional dos Jornalistas. Local: Mini auditório (bloco B).

11/03 – 12h30: Exibição e debate sobre o documentário “Tarde demais para flores”, produzido por Saori Honorato (2019). Local: hall do bloco B.

19/03 – 12h30: Exibição do documentário “Na(ser) mulher“, produzido por Enaira Schoemberger (2019). Local: hall do bloco B.

Agrotóxicos: se não apresentarmos o problema, estamos fazendo jornalismo?

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Diante de tantas discussões recentes a respeito do uso do agrotóxico e as diversas liberações realizadas pelo governo federal nos últimos meses, a cidade de Ponta Grossa foi palco, no mês de agosto, de audiência pública voltada para o tema. Os sites que registraram as discussões foram o Diários dos Campos, com apenas uma matéria sobre a ocasião, o portal aRede, com duas notícias e site Blog do Doc, também com duas. O mapeamento foi realizado através do sistema de busca usando os termos “agrotóxico”, “defensivos agrícolas” e “Ponta Grossa”. Além disso, no Diário dos Campos foram encontradas duas outras notícias relacionadas ao tema, mas comentando sobre a merenda de escola.

De acordo com o site Viva Sem Veneno (https://www.vivasemveneno.com.br), cada brasileiro consome, em média, 7,3 litros de agrotóxicos por ano. Ainda conforme o site, que utiliza dados dos dossiês da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) e relatórios do Greenpeace, esses produtos podem causar sérias doenças neurológicas, distúrbios, baixa imunidade, parkison, câncer de diversos tipos, entre outros problemas à saúde. Anualmente, 790 pessoas morrem devido à intoxicação por agrotóxicos, eles “matam tanto quanto a zika, a dengue e chikungunya juntas”, relata o site.

Mesmo com a periculosidade e grande impacto na saúde das pessoas, vemos constantes matérias que tratam o assunto pelo lado dos agricultores. Na região, não é diferente. O site Diário dos Campos traz uma notícia sobre a audiência pública realizada nos dias 14 e 15 de agosto de 2019. O termo “defensivos agrícolas” é usado na manchete e é publicado um release simples com informações básicas sobre o que será o evento.

Assinada por jornalista, a notícia reforça o lado dos produtores, dando ênfase à citação do vereador Vinicius Camargo (que convocou a audiência): “Hoje o planeta só consegue alimentar todos os habitantes porque usamos defensivos agrícolas. Até o uso do termo agrotóxico é incorreto, porque dá uma conotação muito ruim e incorreta”. A explicação do porquê da audiência e o outro lado só são apresentadas nas cinco últimas linhas de forma indireta e sucinta.

Outra notícia apresentada no site é retirada das Assessorias e defende o uso eficaz dos agrotóxicos que, novamente, são apresentados pelo termo defensivos agrícolas. Com nove parágrafos, a matéria descreve “a segurança” e a importância do uso desses químicos para o equilíbrio da economia regional. Além disso, comenta que a aplicação é realizada por profissionais, o que evita o uso inadequado.

Em contraponto, com assinatura de outros dois jornalistas, o site traz duas notícias referentes à alimentação através de orgânicos, livres de agrotóxicos, que serão implementados, gradualmente, na merenda escola. Uma delas, sob título “Estado busca medidas para servir merenda 100% orgânica”, e blocada em subtítulos, traz os benefícios e a importância desse consumo saudável.

O site aRede traz duas notícias dentro do mesmo formato de release através de informações das assessorias. Apresenta as mesmas informações contidas no Diário dos Campos, inclusive as mesmas citações. A única problematização presente é sobre o uso considerado “errôneo” do termo agrotóxico, novamente sendo apresentado como defensivos agrícolas que não causam mal à saúde. Por último, o site Blog do Doc recicla as informações apresentadas pelas assessorias e pelos outros sites, com notícias do antes e depois da audiência.

Percebe-se que a cobertura jornalística sobre os agrotóxicos na cidade de Ponta Grossa permanece construída pelo direcionamento de assessorias posicionadas ao lado da sociedade ruralista fortemente presente nos Campos Gerais. Desse modo, observa-se que a falha do jornalismo local é presente quando, de âmbito público, devia-se discutir os reais impactos desses produtos químicos que, conforme indicam diversas pesquisas, provocam maleficências ao organismo humano.

O jornalismo sempre deve promover o debate sobre temas de relevância social na esfera pública, a exemplo da realização da audiência sobre os agrotóxicos que envolveu diferentes setores da sociedade. Assim, a falta de compromisso com a pluralidade na abordagem sobre a questão pode ser fundamental para uma incompreensão da população, se considerarmos os posicionamentos sem problematização postados nos sites.

 

Por João Pedro Teixeira

Valorização da vida é foco da campanha Setembro Amarelo

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Neste Setembro Amarelo, campanha iniciada em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida, do Conselho Federal de Medicina e da Associação Brasileira de Psiquiatria, o ELOS reuniu informações sobre os principais serviços oferecidos à comunidade em Ponta Grossa.

Se você precisa de ajuda, é muito importante que procure atendimento em algum dos seguintes espaços:

– A Faculdade Sant’ana oferece atendimentos à comunidade, que são feitos por acadêmicos com a supervisão de professores, uma vez por semana. O serviço possui um valor simbólico de 5 ou 10 reais, dependendo da condição do paciente.

Para receber o atendimento basta ir até a faculdade ou ligar e deixar o nome e o telefone na secretaria para entrar na lista de espera e aguardar o contato.

A Faculdade está localizada na Rua Senador Pinheiro Machado, 189, no centro de Ponta Grossa. Telefone: (42) 03224-0301

 

– O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) é um serviço de saúde disponibilizado pelo SUS. Para receber atendimento no CAPS o paciente pode procurar uma unidade por livre e espontânea vontade, ou pode ser encaminhado. O número de consultas varia de acordo com o caso clínico de cada paciente.

Unidades:

CAPS II – Funcionamento das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira.

Endereço: A. Antônio Rodrigues Teixeira Júnior, 229, bairro Jardim Carvalho. Telefone: (42) 3901-3020 ou 3220-1000.

CAPS AD (álcool e drogas) – Funcionando das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira.

Endereço: Rua Vicente Spósito, ao lado do Terminal de Uvaranas.

Telefone: (42) 3220-1015, ramal 4074 ou 4048.

– UEPG ABRAÇA – Programa ofertado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, tem como objetivo principal oferecer acolhimento e acompanhamento psicossocial voltado para a comunidade da UEPG (discentes, docentes e agentes universitários). Conta com uma equipe de enfermeiras, psicólogos, assistente social e psiquiatra.

Ao comparecer no programa, é realizado um acolhimento pelo Serviço Social ou Enfermagem, neste momento, o profissional conhece a demanda que levou a pessoa a procurar o Serviço, seu contexto social e familiar e esclarece as modalidades de acompanhamento ofertadas pelo Programa.

As formas de atendimento são: atendimento individual de psicoterapia (consiste em seis sessões com duração de cinquenta minutos) e atendimento em grupos (ansiedade e depressão; bem-estar e relaxamento e outros voltados aos profissionais do Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais – HUUEPG). O UEPG Abraça também possui uma parceria com o departamento de Educação Física que oferta aulas de Yoga, sendo reservadas 20 vagas para encaminhamentos do Programa.

Arte: Patrícia Guedes

Produção colaborativa: Alex Dougan, Gabriella Vasco, Matheus Gataldon, Patrícia Guedes e Thaís.

Projeto cataloga pesquisadoras lésbicas

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O Lésbicas que Pesquisam (LQP) é um catálogo online que reúne informações sobre pesquisadoras lésbicas e suas pesquisas. O site do projeto  entrou no ar em agosto deste ano e reúne pesquisadoras de todas as áreas do conhecimento. O Elos conversou com a idealizadora e criadora do LQP, Maria Eduarda Magro, sobre o catálogo e a realidade das mulheres lésbicas na academia.

Magro é graduanda em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, desenvolve uma pesquisa sobre o Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier no período da ditadura civil-militar brasileira. Junto com duas amigas, desenvolveu o LQP.

1 – Como surgiu a ideia de fundar o Lésbicas que Pesquisam?

A ideia de fundar o LQP ocorreu quando eu e minha parceira, a Eduarda Soletti, estávamos assistindo uma palestra em um evento que estava acontecendo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), promovido pelo Departamento de História. Era uma mesa com três palestrantes, ambos historiadores gays. Um deles comentou “ah, esta é a mesa dos viados”,  para  destacar  a  visibilidade  que  os  homens  gays estavam  ganhando  naquele momento. Nós duas questionamos quando seria possível ocorrer a mesa das lésbicas. A partir desse ponto, começamos a refletir sobre a visibilidade lésbica na acadêmica e a desenhar a ideia do Lésbicas que Pesquisam, como forma de visibilizar a existência das lésbicas na academia. Não só com trabalhos voltados a lésbicas, mas de todas as áreas do conhecimento.

 

2 – Qual a importância de divulgar os trabalhos produzidos pelas lésbicas?

Mostrar   que   o   conhecimento   produzido   na   academia   não   se   trata   apenas   de   um conhecimento heterossexual, branco e elitista. Assim, expor que existe outra forma de conhecimento sendo produzido. Além disto, existe a importância de desmistificar as ideias retrógradas que vinculam as lésbicas à degeneração. É importante trazer a visibilidade através da produção intelectual, para divulgar as lésbicas como detentoras e produtoras de conhecimento.

 

3 – Como foi o processo de catalogar as pesquisadoras?

Assim que pensamos em fundar o Lésbicas que Pesquisam, a ideia era catalogar essas pesquisadoras. Nos inspiramos na iniciativa “Mulheres também sabem”, que é um catálogo de pesquisadoras mulheres na área de humanas, mas queríamos abranger todas as áreas. Por isso, o LQP é formado por lésbicas de diferentes áreas e níveis de titulação. Para catalogar as pesquisadoras, fizemos uma página no Facebook e divulgamos um formulário,em que as mulheres interessadas poderiam se cadastrar. O formulário ficou no ar de agosto de 2017 a janeiro de 2018. O site foi desenvolvido por uma parceira do projeto, que não tem formação na área, e por isso o processo foi lento. Ela concluiu o desenvolvimento em agosto deste ano, quando disponibilizamos o catálogo. Agora, o cadastro é feito pelo site. Mas o processo é o mesmo, são as pesquisadoras que se cadastram, a partir de uma vontade própria.

 

4 – Você considera que lésbicas sofrem preconceito no ambiente acadêmico? Por que acredita que isto ocorre?

Acredito sim que as lésbicas sofrem preconceito no ambiente acadêmico, principalmente as que não performam a feminilidade, por serem o estereótipo do que é considerado uma mulher lésbica. Estas mulheres sofrem preconceito em todos os ambientes e também na academia, normalmente com comentários relacionados a aparência, hábitos e a capacidade intelectual.   Inclusive,   isto   é   relatado   em   uma   pesquisa   que   desenvolvemos   sobre   a comunidade lésbica da UFRGS. Não é algo generalizado, mas existe. E isto ocorre pelos posicionamentos machistas e misóginos dos professores e colegas. Por uma ideia antiga, e que é reproduzida, de que esse não é um lugar que mulheres devem circular, porque foi construído para receber homens de famílias ricas.

 

5 – Como você acredita que o ambiente acadêmico pode se tornar mais inclusivo?

Criando políticas de respeito às diversas formas de expressão da sexualidade e identitárias. O primeiro passo é que as instituições reconheçam a diversidade dos estudantes e torne como uma pauta criar políticas para atender as necessidades que essas pessoas possuem e agir a respeito das violações que sofrem dentro e fora do ambiente acadêmico. Precisa ser uma iniciativa institucional que iria influenciar no comportamento docente e discente. Eu realmente acho que o ambiente acadêmico só pode se tornar mais inclusivo se partir de uma iniciativa institucional de reconhecer que o público da universidade é amplo, deve ser acolhido e respeitado.

 

6 – Quais os planos futuros do Lésbicas que Pesquisam?

É sempre visar a expansão e divulgação do projeto. Antes, atuávamos só no Facebook, agora   estamos  no   site  e  Instagram.  O   nosso   plano   futuro   é   conseguir   uma   maior visibilidade   do   nosso   catálogo,   e   como   consequência,   dar   uma   maior   evidência   às pesquisadoras que participam do LQP. Além disso, nós temos um projeto chamado “50 lésbicas para lembrar”. Pesquisadoras do Brasil, México e Uruguai, estão pesquisando individualmente sobre a vida de uma mulher lésbica que seja lembrada por algum motivo. É um trabalho que vem sendo desenvolvido desde o começo de 2018. Nós estamos em uma etapa   após  um  processo  seletivo  que  ocorreu  no  começo  de  2019,  de  conclusão  das pesquisas e elaboração da primeira versão dos textos. Isto tudo significa que está sendo produzido um conhecimento inédito. O nosso maior plano para o futuro é publicar o livro dessas lésbicas que não podem ser esquecidas.

 

 

Por Daniela Valenga

 

Justiça restaurativa: um novo olhar sobre os conflitos

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O ser humano é um sujeito essencialmente relacional, só existe na relação com o outro. O conflito surge do confronto da minha vontade com a do outro e é intrínseco da vida em sociedade, um elemento estrutural de qualquer relação. O conflito não é negativo e não significa violência, pois proporciona aos sujeitos uma oportunidade de mudança – quando estes se dispõem a encontrar uma melhor resposta e estratégias para suprirem necessidades e alcançar objetivos. No entanto, por vezes, ao invés de encontrar e forjar a criação de estratégias por meio de cooperação e parceria para a satisfação de necessidades que potencializam o desenvolvimento humano, muitos utilizam a violência para resolver seus conflitos. E é na violência – impaciente, precipitada e violenta do tempo – que reside a problemática.

Pensar em resolução (ou transformação) de conflitos, impõe analisar todas as causas que contribuíram para aquela situação ao mesmo tempo que se pensa no “desenlace” do aperto e desconforto que esta situação conflituosa causa, porém, de forma não violenta. Para que isso aconteça, a inclusão de todas as pessoas envolvidas no conflito para a construção de uma resposta satisfatória é essencial, uma vez que é delas a prerrogativa de decidir como isso será perfectibilizado e quais as necessidades poderão ser atendidas. À essa mudança de olhar sobre o conflito, chamamos de justiça restaurativa.

A despeito das múltiplas influências que propiciaram o seu surgimento, todas elas convergem quanto às preocupações sobre o crime, à crítica ao sistema penal e suas formas de violação de direitos e práticas de injustiça. Isto posto, a justiça restaurativa contribui para a compreensão da complexidade que são os conflitos de forma inclusiva, já que as ferramentas ofertadas pelo sistema penal retributivo acabam por reificar os envolvidos de forma que estes não veem sentido na punição, seja pelo viés da vítima: que se sente excluída do processo, ou pelo viés do ofensor: ao qual não se oportuniza o processo de responsabilização e reparação de danos.

O sistema restaurativo prioriza o envolvimento dos sujeitos e da comunidade para a resolução ou transformação do conflito com a intervenção da rede de atendimento e de proteção psicossocial calcada em políticas públicas, a fim de amparar as necessidades individuais e coletivas, com base nos princípios inerentes a essa prática, como, por exemplo: a voluntariedade, a confidencialidade e a informalidade. Assim sendo, a justiça restaurativa é considerada uma troca de lentes, um instrumento de devolução do conflito para as partes com a inclusão da vítima e da comunidade no processo, uma política pública de prevenção criminal, porquanto, transforma o sistema meramente punitivo em atividades que conjugam processo colaborativo e participativo e abarque vítima, ofensor e comunidade na construção conjunta e cocriativa da melhor resposta, incluindo a responsabilização e reparação de danos em seu processo.

Por Paloma Machado Graf

Advogada. Mestre em Ciências Sociais Aplicadas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Facilitadora de Círculos de Construção de Paz e instrutora do Curso de Capacitação em Justiça Restaurativa certificada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná e AJURIS.

DCE e Grupo de Identidade de Gênero colocam bandeira LGBT na frente da UEPG

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A fachada do Campus Central da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) ganhou as cores da bandeira LGBT na terça-feira (25), em comemoração ao mês do Orgulho Gay. Colocada pelo Grupo Universitário de Diversidade Sexual e Identidades de Gênero (GUDI-UEPG) e o Diretório Central Estudantil (DCE), a bandeira, que representa gays, lésbicas, travestis, transexuais + ficará por apenas alguns dias na fachada na Universidade.

Para a estudante de Letras e membro do DCE, Clara do Prado, é preciso mostrar as cores do grupo e também lembrar os 50 anos do ataque na boate Stonewall. “A intenção era colocar a bandeira no dia 28, pela data simbólica, porém em razão da greve dos professores adiantamos uns dias para que possam ver a bandeira que foi colocada junto com os estudantes, DCE e o GUDI”, explica Clara.

Foto: Luiz Zak
Foto: Luiz Zak

Stonewall- um marco para a comunidade LGBT mundial

Em 1969, frequentadores do bar Stonewall Inn, em Nova York, decidiram se rebelar contra a repressão policial. Naquele tempo, ser homossexual era considerado crime nos Estados Unidos. Vestir peças de roupas que não fossem relacionadas ao que culturalmente se convencionou como ligação ao gênero de nascimento poderia ser motivo para prisão. A venda de bebidas alcoólicas também era proibida para esse grupo.

No dia 28 de junho, a polícia apareceu no bar, como era de costume, batendo e ameaçando prender os clientes, assim como ameaçando prender os empregados por vender bebidas ilegais, e prendendo vários clientes por conta das vestimentas “inapropriadas”. O público que estava no lugar começou a jogar garrafas nos policiais, o que causou confrontos que se seguiram por dez dias.

Um ano depois surge a primeira Parada do Orgulho LGBT

Em 1970, dez mil pessoas se reuniram para comemorar um ano da revolta, dando início às paradas LGBT+, que acontecem em vários lugares do mundo. No Brasil, a mais frequentada é da São Paulo, que no ano de 2019, no dia 23 de junho, reuniu cerca de 3 milhões de pessoas, segundo a organização do evento.

 

infográfico: Confira os dados da AIDS em Ponta Grossa

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De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretária de Vigilância e Saúde do Brasil, no período de dez anos, 2007 a 2017, a taxa de detecção apresentou queda de 9,4%. Vale ressaltar que no estado de Tocantins, não houve declínio, mas um aumento de 142,6%. No Paraná, a taxa de detecção de aids apresentou um declínio de 7,2% neste mesmo período.

No município de Ponta Grossa é possível conferir os dados fornecidos pela Secretaria Municipal da Saúde, apresentado através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-NET). Confira o infográfico:

Mudança na estruturação das pastas relacionadas à aids

O Governo Federal mudou a estrutura do departamento que cuida especificamente do combate à aids no Ministério da Saúde. Via decreto presidencial, o presidente Jair Messias Bolsonaro determinou que o Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), Hepatites Virais e Aids passa a se chamar Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, adicionando outras doenças na mesma pasta que cuida especificamente do HIV.

O Departamento de Aids sofreu uma reestruturação, sendo que algumas doenças como tuberculose e hanseníase, foram inseridas dentro da pasta que trabalha com o HIV. Um dos maiores índices de co-infecção de pessoas que vivem com o HIV é a tuberculose. De acordo com o site UNAIDS, a tuberculose é a doença que mais mata pessoas vivendo com HIV+ no mundo, causando uma em cada três mortes relacionadas à aids.

Por Matheus Rolim