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Jornalistas mulheres se unem e denunciam assédios e violações

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No último domingo (1º de abril) a Assessora de Comunicação do Operário Ferroviário Sport Clube, Bianca Ivone Machado, de Ponta Grossa, Paraná, foi assediada verbalmente em Irati, também no Paraná, no estádio Emílio Gomes, enquanto exercia seu trabalho. O caso aconteceu no fim da partida após o time do Operário ganhar do Iraty. Cerca de 20 torcedores do Iraty Sport Club, entre homens e mulheres, atacaram Bianca verbalmente inúmeras vezes. A tentativa de um fotógrafo que estava presente de defender Bianca fez com que a torcida hostilizasse a jornalista mais ainda.

 Na terça-feira (dia 3 de abril) Bianca foi até a delegacia e realizou um Boletim de Ocorrência. A assessora filmou com seu celular o que estava acontecendo, mesmo assim a torcida não se intimidou e continuou hostilizando e ofendendo a mesma. Em nota, em uma de suas redes sociais, Bianca afirmou : “Durante os jogos, costumo ficar de fones de ouvido escutando alguma rádio que esteja transmitindo o jogo. Desde que comecei a trabalhar com isso, os fones também têm sido uma alternativa para não ouvir as ofensas quando passo em frente à torcida adversária”, mostrando a gravidade da situação, que não á algo novo.

Duas semanas antes, a repórter Renata Medeiros, da Rádio Gaúcha, foi insultada e agredida fisicamente por um torcedor enquanto cobria o jogo do Grêmio contra o Internacional. O torcedor disse “Sai daqui, sua puta” para a jornalista.  Na mesma semana, em cobertura ao vivo da partida do Vasco contra Universidad do Chile, pela libertadores, Bruna Dealtry, repórter do canal Esporte Interativo, durante uma entrevista com os torcedores foi beijada, à força por um torcedor.  Bruna ficou constrangida, disse que a atitude “não foi legal”, e continuou a transmissão.

A jornalista Aline Leonardo, de Francisco Beltrão no Paraná, trabalha com esporte na cidade e é a única mulher no meio de 17 colegas de profissão. Aline considera deprimente a falta de respeito com as mulheres que estão apenas realizando seu trabalho.  “Aconteceu comigo principalmente no início (estou entrando na terceira temporada), de ouvintes mandarem recados falando coisas que não tinham nada a ver com o meu trabalho. Eram elogios, mas desnecessários naquele momento, fugia de todo o contexto, então eu ficava extremamente constrangida e nervosa. No ginásio, pediam pra tirar fotos, ficavam mandando beijo. Ano passado, em um jogo da LNF (Liga Nacional de Futsal), eu estava indo para a cabine e um homem me pegou pelo braço para dizer que ouviria a nossa transmissão. É desafiador enfrentar tudo isso, é o principal motivo que me faz relutar em ser repórter de quadra”, concluiu Aline.

                Marcilei Rossi, jornalista que atualmente trabalha em Pato Branco, Paraná, quando questionada sobre a dificuldade que uma mulher encontra nas redações de jornais afirma: “Não costumo “deixar barato”, pois acredito que o potencial e a qualidade de trabalho de um profissional não se medem por ser homem ou mulher”.  Marcilei também conta que, em mais de nove anos se dedicando exclusivamente ao jornalismo, já se deparou com diversas situações indesejadas, incluindo na área política e esportiva. Nos estádios ela já escutou que não deveria estar lá, por ser mulher, e rebateu “Não é porque sou mulher que não entendo de esportes”.

                Beatriz Lima de Castro, jornalista em Curitiba, acredita que o preconceito e a falta de respeito com mulheres que estão trabalhando vêm de uma falta de conscientização, principalmente com mulheres que trabalham no meio esportivo, que é considerado “lugar de homem, não de mulher”. Ela diz que os casos de desrespeito acontecem nos grandes estádios, mas principalmente nos jogos da suburbana, onde se tem pouca segurança e controle sobre as torcidas, dando espaço para que o preconceito e o assédio se façam presentes. “Muitos torcedores, pelo o que eu percebo, eles partem do pressuposto que a gente está no estádio, à gente não está onde deveria estar, que aquele não é um lugar apropriado para uma mulher. Então, para eles, nós temos que aceitar e arcar com as consequências do que vamos escutar, dos gestos que nós vemos”.

                Em meio a tantos casos graves de assédio foi criada a hashtag “#DeixaElaTrabalhar” por um grupo de 52 jornalistas que trabalham com esporte, entre elas, apresentadoras, repórteres e assessoras de vários veículos e emissoras. Segundo as jornalistas, que se colocam como representantes de todas as mulheres que atuam na mídia esportiva, o objetivo da manifestação é lutar conta o assédio sexual e moral sofrido por todas nos estádios, nas redações e nas ruas. O grupo exige punição contra assediadores, além de mais respeito ao seu trabalho e até melhorias estruturais, pois há estádios no Brasil em que não há banheiros femininos, mostrando o ambiente machista em que as jornalistas se submetem. A repercussão da hashtag foi mundial, jornais como BBC e The Guardian, da Inglaterra, L’Equipe, da França, e Deutsche Welle, da Alemanha, publicaram sobre a iniciativa

Aline Leonardo afirma que se sente representada pela hashtag: “Nossas realidades são tão diferentes, mas os problemas são os mesmos. Isso só reforça que precisamos seguir e precisamos estar juntas, mesmo que seja através desses movimentos, pra saber que não estamos sozinhas na briga” afirma Aline.

                “ Nosso pedido é simples. É de uma forma que não agride a ninguém e batemos na mesma tecla de gigantes empresas de comunicação do Brasil: #DeixaElaTrabalhar.”

 

Por Milena Oliveira

Nota de lamento a Nathalia Deen

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O Grupo de Extensão Elos tem como sua principal finalidade informar e orientar a comunidade, através do desenvolvimento de atividades e produções jornalísticas, sobre os direitos de cada cidadã e cidadão, e que são garantidos especialmente pela Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). Por isso, a nossa equipe, através dessa nota de lamento, expressa sua indignação e repúdio à violação do direito básico à vida, ocorrida na madrugada desta sexta feira (6), com o assassinato da estudante de Agronomia da UEPG, Nathalia Deen.

Mais um crime de feminicídio dentre tantos que ocorrem diariamente nas cidades brasileiras. Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), de 2010 a 2015, mostram que foram registrados em média 4,5 assassinatos para cada 100 mil mulheres. O feminicídio caracteriza-se como um homicídio qualificado por questões de gênero, ou seja, mulheres que são assassinadas pelo fato de serem mulheres.

Somos estupradas, violentadas e assassinadas constantemente. Fechamos os olhos e ouvidos diante de abusos cometidos contra nossas amigas, colegas, irmãs e mães. O silêncio mata. Precisamos gritar diante de todo esse absurdo e exigir que as nossas vozes sejam ouvidas e nossas vidas preservadas.

O Elos lamenta a morte de Nathalia e de todas as mulheres vítimas de feminicídio. Desejamos paz e conforto a todos os seus amigos e familiares. Continuaremos na luta pela garantia dos nossos direitos.

Lista de serviços das entidades e associações em Ponta Grossa

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A equipe do Elos fez uma busca das entidades e associações que prestam diversos tipos de serviços beneficentes e auxiliadores na cidade de Ponta Grossa, confira:

Associação de Amigos da Pastoral da Criança (Aapac Diocese De Ponta Grossa)

Rua: Pca Marechal Floriano – 581 – 2 Andar Sala 10

Centro

Cep: 84010680

Telefone: 42-32227971 ou (42)32222266

E-Mail: marquescesar@Brturbo.com.br ou pastoralpg@ig.com.br

Facebook: www.facebook.com/Pastoral-da-Criança-Diocese-de-Ponta-Grossa-348720641999927/

Horário de atendimento: 08h à 12h e das 13h às 17:30min

Asilo São Vicente De Paulo

Rua: Júlio De Castilhos – 1104 – Casa

Centro

Tel: 42-32240827

E-Mail: asilo.svp@brturbo.com.br

Facebook: www.facebook.com/pages/Asilo-Sao-Vicente/122256557955126

Horário de atendimento: das 08h às 17:30min

Associação de Proteção à Maternidade e Infância Pureza Ribas (APMI)

Rua: Reinaldo Ribas Silveira – 156

Bairro: Ronda

Tel: 42-32227971

Associação Artesanal do Excepcional de Ponta Grossa (Gtpmas Smas)

Rua: Prefeito Brasilio Ribas – 775

Bairro: São José

Tel: 42-32249017

Facebook: www.facebook.com/gtpmas.smas

Horário de atendimento: das 8h às 12h e das 13h às 17:30min

Associação Assistencial Espírita Messe de Amor

Rua: Fernandes Vieira – 231 – Vila Hilgemberg

Bairro: Uvaranas

Tel: 42-32248806 ou (42) 3027-1347

Facebook:www.facebook.com/pages/Associacao-Assistencial-Espirita-Messe-de-Amor/185161538531148?ref=br_rs

Associação Beneficente dos Campos Gerais Madre Paulina

Rua: Julio De Castilho – 642 –

Centro

Tel: 42-30285806

Associação Beneficente Lua Nova (Trabalho com educação infantil)

Rua: Stefano Kozar – 55

Bairro: Boa Vista

Tel: 42-32227971

Associação Comunitária de Apoio ao Centro Pontagrossense de Reabilitação Auditiva e da Fala Geny de Jesus Souza Ribas

Rua: Washington Luiz – 100

Bairro: Jardim Conceição

Tel: -32356432

Horário de atendimento: 7:20 min às 11:45min, das 13h às 17h e das 18:30min às 22h

Associação de Promoção à Menina (Apam)

Rua: República São Salvador – 870

Bairro: Vila Madureira

Tel: 42-32276048

Horário de atendimento: das 8h às 17:30min

Associação Reviver de Assistência ao Portador do Vírus Hiv

Rua: Manoel Soares Dos Santos – 585

Bairro: Vila Liane

Tel: 42-32384158

Facebook: https://www.facebook.com/reviver.pg/

Horário de atendimento: das 08h às 17:30min

Rede Feminina de Combate ao Câncer

Rua: Prof. Judith Macedo Silveira – 213

Bairro: Olarias

Tel: 42-32247014

Horário de atendimento: 8h às 11h e das 12h às 18h

A falta do debate público sobre causas defendidas por Marielle

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Nas últimas semanas, a morte da vereadora do PSOL, do Rio de Janeiro, Marielle Franco, que aconteceu no dia 14 de março, ganhou destaque nas manchetes da maioria dos jornais do país. O caso ficou tão conhecido e comentado que chegou a ser notícia em mídias internacionais como, El País, El Mundo, The Guardian, Clarín, dentre outros.

Estas notícias, em muitos casos abordaram a morte de Marielle como sendo um possível crime político, já que ela também era relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar a intervenção federal, via exército, na segurança pública na cidade. A vereadora também lutava pelo respeito aos direitos humanos e civis. Outro ponto ressaltado pela imprensa internacional e nacional em diversos momentos foi a luta da vereadora em favor aos direitos humanos.

Apesar da grande repercussão sobre a morte da vereadora, pouco foi falado sobre o assunto nas mídias locais. Analisados dois dos principais veículos sediados em Ponta Grossa, sendo eles o jornal impresso Diário dos Campos e o jornal televisivo Paraná Tv 1ª e 2ª edição. No período de 15 de março (um dia após o assassinato de Marielle), até o dia 25 do mesmo mês, foram apresentadas um total de três matérias divulgadas.

Uma peculiaridade que se encontra nestas três notícias é o fato de todas terem sido feitas por agências ou assessorias, nenhuma foi produzida na cidade. Mesmo com passeatas em apoio ao caso na cidade, nenhum dos veículos cobriu ou emitiu qualquer nota sobre os eventos.

Com relação ao conteúdo das notícias, nenhuma delas aprofundou sobre os as causas e lutas que Marielle estava envolvida, como por exemplo com movimentos sociais, os direitos humanos, direitos civis, os direitos das mulheres negras e do movimento LGBT. Todas se restringem aos detalhes do assassinato da vereadora e do seu motorista. Desta forma, percebe-se em um caso extremamente divulgado pela mídia, nacional e internacional, a falta do debate público sobre questões de gênero, raça e direitos civis e humanos na imprensa de Ponta Grossa.

 

Kethlyn Lemes

Links: https://www.diariodoscampos.com.br/noticia/procuradora-avalia-pedir-federalizacao-de-investigacao-da-morte-de-marielle-franco https://www.diariodoscampos.com.br/noticia/vereadora-do-psol-e-assassinada-a-tiros-no-centro-do-rio https://www.diariodoscampos.com.br/noticia/para-marun-luta-politica-de-marielle-pode-ter-motivado-assassinato

DIREITOS HUMANOS É COISA DA ESQUERDA!?

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Ideia recorrente em qualquer debate sobre direitos humanos é aquela que atribui às ideologias de esquerda o domínio exclusivo sobre tal matéria, como se a direita não se importasse com estes direitos, os quais serviriam apenas aos bandidos. Em sua simplicidade derivativa do senso comum, tal pensamento incorre, dentre vários outros, em um grave equívoco: reservar a uma única doutrina um ideário que, historicamente, serviu – e ainda serve – a inúmeras delas, de várias vertentes.

Seguindo no tema proposto, é preciso ter em mente que os Direitos Humanos formam um todo complexo, ao qual, no decorrer da História, foram sendo agregados inúmeros direitos de naturezas diferenciadas. Grosso modo, três são as naturezas – ou, mais tecnicamente – dimensões dos Direitos Humanos. Vejamos, resumidamente, quais são elas:

– 1ª dimensão: foi concretizada em 1789, pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, documento que sintetizou, em seu artigo 2º, os diretos buscados pela Revolução Francesa: liberdade, propriedade, segurança e resistência à opressão. A luta de então decorria contra um Estado Absolutista cujo poder despótico controlava, ao bel-prazer do Governante, a vida dos cidadãos, e, portanto, a garantia dos referidos direitos foi um marco jurídico, criando a figura do Estado de Direito. Outrossim, foi um passo importante no desenvolvimento do capitalismo, afinal os altos impostos cobrados no absolutismo impediam o livre comércio. Vale notar que a burguesia passou a exercer as liberdades (econômica, de circulação, de expressão, dentre outras) sem freios, mas tal possibilidade não foi concedida aos escravos, mulheres e indigentes, que permaneciam à mercê das vicissitudes da época.

– 2ª dimensão: pela influência da Revolução Francesa sobre outros países, como Estados Unidos e Inglaterra, bem como pelas novas tecnologias da Revolução Industrial, o capitalismo amplia-se substancialmente, alicerçando-se nas péssimas condições de trabalho, e na concentração de renda nas mãos da burguesia. Tal conjuntura leva, em 1848, à publicação do Manifestado do Partido Comunista, por Marx e Engels, denunciando os males do capitalismo. Para se ter uma ideia, idosos, crianças e mulheres grávidas faziam jornadas de 12 horas diárias ou mais. E até mesmo a Igreja Católica, em 1891, publica a encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII, que denuncia a concentração de renda e aponta a exploração como algo desumano, mas refuta o socialismo. A partir de então, não apenas trabalhadores, mas outros grupos vulneráveis, como mulheres, consumidores, negros, crianças – e, posteriormente, LGBTQ e deficientes – passam a ter direitos específicos, de forma a ascender tais indivíduos, promovendo uma igualdade material destes para com os demais. Tal é o nascedouro do Estado de Bem-estar Social, que passa a ser adotado por vários países, inclusive os EUA, com seu programa New Deal, depois da quebra da bolsa de NY em 1929. Hoje, tal proposta é concretizada com os programas de redistribuição de renda, como o Bolsa-Família.

– 3ª dimensão: o final da 2ª Guerra Mundial deixa claro que não basta apenas alguns países buscarem a paz, mas é preciso um esforço global que busque tal objetivo. Assim, em 1945 é criada a ONU, que também estabelece, além da paz mundial, outros direitos como supranacionais, como o meio-ambiente e a democracia. Em 1948, é publicada a Declaração Universal da Nações Unidas, que sofreu resistência do bloco soviético por, entre outros temas, considerar a propriedade privada como direito humano.

Deste modo, os Direitos Humanos foram um todo indivisível, com inúmeros direitos de natureza diversas, que serviram, historicamente, tanto à políticas de esquerda como direita. E, assim, eles são exercidos, diariamente, por pessoas cujas ações são totalmente diversas, a depender de seus objetivos. Se, por exemplo, uma mulher exige a pensão alimentícia do filho, está garantindo seu direito à alimentação. Por outro lado, se um cidadão se manifesta contra o governo, ao bater panelas, exerce seu direito à livre expressão. Ademais, diversos países, segundo sua própria história e cultura, têm políticas que garantem Direitos Humanos, inclusive de modos opostos. O Brasil, por exemplo, limita severamente a venda de armas de

fogo, para garantir o direito à segurança pública, enquanto que os EUA a possibilitam de modo amplo, argumentando a favor dos direitos à liberdade e propriedade privada.

Se, no Brasil de hoje em dia, há a impressão de que os Direitos Humanos estão mais voltados à esquerda, é porque a dominância do sistema capitalista faz com que tais direitos tentem minimizar seus reflexos negativos, tentando promover uma igualdade entre diferentes. Porém, como os exemplos referenciados demonstram, mesmo as políticas e cidadãos “de direita” se beneficiam igualmente deles, comprovando que tais direitos buscam, em resumo, concretizar a dignidade humana, conforme a compreensão deste conceito segundo o país e época onde são aplicados.

Pedro Fauth Manhães Miranda

Jornalismo, responsabilidade e violência contra a mulher

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Em termos meramente técnicos, fazer jornalismo é levar informações relevantes e corretas para a sociedade. Olhando assim, parece simples: basta levantar, checar e transmitir fatos sobre um assunto.

É só pensar na quantidade de pessoas que formam suas opiniões e visões de mundo a partir do que leem, ouvem ou assistem nos noticiários para entender que não é assim tão fácil. Fazer jornalismo envolve ter responsabilidade sobre o que se levanta, checa e, principalmente, transmite ao público.

Manchetes e reportagens são poderosas. Elas podem reforçar preconceitos sobre um tema ou ajudar a desfazê-los.

A violência contra as mulheres, por exemplo, é um assunto cercado de pré-julgamentos. Quem nunca ouviu alguém dizendo “ela mereceu”? Ou homens justificando seus atos dizendo que foi um “momento de loucura”? A cobertura da imprensa sobre esses crimes pode acentuar ou enfraquecer essas narrativas.

O jornalismo parece ter escolhido a primeira opção. Segundo levantamento do Instituto Patrícia Galvão divulgado em novembro de 2016, a maior parte da cobertura da imprensa sobre casos de feminicídio minimiza o comportamento do assassino ou dá a entender que alguma atitude da vítima provocou a violência.

Ao destacar os discursos que tentam justificar os crimes, o jornalismo contribui para que a sociedade continue vendo a violência contra a mulher de forma superficial e aceitável, quando ela precisa ser vista como uma violação a direitos humanos a ser exposta e combatida.

Não se trata de transformar reportagens em campanhas pelo fim da violência contra a mulher. Mas é preciso relatar os fatos com profundidade e olhar crítico, sem cair na tentação de apenas reproduzir declarações e visões parciais de mundo.

Fazer jornalismo responsável é uma forma de defender os direitos humanos. Se não por consideração à sociedade, que seja por auto-preservação. Afinal, a atividade só existe enquanto um direito humano fundamental — a liberdade de expressão — existir e for respeitado.

Marina Iemini Atoji é jornalista formada pela ECA-USP. Desde 2011, é gerente executiva da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), onde coordena projetos e ministra treinamentos sobre acesso a informações públicas. Já trabalhou na ONG Transparência Brasil como editora e pesquisadora no projeto Excelências, banco de dados sobre congressistas brasileiros.

ENSAIO: A LUTA NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

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A equipe do Elos realizou um ensaio fotográfico livre das mulheres no Dia Internacional da Mulher na cidade de Ponta Grossa. Confira as fotos realizadas no dia 08 de março de 2018.

VÍDEO: MARCHA DAS MULHERES EM PONTA GROSSA

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A Equipe do Elos acompanhou a “Marcha das Mulheres”, durante a tarde do dia 8 de março, para saber como essas mulheres enxergam a luta.

Confira o vídeo:  https://www.youtube.com/watch?v=4fr05VYxAsA&t=26s

“Juntas somos mais fortes”: a luta das mulheres pontagrossenses

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Ana Luisa Vaghetti e Jaqueline Andriolli

 

Foto: Matheus Rolim

No dia 8 de março, um ato de luta e resistência tomou conta da Praça dos Polacos, no centro de Ponta Grossa, distante cerca de 100km da capital Curitiba. A tarde teve início com a concentração das representantes do Sindicato dos Trabalhadores de Educação Pública do Paraná (APP – Sindicato Ponta Grossa), seguida de declamação de poemas e apresentação do Coral Canta APP, que atua há doze anos na cidade. “É dia de sair de casa, dia da mulher ocupar o lugar que sempre foi dela, dia de lutar e estar nas ruas”, afirma a aposentada de 66 anos e integrante do Coral, Maria Begair Ciqueira.

O grupo Sororidade Minas PG organizou uma Marcha das Mulheres, no final da tarde, que seguiu da praça em direção ao terminal central da cidade. O ato foi marcado por gritos de luta, cartazes e músicas feministas. A manifestação contou com mulheres de diversas idades e representantes de mais de 19 entidades e organizações do município. “Eu luto para alcançar a igualdade, ser o que eu quero ser e não o que a sociedade impõe para mim ou espera que eu seja”, defende a estudante de 15 anos e representante do coletivo Kizomba, Giulia Paolla.

A origem do Dia Internacional da Mulher está relacionada com a luta de mulheres para melhores condições de trabalho, no fim século 19. As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas diárias e os salários baixos levaram as mulheres de vários países a reivindicar melhores condições e o fim do trabalho infantil na época.

Foto: Matheus Rolim

O marco para as lutas femininas foi o incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York, em 1911, onde cerca de 130 operárias morreram. Mas foi só a partir dos anos 1960 que a data 8 de março passou a ser escolhida para os protestos a favor da igualdade de gênero. No Brasil, a data também foi representada por protestos durante a Ditadura Militar de 1964. Até que em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.

Em Ponta Grossa, a primeira Marcha de Mulheres no dia 8 de março aconteceu em 2017. No ano passado, a marcha foi organizada pelo evento 5º Colóquio Mulher e Sociedade, promovido pelo Grupo de Jornalismo e Gênero, do Curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e por trabalhadoras rurais pertencentes ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Como mulher do MST, a luta é contra o machismo e com a sociedade externa, que vê a mulher do movimento como masculinizada e que não tem amor na família, eles não conseguem traduzir a mulher de força. É uma luta por educação, por inclusão, respeito e igualdade”, afirma a representante do MST, de 36 anos, Adriana Prestes.

Foto: Erica Fernanda

Representantes de entidades da cidade também estão na luta para implantar legalmente um Conselho Municipal que defenda os direitos das mulheres. Inativo desde 2007, o Conselho ainda não está estruturado conforme as leis municipais. A presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres, Roselia Ribeiro, explica que um projeto de lei já foi elaborado para oficializar o decreto que permite a atuação do Conselho em Ponta Grossa. “Nosso objetivo é cobrar e lutar pelos direitos das mulheres, queremos um trabalho em conjunto, pois só alcançamos o empoderamento da mulher a partir da luta coletiva”, destaca Roselia.

* Produção compartilhada com o Portal Catarinas (http://catarinas.info/ e https://www.facebook.com/portalcatarinas/ ), que realizou uma cobertura colaborativa de abrangência nacional do dia 8 de março de 2018.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER CONTA COM DIVERSAS MANIFESTAÇÕES EM PONTA GROSSA

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Nesta quinta-feira, dia 8, é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Em várias cidades do Brasil ocorrem marchas, passeatas e manifestações para marcar a data. No município, a APP Ponta Grossa (Sindicato dos Trabalhadores de Educação Pública do Paraná) e o grupo Sororidade – Minas PG (SMPG), vão contar com algumas programações.

A APP Ponta Grossa chama as pessoas interessadas para a Feira de Economia Solidária, a partir das 14 horas. Após a feira, será feita a abertura com o coral Canta APP, às 16 horas. A partir das 17 horas vai ocorrer A Representação dos Movimentos Sociais e Sindicais. O local dessas programações será a Praça Barão de Guaraúna (Praça dos Polacos).

O grupo Sororidade, fundado no ano de 2016, que acabou integrando-se a diversos coletivos feministas da cidade, vai realizar a Marcha do Dia das Mulheres com concentração às 17h na Praça dos Polacos e saída às 18h até o Parque Ambiental. No parque haverá um microfone para discussões, falas abertas, sarau e música.

O grupo também está promovendo uma campanha de arrecadação durante o mês de março. O objetivo é conseguir produtos de higiene e agasalhos para doar para uma instituição que dá assistência a moradores de rua.

O dia vai ser representativo para a manifestação de lutas das mulheres de Ponta Grossa. Para saber mais informações sobre os eventos, a página do Facebook do SindUEPG está sendo também atualizada com mais programações pela cidade. Confira:

https://www.facebook.com/sinduepg/posts/2077675062504476