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Projeto Elos realiza oficina de editoração na UEPG

No último dia 17, foi realizada no laboratório de produção de texto do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), mais uma oficina promovida pelo Projeto de Extensão Elos, em parceria com o Colégio Estadual Elzira Correia de Sá. Essa é mais uma, das diversas etapas de colaboração do projeto Elos com a escola, que está desenvolvendo produções jornalísticas próprias, e conta com o apoio do projeto para a capacitação e supervisão dos trabalhos.

As oficinais de capacitação, que têm ocorrido periodicamente, desde 2018, nessa oportunidade, trabalhou noções gerais sobre o programa de editoração Scribus. A atividade foi conduzida pelos estudantes de Jornalismo e integrantes do Elos, Patrícia Guedes e Matheus Rolim e acompanhados pela professora Graziela Bianchi. “Essa experiência foi muito marcante para mim, não apenas por participar do projeto mas também por conta do interesse dos alunos em fazer um jornal escola. É esse tipo de pensamento que devemos cultivar nos alunos, de ter a capacidade de olhar e refletir sobre a própria realidade e, usando as práticas jornalísticas, propor novas mudanças”, relatou Patrícia, ministrante da oficina. Estiveram presentes estudantes do Colégio Elzira, acompanhados pela professora Maria Antônia Marçal e a servidora Rosângela Dias Canto.

Foto: Fernando Oliveira

A partir das informações obtidas nessa oficina, os estudantes da escola estadual poderão desenvolver os processos de diagramação do seu próprio jornal, o Elzirão News. Em atividade a ser agendada em breve, os estudantes que integram o Elos irão novamente até a escola Elzira para dar continuidade às atividades de produção do jornal.

Audiência pública discute feminicídio em Ponta Grossa

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No dia 03 de abril, os vereadores Rudolf Polaco (PPS)e Jorge da Farmácia (PDT) organizaram uma audiência pública na Câmara Municipal de Ponta Grossa sobre feminicídio. Em 2016, entrou em vigor a lei 13.104/15 que tipifica feminicídio como homicídio qualificado quando o crime é praticado por condições diretamente relacionadas ao fato da vítima ser do sexo feminino.

Foto: Matheus Gastaldon

Segundo a delegada Cláudia Kruger, responsável pela Delegacia da Mulher na cidade, a lei trouxe situações jurídicas novas e eficazes. Entre elas, a possibilidade das medidas protetivas de urgência, a instauração de inquérito policial e a 4° vara criminal em Ponta Grossa. Os números apresentam demandas crescentes. O ano de 2018 fechou com mil inquéritos e 800 medidas protetivas. Em 2019, nosprimeiros três meses, já foram registrados 300 inquéritos e quase 700 boletins de ocorrência, de acordo com dados apresentados pela delegada durante a audiência.

“Enxergo esses números por um lado de maneira positiva, ou seja, as denúncias estão acontecendo. Por outro lado, os crimes de violência doméstica trazem uma complexidade muito grande, porque o agressor detém duas vantagens em relação a sua vítima: a relação de confiança e a de convivência”, explica Kruger.

Foto: Matheus Gastaldon

A presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres, Roselia Ribeiro, enfatiza a importância da audiência pública para discutir melhores políticas públicas. “A audiência pública é sempre bemvinda, desde que seja bem divulgada. Sentimos a falta de entidades da sociedade civil serem convocadas, como psicólogas e pedagogas que fazem atendimento direto com a comunidade”, reclama.Ribeiro aponta que a proposta mais prática apresentada na audiência veio do próprio conselho, que seria a de prevenção. “Levar a lei do feminicídio através das escolas municipais, através da educação básica”, afirma.  

Foto: Matheus Gastaldon

O vereador Rudolf Polaco enxerga que a audiência foi produtiva, “veio pessoas que esperávamos e veio além dessas pessoas. Essa audiência irá colher muitos frutos” declara. De acordo com o vereador, pretende-se publicar uma carta aberta para buscar recursos estaduais e federais para “dar suporte para as entidades que vieram aqui se queixar e trouxeram suas necessidades”, e complementa, “vamos procurar recursos federais e estaduais para aplicar nas delegacias, nos CREAS (Centro de Referência Especializado em Assistência Social) e nas CAPS ( Centro de Assistência Psicossocial)”. A carta aberta ainda não foi publicada.

“O pensamento crítico do aluno é um dos objetivos fundamentais da educação”, reflete o presidente da Associação Brasileira de Ensino de História

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Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), o professor Luis Fernando Cerri atua no Departamento de História da universidade Estadual de Ponta Grossa, é membro ativo da Red de Especialistas em Docencia, Difusion e Investigación en Enseñanza de la História (REDDIEH – México) e é presidente da Associação Brasileira de Ensino de História-ABEH (mandato 2019-2020). Para o site Elos, o especialista discute o ensino de Política nas escolas brasileiras, o atual debate sobre a Ditadura Militar e a atenção que o discurso do “Escola sem Partido” vem ocupando no cenário nacional. Acompanhe a entrevista:

 

Elos: Como o ensino da História pode ajudar na formação do pensamento crítico do aluno?

Professor Luis Fernando Cerri: O ensino da História amplia a cultura histórica, ou seja, dá ao aluno o acesso pensado, refletido e raciocinado a outros tempos e outros espaços. A partir do momento que este aluno começa a pensar como a vida se desenvolvia em outros tempos, ele tem condições de fazer um julgamento crítico da sua própria vida, analisando a sua realidade com um olhar mais amplo. Entretanto, o resultado deste processo dá uma liberdade muito grande para o aluno que, ao pensar criticamente, é capaz de repensar a sua identidade de formas que podem não ser aquilo que nós, professores, gostaríamos. Portanto, a formação do pensamento crítico nunca pode ser a imposição de determinados padrões. Há alguns limites, por exemplo, nós não podemos permitir a construção de pensamentos que sejam destrutivos.

 

Recentemente, o ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro, Ricardo Vélez Rodríguez, disse querer substituir os livros didáticos de História por livros que contassem somente “a verdade” sobre a ditadura militar. Por sua vez, o atual ministro, Abraham Weintraub, também já se declarou contra o “marxismo cultural”. Quais as consequências da omissão e/ou esquecimento de fatos históricos pelo ensino escolar?

É muito interessante nós considerarmos que os mesmos grupos de extrema-direita que vêm falando que nas escolas se desenvolve uma doutrinação, são grupos que querem adotar medidas, como esta do ex-ministro Vélez, de censurar o ensino da História. A pergunta é: será que a verdade dele é a verdade, mesmo? Porque o que ele diz sobre o regime militar não é uma verdade embasada cientificamente. E, mesmo no campo da ciência, nós ainda temos algumas controvérsias. Não há controvérsia sobre o fato de que foi um golpe, uma ditadura – isto já está consolidado na discussão dos pesquisadores. Então, o que um ministro como este pretende, ou pretendia (parece que o novo ministro não é muito diferente), é estabelecer uma doutrinação de direita. É triste nós vermos isto. Na educação, ao invés de verificarmos as falhas que temos no processo de ensino para que os alunos tenham uma visão melhor, estamos buscando destruir um ponto de vista e preservar o outro. Então, se o ministro está falando de verdade como um item de fé, ele não está pensando em formação do pensamento crítico. Para tal, nós precisamos considerar o debate e o estágio atual do conhecimento histórico. São duas coisas fundamentais no ensino da História.

 

Qual é a melhor forma de desenvolver o interesse dos alunos pela política?

Bem, a melhor forma de desenvolver esse interesse não é como se está sendo feito hoje pelos movimentos de direita, que são dominantes no país. O jeito deles é este: despertar a indignação e propor soluções imediatistas, simplistas e, geralmente, violentas. Não é este o caminho, porque este é o caminho para a destruição da política e da democracia. A melhor alternativa, primeiramente, é ensinar que se deve respeitar todas as posições, inclusive a da direita, mas, criticando as perspectivas da extrema-direita que vão no sentido da destruição da democracia. É pensar que o aluno, na escola, não está se preparando para a vida – ele já está vivendo. Então, nós devemos pensar, cada vez mais, em estruturas de participação do aluno na gestão da escola, isto é, na construção de elementos para uma atividade política. Se o aluno aprendesse, por exemplo, como se faz um debate político em alto nível, ou se nós pudéssemos fazer com que ele entendesse, a fundo, como funciona o processo democrático. Estes são elementos fundamentais da política que nós não temos acesso na educação brasileira de hoje.

 

Como o professor de História ou Política pode evitar que o Estado o censure em sala de aula?

O professor deve ter clareza sobre quais são as garantias que a lei oferece a ele. Logicamente, estamos pensando em um pressuposto de que a lei seja respeitada. Em alguns casos, isto [a lei] tem sido desconsiderado completamente, o que nos deixa bastante preocupados. Então, o primeiro ponto é garantir a democracia, para que o professor não seja calado em sala de aula. A partir disto, ele tem uma série de direitos. Por exemplo, o professor não é obrigado a ser filmado ou gravado sem a sua autorização. Este professor tem direito à imagem e as pessoas não podem divulgar esta imagem em redes sociais, porque isto constitui crime. Nestes casos, ele deve procurar as instituições de apoio e processar quem faz isso. E, principalmente, estar ciente da sua garantia constitucional de liberdade de pensamento e de ensino. Se o professor não promover ativamente estas questões, ele pode ficar cada vez mais acuado e isso é uma situação péssima, porque ninguém consegue dar uma boa aula se tiver pessoas policiando, ou se ele mesmo estiver se policiando, para não ser perseguido.

 

A popularização do projeto “Escola sem Partido”, que visa retirar conteúdo do currículo escolar, influencia na qualidade do ensino? Por quê?

Este projeto tem um significado muito ambíguo. Por um lado, eles dizem: “nós queremos que sejam ensinados todos os pontos de vista”. Ora, com isso, ninguém é capaz de discordar. Eles dizem, “nós queremos que os professores não façam propaganda política ou partidária na sala de aula”. Todos concordam. O problema é que, ao avaliar as razões reais, que tipo de ideias eles apoiam e o que divulgam no site do projeto, nós percebemos que não é nada disso.
O que eles querem, é que seja colocada, à ferro e fogo, a ideologia política conservadora de direita dentro da sala de aula, não importando se esta tem fundamento científico ou cultural. O projeto quer que as opiniões de seus idealizadores entrem na sala de aula e não é por aí. Um professor responsável, que zela pela qualidade do ensino e tem uma perspectiva ética, está preocupado em trabalhar não com o que lhe agrada, mas em ensinar aquilo como é. Às vezes, a minha opinião, enquanto professor, combina com o que a ciência conclui – e outras vezes, não – mas a ciência não está certa só quando ela concorda comigo.
Levando esta ideia do “Escola sem Partido” adiante, nós poderíamos supor que o professor ensinará que a Terra é esférica e também que a Terra é plana; não dá para colocar no mesmo patamar um conhecimento científico, estabelecido há milênios, com um conhecimento esquizofrênico inventado por um grupo qualquer de pessoas. Não dá para colocar um conhecimento científico sobre a Biologia, comparado com um conhecimento religioso sobre a evolução das espécies, por exemplo. Então, a grande questão é que não se colocam os dois lados de uma questão, se um destes lados não tem uma fundamentação que o sustente.
Mais do que se preocupar com o ensino de vários lados de um fato, o “Escola sem Partido” quer, basicamente, perseguir professores de esquerda ou até mesmo, que estejam apenas seguindo elementos da ciência que sejam incômodos para os conservadores. Além de todos estes agravantes, este projeto faz um imenso trabalho para tornar a carreira docente menos atrativa, porque o profissional já tem um salário reduzido, uma formação de ensino superior bastante complicada e condições de trabalho difíceis, e ainda terá o “Escola sem Partido” o ameaçando a qualquer opinião que ele der.

 

Por fim, qual é a importância da formação do pensamento crítico do aluno durante os anos escolares?

O pensamento crítico do aluno é um dos objetivos fundamentais da educação. É com o pensamento crítico que nós trabalhamos a formação da identidade, o estabelecimento de quem é este aluno, onde ele está no mundo, qual é o seu passado e quais são as características do presente. A partir deste “estar no mundo”, de saber o que é o pensamento e entender o seu lugar, é que o aluno é capaz de pensar por si e, ao longo deste processo, delinear a sua própria ideologia.

 

Entrevista realizada pelos alunos do 4º ano de Jornalismo (UEPG), Rafaela Martins e Daniel Lisboa.

Direito à inclusão das pessoas com Transtorno do Espectro Autista. Uma luta de todos.

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O dia 2 de abril é marcado pelo Dia Mundial da Conscientização do Autismo, contudo em todos os outros dias é de suma importância darmos visibilidade a essa causa. Ainda há muitas barreiras quando falamos sobre Autismo e a principal delas é o preconceito. Infelizmente, ainda percebemos muita falta de informação e intolerância quando o assunto é relacionado às pessoas com Autismo. Estamos em um contexto social e educacional, nos últimos anos, que a acessibilidade e a inclusão estão sendo cada vez mais exigidos por familiares e pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), porém vivemos uma realidade difícil, pensando em termos de inclusão.

É bastante comum vermos a sociedade praticar o capacitismo quando o foco é o espectro autista, discursos seguidos de generalizações, em que dizem que uma pessoa com autismo dificilmente vai ocupar um lugar no ensino superior ou vai conseguir exercer alguma carreira profissional. As pessoas com TEA acabam muitas vezes não tendo a participação ativa em seu próprio acompanhamento e até algumas famílias, por mais esclarecidas que sejam, acabam decidindo todos os processos, muitas vezes por hábito, outras vezes por presumir que a pessoa não está apta para decidir sobre si.

Para nós que trabalhamos diretamente com o tema, percebemos como é muito raro vermos palestras, simpósios, cursos, entre outras plataformas de aprendizagens, onde dão voz às pessoas com autismo. Ao contrário, o que se presencia, geralmente, sobre acesso a esse campo é que ele fica restrito aos pais e profissionais da área. Se formos pensar de forma literal, as pessoas com TEA têm muito mais a nos mostrar e exemplificar como se sentem, do que nós, que estudamos sobre o assunto, mas não vivenciamos de fato o que é ter autismo.

Certa vez em um vídeo reflexivo, apresentava várias crianças com alguma deficiência (síndrome de down, autismo, paralisia cerebral, e etc), em ambiente escolar, onde falava-se muito da inclusão e, ao final, aparecia a seguinte frase “essas crianças especiais merecem nosso respeito”. A frase nos faz pensar no porquê do uso do termo especiais para referir-se a crianças com deficiência, elas são especiais porque sabem voar? Sabem ler pensamentos? Têm o poder de tele transporte?

Outra situação de reflexão sempre foi, por exemplo, da existência de classes intituladas “especiais”, por meio de indagações como: porque eles não podem estar estudando e brincando junto com as outras crianças? Porque alunos com deficiência estão em salas separadas dos demais? O que se percebe é que existe uma romantização dos termos ligados às pessoas com deficiências, situação que, infelizmente, corrobora para impulsionar um discurso preconceituoso e diminuir as potencialidades da pessoa.

Crianças e pessoas com TEA têm sim diferenças e dificuldades, mas isso não define quem elas são, antes de ter autismo, são pessoas, com singularidades, defeitos e qualidades, não tem nada de “especial” em ter TEA, da mesma forma que não tem nada de especial em ser neurotípico (aquele que aparentemente não é acometido por nenhuma psicopatologia, isto é, doença, síndrome ou qualquer prejuízo de ordem mental); cada pessoa é única e importante socialmente da sua forma, pelo seu jeito de ser, de atuar, interagir e empatizar com o mundo.

Não é incomum ouvir frases como: “nossa, mas aquele menino nem parece que têm autismo, ele é tão calminho” (sic), não é um padrão que toda a criança com TEA vai ser agitada ou irritada, cada um vai agir de acordo com a forma em que está sentindo e recebendo os estímulos ao seu redor. Por isso é muito pertinente darmos oportunidade de protagonismo às pessoas com TEA, para que possam lutar por essa causa, buscar o seu espaço e os seus direitos enquanto pessoa com deficiência, podendo mostrar ao mundo quem são, sem generalizações.

Em relação aos direitos de inclusão, há diferentes e inúmeros tópicos que precisam ser debatidos, pois muitas vezes quando pensamos em autismo, dá a impressão que só existe crianças com autismo, mas precisamos pensar e planejar as demais etapas da vida dessa pessoa.

A criança com autismo está assegurada por lei no direito de frequentar qualquer ambiente social, bem como, ter acesso à saúde, educação, cultura, lazer, entre outros. Pode inserir-se no ensino regular e ter um acompanhante especializado para auxiliar nas atividades diárias da escola. A instituição que recusar a matrícula da pessoa com TEA ou negar-se a garantir a acessibilidade e adaptação é multada, conforme previsto em lei.

Enquanto adulto, a pessoa com TEA também está assegurada por lei em diversas situações sociais, a mesma têm o direito de frequentar qualquer lugar que desejar sem sofrer preconceito, no âmbito educacional podem matricular-se em um ensino superior com acompanhamento adequado, se precisar de adaptações em relação aos métodos avaliativos, ela tem o direito de exigir. Pensando em outra etapa da vida, essa pessoa também tem aptidão para inserir-se no mercado de trabalho, algumas empresas de grande porte precisam inclusive destinar uma porcentagem de suas contratações para pessoas com deficiência.

O mês de abril nos convida a pensarmos acerca do direito das pessoas com autismo, contudo essa deveria ser uma pauta diária. Essa luta é de todos, se quisermos caminhar para um mundo melhor e com mais empatia, precisamos escolher nossas batalhas de forma consciente, essa com toda certeza precisa ser uma delas.

 

Karini Portes Gomes, bacharel em Psicologia pela Faculdade de Pato Branco – Fadep, pós-graduanda em Educação, Diversidade e Inclusão Social pela Universidade Católica Dom Bosco – UCDB.

Conferência Municipal de Cultura discute políticas públicas para o setor

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A 20ª edição da Conferência Municipal de Cultura, que aconteceu entre os dias 3 e 5 de abril, abriu espaço para discussões sobre políticas públicas na área da cultura. Promovida pela Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, Fundação Municipal de Cultura e Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC), a Conferência acontece todos os anos desde 2011, quando foi criado o Conselho.

A primeira noite contou com a participação do coordenador do Sistema Estadual de Museus (COSEM) Renê Wagner Ramos, que apresentou dados sobre a área da cultura no Paraná nos últimos anos e os objetivos para o setor em 2019. Um aspecto destacado pelo coordenador foi a desigualdade na distribuição do investimento no Paraná para a área da cultura. Como a maior parte da verba é destinada para cidades com mais de 100 mil habitantes, os recursos para a cultura se tornam limitados para os municípios pequenos e concentrados principalmente na capital do Estado.

Foto: Vitória Rosa

Também foram apresentados dados de Ponta Grossa sobre os editais promovidos pelo Conselho Municipal de Política Cultural pelos conselheiros Rafael Schoenherr e Helcio Kovaleski. Entre outras questões, Schoenherr destacou que a maior parte dos eventos na área da cultura acontece na região central e no bairro de Uvaranas, o que demanda ações de incentivo à produção e à circulação da cultura de forma mais descentralizada na cidade.

Na noite de quinta-feira (04), a Conferência contou, pela primeira vez, com a apresentação de resultados de pesquisas sobre políticas culturais de diferentes áreas do conhecimento. A Conferência encerrou na sexta-feira (05) com a indicação de homenagens culturais e a eleição dos novos representantes para o Conselho, para o período de 2019 a 2021. O CMPC dispõe de representantes de sete áreas: música, literatura, artes visuais, cine-foto-vídeo, teatro, artes e manifestações populares e dança e circo. Entre estas, apenas dança e circo não elegeu representante por falta de participação de artistas deste segmento.

Foto: Vitória Rosa

Um ano depois, caso de assédio contra jornalista segue impune no Paraná

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Uma jornalista foi assediada, sofrendo incontáveis insultos sexistas e atos de hostilização, enquanto coordenava uma coletiva de imprensa – ou seja, em pleno exercício da atividade profissional- no estádio Coronel Emílio Gomes, em Irati, na região Centro-Sul do Paraná. Trata-se de um fato novo? Não. Não estamos falando efetivamente de uma ‘notícia’, mas sim relembrando os lamentáveis e criminosos ataques dirigidos à assessora de imprensa do Operário Ferroviário Esporte Clube, Bianca Machado, há exatamente um ano – caso que repercutiu, inclusive, em âmbito nacional. E o que há de novo nessa história e que justifique que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) insista nesta pauta? Nada. E é esse “nada de novo” que causa preocupação e revolta.

“Foi horrível demais. Eu ainda lembro daquilo todos os dias”, revela Bianca, que segue à frente da assessoria de imprensa do Operário e que, de certa forma, continua sofrendo as consequências dos ataques sofridos por torcedores e torcedoras naquela ocasião. Mas, mesmo diante de todo o dano decorrente daquela situação, ainda hoje, não é possível afirmar que houve algum tipo de reparação em relação à jornalista.

Na mesma semana em que tudo aconteceu, em 1° de abril de 2018, o SindijorPR e o advogado Paulo Pereira, que voluntariamente assumiu a representação da jornalista, procuraram a Polícia Civil para solicitar a abertura de um inquérito para apurar as responsabilidades em relação ao assédio e à hostilização cometidos contra a jornalista. O então delegado-chefe da Subdivisão Policial, Danilo Cesto, acolheu o pedido e remeteu o caso à Delegacia de Irati.

Em Irati, quem cuida da investigação é o delegado Paulo César Eugênio Ribeiro. Ele revela que os autores dos ataques contra a profissional já estão identificados, mas que ainda existem questões pendentes. “Parte das pessoas envolvidas já foram ouvidas. Mas, precisamos dar continuidade para poder apurar estes fatos e poder encaminhar o inquérito para o Ministério Público”, explica.

O advogado Paulo Pereira, no entanto, assinala que quando encaminhou o pedido de investigação à polícia já havia indicado as testemunhas e os possíveis autores, além de ter anexado vídeos e outras provas aos documentos. “Pela experiência comum, este inquérito já deveria ter virado um processo judicial, momento em que o juiz já poderia designar uma audiência para poder ouvir e acabar julgando os eventuais acusados. Mas, o inquérito ainda está na Delegacia de Polícia, o que é bastante lamentável”, considera.

A diretora de Interior do SindijorPR, Aline Rios, considera que é preciso avançar no sentido de apurar as responsabilidades dos envolvidos. “Não sabemos qual é o contexto que leva o caso a ainda não ter sido levado para a esfera judicial, mas sabemos que eventuais atrasos, nestas situações, contribuem e muito para fortalecer a sensação de impunidade. E isso, em certa medida, não ajuda a evitar que novos casos venham a acontecer”, lamenta.

Para Bianca, ainda é grande a esperança de que algo seja feito. “Este ano foi de muita expectativa, no sentido de que este processo vá para frente e que isso de alguma forma sirva de exemplo para que outras pessoas vejam que não é porque se está em um estádio, como torcedor, que você pode fazer qualquer coisa… que não existe lei. Não é assim que funciona”, considera.

O SindijorPR segue acompanhando os desdobramentos do caso e irá oficializar um pedido de atenção e agilidade no processo de investigação junto à Polícia Civil. “Não podemos esperar que fatos mais graves aconteçam, para só então adotar medidas mais efetivas. Nenhum profissional quer ser atacado enquanto está trabalhando, não encaramos estas situações como algo natural. A categoria reivindica uma resposta”, observa Rios, destacando que uma série de apontamentos sobre segurança na atividade profissional em estádios – realizados pelos jornalistas – também serão reiterados junto à Federação Paranaense de Futebol.

Dor transformada em luta

Apesar de tudo o que sofreu, a jornalista Bianca Machado não deixou a atividade profissional – o que seria algo bastante aceitável diante da gravidade da situação que enfrentou. Ao contrário disso, ela segue investindo em novas ações no combate ao machismo e à violência contra a mulher. Além de participar de várias atividades que buscam debater o assédio no futebol, a jornalista também está promovendo um trabalho de conscientização a partir de sua atuação no Operário, direcionado a atletas, torcedores e funcionários do clube.

Questionada sobre a relação entre o que viveu e a maneira como conduz os projetos em sua atividade profissional, Bianca é enfática: “Eu ainda tento fazer daquilo uma espécie de aprendizado, tentando também trazer essas questões para o meu trabalho porque acredito que o caminho para que estas situações não voltem a acontecer é através da conscientização. Tentei fazer algo mais efetivo do que um ‘simples parabéns pelo mês da mulher’. Nós não queremos isso. Não queremos “parabéns”. Nós queremos ver os índices de violência contra a mulher diminuírem e mudar essa realidade”, manifesta.

Autor:SindijorPR

Saiba mais: http://sindijorpr.org.br/noticias/2/noticias/7200/jornalista-sofre-assedio-em-partida-entre-iraty-x-operario

Uma necessária revisita à história da imprensa brasileira em tempos de ditadura, 55 anos depois: é preciso lembrar para não esquecer

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Parte 2: Controle da informação e direito à comunicação

          Elaine Schmitt

A censura crescente e cada vez mais extrema marcou profundamente a atividade jornalística durante o período da ditadura militar brasileira (1964-1985). O silêncio instaurado forçosamente pelos militares alterou o conteúdo de muitos jornais diários que precisaram abandonar gradativamente o papel de amplificadores e construtores desses enredos, deixando de ser, obrigatoriamente, agentesdo campo político.

Em janeiro de 1975, por exemplo, os órgãos de repressão do regime lançaram ofensiva contra o Partido Comunista Brasileiro (PCB), que vivia na clandestinidade e teve seus membros perseguidos. No dia 26 de outubro do mesmo ano, Wladimir Herzog foi encontrado morto. O jornalista, então diretor do departamento de telejornalismo da TV Cultura de São Paulo, compareceu ao Doi-Codipara depor sobre acusações de envolvimento com o PCB, foi preso e, em seguida, segundo a versão oficial, encontrado morto na cela onde teria cometido suicídio.Mesmo sem a utilização do termo, vemos pulular nesse momento um típico caso de Fake News que tentou, miseravelmente, esconder a intensa tortura, seguida do assassinato de Herzog.

Mesmo com a proposta de revogação do AI-5, já no final do governo de General Geisel, a Lei de Segurança Nacional continuou em vigor e atribuiu ao ministro da Justiça competência para suspender impressos caso houvesse crime contra a segurança nacional, além de definir diversos crimes de imprensa. Durante o governo do General João Baptista Figueiredo, em 1983, foi abolida a interferência da Lei de Segurança Nacional no tocante à legislação de imprensa, pela lei 7.170. A imprensa somente recuperou suas garantias de livre expressão no primeiro governo civil, após 20 anos de coerção, com a promulgação da nova constituição.

Entre jornalistas apoiadores e opositores, vimoshomens e mulheres tornarem-se agentes importantes na interpretação e cristalização da história da ditadurabrasileira. Muitos incentivaram o avanço militar como forma de solucionar dificuldades observadas na segurança e na economia do país – um tipo de pensamento conservador comum em pleno 2019, infelizmente. Outros jornais, como o Última Hora, posicionaram-se, desde o início, contra o avanço militarista, sofrendo as consequências.

Houve ainda, em certa parte da imprensa, uma tomada de consciência tardia sobre seu próprio comportamento eque mais tarde descobriria os reflexos da sua tomada de decisão devida às inconvenientes dores na coluna e articulações peloesforço repetitivo de continências”, conforme conta Álvaro Laranjeira na obra A mídia e o regime militar, lançado em 2014 pela editora Sulina.

Tal tomada de consciência, lamentavelmente, não foi suficiente para fazer do Brasil um país livre do imaginário nacionalista e do medo contra o fantasma do comunismo, hoje em dia encarnado na figura de qualquer pessoa simpática aos objetivos do Partido dos Trabalhadores ou crítica ao atual governo, que, na glória do cristianismo,pretende “mudar isso aí”, apelando para clichês nacionalistas e fundamentalistas.

Em tempos onde o Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, determina a comemoração do início da barbárie ditatorial de 1964, precisamos urgentemente acessar a memória e conhecer nossa história. Fontes alternativas e confiáveis são sempre uma boa aposta, poisessa história você certamente não vai encontrar no grupo de whatsapp da sua família. Informemo-nos!

Colégio Regente Feijó inicia parceria com Projeto Elos

O projeto de Extensão Elos – Jornalismo, Direitos Humano e Formação Cidadã já realiza parceria com os colégios estaduais Meneleu (Bairro Jardim Carvalho) e Elzira (Santa Paula) na monitoria de produções de jornais escola e comunitário, em Ponta Grossa. A partir de agora, o Colégio Estadual Regente Feijó (Centro) também é parceiro dessa proposta. Sendo que, na terça-feira, 2, aconteceu a primeira oficina de jornal para alunos e professores da instituição de ensino.  A equipe do Elos fará a mediação para auxiliar a produção do jornal escola que será produzido pelos alunos do colégio.

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Projeto de extensão Elos recebe novos alunos voluntários

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O projeto de extensão Elos – Jornalismo, Direitos Humanos e Formação Cidadã recebe novos alunos voluntários para participar das atividades, que incluem cobertura jornalística, oficinas, produção audiovisual, entre outras. O projeto do curso de graduação em Jornalismo da UEPG aceita alunos de todos os anos.

As reuniões acontecem todas as segundas-feiras, na secretaria do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo, às 15h30. A orientação do projeto conta com o apoio das professoras doutoras Paula Rocha, Graziela Bianchi e Karina Woitowicz.

Os alunos interessados em participar do projeto, o qual oferece hora complementar à formação acadêmica, podem comparecer nos dias das reuniões, durante todo o ano letivo. Na última segunda-feira, 1º, dois novos alunos do 1º da graduação ingressaram no projeto.

Foto/legenda: Encontro realizado esta semana para elaboração de pautas.

Manifestação em frente à RIC cobra posição da empresa em defesa da jornalista Giulianne Kuiava

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Ato foi organizado em solidariedade à profissional, que foi ameaçada pelo ex-noivo e jornalista Denian Couto

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR), com o apoio de profissionais, estudantes e representantes de movimentos feministas e sociais, participou nesta segunda-feira (1.º) de um protesto em frente à Rede Independência de Comunicação (RIC), em Curitiba, em solidariedade à jornalista  Giulianne Kuiava, que foi ameaçada de morte pelo ex-noivo e também jornalista, Denian Couto. Ambos trabalham na RIC. Couto pediu afastamento do trabalho e Kuiava está de licença.

A ameaça ganhou repercussão após a veiculação de uma matéria no The Intercept Brasil, no dia 28 de março deste ano, em que foi divulgado um áudio com as intimidações recebidas pela jornalista. A direção da RIC não tomou uma atitude de imediato, tratando o tema como um mero problema particular dos dois profissionais.

Foto: Joka Madruga

 

 

 

 

 

 

 

   A jornalista Daiane Andrade participou do ato por acreditar que este tipo de situação não pode ser “varrida para debaixo do tapete”. “É preciso olhar para este caso com atenção, pois ele envolve várias esferas dos crimes de gênero. Não dá para aceitar que uma jornalista ameaçada de morte esteja trabalhando no mesmo ambiente que a pessoa que a ameaçou. Além disso, este caso serve para mostrar que ela não está sozinha e que não iremos nos calar”, comenta.

Francielle Colpani, que já trabalhou na RIC, fala que já passou por algo semelhante na empresa, o que acabou a levando desistir da profissão. “A minha situação, embora não tenha tido um envolvimento amoroso, resultou em um episódio de assédio moral por conta de um colega que me humilhou. Levei o caso para a gerente de jornalismo, mas nada foi feito para que o ambiente ficasse mais agradável. O resultado disso é que tive que sair da empresa, reconstruir a minha vida, enquanto que com a pessoa que me prejudicou não aconteceu nada, inclusive segue trabalhando na RIC até hoje”, conta.

A diretora de comunicação do SindijorPR, Mariana Franco Ramos, explica que o sindicato já tomou medidas para dar suporte à vítima. “O SindijorPR, ao saber deste caso, agiu rápido, cobrando um posicionamento da empresa e atuando junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT), que já abriu um procedimento investigatório para acompanhar este caso. Além disso, acionamos o nosso jurídico, enviamos ofício para a RIC, informamos a comissão dos direitos da mulher da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e da Câmara Municipal de Curitiba (CMC). A coragem da Giulianne foi fundamental para expor esta situação e agora estamos dando toda a ajuda possível para ela”, garante.

Foto: Joka Madruga

O estudante de psicologia Daian Crismel, junto com um grupo de amigos, resolveu ser solidário a esta causa. “Acredito que é meu dever como cidadão apoiar uma iniciativa como esta, em que uma mulher foi ameaçada e xingada por um homem. É importante ter esta conscientização e acredito que posso fazer a diferença”, opina.

Depoimentos na CMC

A vereadora Professora Josete (PT) fez um pronunciamento hoje na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) em defesa da jornalista. Para a parlamentar, o caso é grave por se tratar de uma figura conhecida e “formadora de opinião”, além de a vítima ter perdido a medida protetiva que impedia o ex-noivo de se aproximar dela. “Não podemos ficar caladas e calados. Essa garota segue correndo risco, pois perdeu uma medida protetiva”, diz.

Professora Josete também cobrou a RIC por não ter sido firme no caso. “A empresa também foi omissa, pois enquanto o acusado pede afastamento e tenta dar a impressão que foi vítima de uma armação, a empresa não se posiciona firmemente sobre um caso de violência doméstica sofrida por uma trabalhadora. Não se trata de uma questão particular de um casal, mas sim de um caso grave de violência e ameaça de morte, um contexto onde não cabe a omissão”.

A vereadora encerrou o seu discurso parabenizando a coragem de Kuiava. “Que seu ato estimule e encoraje outras mulheres que sofrem com o machismo todos os dias. Seguimos todas juntas, fortes e vigilantes”.

A vereadora Maria Letícia Fagundes (PV) também usou a tribuna para falar do caso. “O jornalista Denian Couto trabalha em dois meios de comunicação, na rádio Jovem Pan e no Grupo RIC de Comunicação. Como é que as empresas escolhem seus funcionários? Qualquer tipo de violência, física ou verbal, é inadmissível”.

Foto: Joka Madruga

A legisladora, ainda em seu pronunciamento, mandou um recado de apoio à vítima Giulianne Kuiava. “Nós, mulheres, não estamos mais sozinhas. A voz de uma é a voz de todas. Estamos com você, Giulianne”.

Giulianne

Mesmo no centro de todas as questões que envolvem este caso, a jornalista Giulianne Kuiava deu um depoimento e expôs como tem se sentido. “Acredito que neste momento todo apoio é de grande importância. Eu me senti desamparada por muito tempo, e agora sinto que as pessoas e as instituições estão se dando conta da gravidade da situação. Não tinha ideia que tudo isso aconteceria, mas hoje vejo e entendo a necessidade de se falar sobre violência contra a mulher, em todos os níveis, em todos os ambientes. A mobilização nos torna mais fortes. Tenho certeza de que as empresas, todas elas, hoje veem a importância do apoio à mulher. Tenho certeza que juntos estamos dando um passo importante pra que se olhe pra dentro do problema, e que as coisas começam a mudar a partir de agora”.

#RICTVAMEAÇANÃOÉMIMIMI

Flávio Augusto Laginski/ SindijorPR