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No Brasil, as cores e as vozes de abril exigem Demarcação Já!

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Diferente da melancólica canção de Baby do Brasil que lamentava o 19 de abril como apanágio do destino de milhões de índios da “Terra Brasillis”, há cerca de 518 anos, a data comemorativa instituída pelo governo Getúlio Vargas, em 1943, vem se transformando em uma extensa agenda das demandas de reconhecimento dos povos originários brasileiros.

Uma das principais expressões públicas dessa agenda é o Acampamento Terra Livre, que, neste ano, reuniu mais de três mil indígenas, de 23 a 27 de abril, em Brasília.

Na base dessa manifestação está uma questão fundamental que é a necessária reflexão sobre a ideia de índio genérico que sustenta os estereótipos e reforça a invisibilidade de uma população de quase um milhão de pessoas (896.917 pessoas, conforme o Censo do IBGE 2010), congregadas em mais de 240 povos indígenas. A maioria vive em áreas rurais e uma parte significativa na cidade, configurando o que tem se chamado aldeias urbanas.  

Todos esses povos são falantes de mais de 150 línguas e dialetos, um número bem menor do que as cerca de mil línguas estimadas na época da chegada dos portugueses (Línguas/Instituto Socioambiental – ISA, 2018). Apesar dessa redução, as línguas, em seu dinamismo próprio, provocado pelo contato e por influências mútuas, estão emconstante modificação. Também são entendidas por suas origens comuns, integrando famílias e divisões maiores como os troncos linguísticos, entre eles o Tupi e o Macro-Jê, cujos vínculos fortalecem os processos de afirmação étnica.

A multiplicidade de povos e línguas com suas características geográficas e organizacionais traduzem uma riqueza cultural entendida como parte de uma memória e de uma herança étnica que anima os árduos embates do presente. Entre esses, a luta pela demarcação das terras e a luta contra a violência, contínua e crescente, que extermina, criminaliza e ataca os direitos constitucionais indígenas.

Em sua vitalidade de guerreiros modernos, ornados com seus grafismos ancestrais, lideranças, anciãos, mulheres, estudantes e jovens indígenas fizeram mais um ATL em Brasília, tendo em suas principais pautas a exigência de anulação do Parecer 001/2017 da Advocacia-Geral da União (AGU), chamado pelos manifestantes de “Parecer do Genocídio”. A norma, considerada inconstitucional pelo Ministério Público Federal (MPF), obriga toda a administração pública a aplicar medidas previstas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no caso Raposa Serra do Sol, de 2009, a todos os processos de demarcação, inviabilizando, na prática, oreconhecimento das terras indígenas.

No Senado exigiram a rejeição do Projeto de Lei nº 168/2018 que prevê o desmantelamento do licenciamento ambiental. A proposta prevê que a Fundação Nacional do Índio (Funai) só se manifeste em processos de licenciamento ambiental de obras ou empreendimentos econômicos que afetem Terras Indígenas que estão com a demarcação finalizada. A reivindicação é amparada em nota técnica* que explicita a ameaça sobre pelos menos 223 Tls nesses estágios do procedimento de demarcação.

Somente esses dois instrumentos já demonstram osembates da mobilização indígena frente aos domínios ruralistas conjugados a interesses econômicos e a impostura de um governo omisso àviolência e violação de direitos, como mortalidade na infância, suicídio e assassinatos retratados noRelatório de Violência contra os Povos Indígenas (CIMI, 2016).

Frente a esse cenário, agravado pela precarização dos direitos das maiorias, aumentam ainda seus desafios buscando ocupar novos lugares de comando, através de candidaturas compromissadas com a defesa de direitos coletivos, ambientais e humanos, numa época ansiosa pela valorização darepresentação política.

* https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/terras-indigenas-na-mira-do-licenciamento

Carmem Rejane Antunes PereiraGraduada em Jornalismo e Doutora em Ciências da Comunicação pela Unisinos.

O movimento da mídia está em favor da mulher?

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Mais uma vez o feminicídio foi tema de reportagens na emissora de televisão local RPC TV, dessa vez mostrando a quantidade de casos e como eles são repercutidos entre a população. Na reportagem exibida no telejornal Paraná TV, a abordagem dos dados é interessante, como por exemplo, o fato de atualmente existirem mais de 7000 mil processos de agressão contra mulheres em Ponta Grossa, 205 pedidos de medidas protetivas e 747 medidas efetivadas em 2017.

​Outro ponto a ser destacado pela abordagem da matéria, é como as fontes desmistificam dizeres como ‘tal mulher que gosta de apanhar’. Colocando em discussões estas frases ditas pelas pessoas, explicando que o que mantém a mulher por perto é o medo de que as ameaças se concretizem. Desde 2015, 14 feminicídios foram registrados, segundo a reportagem.

​A mídia local passa claramente por um momento em que tenta conscientizar a população em geral, que a vítima nunca é culpada. Esta é uma questão relevante na medida em que é necessário questionar-se sobre as atitudes do agressor. Há um movimento positivo de empoderamento e proteção das mulheres, entretanto ainda é necessário mais com um assunto de tanta importância.

Elos organiza oficina em escola estadual

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Durante a tarde do dia 05 de abril, numa quinta-feira, a equipe do Projeto Elos organizou oficina com alunos do Colégio Estadual Professor Meneleu Almeida Torres, em Ponta Grossa. A oficina veio da iniciativa dos próprios estudantes do ensino médio com objetivo de criar e veicular um jornal dentro da escola, abordando além do conteúdo de interesse escolar, também matérias do bairro ao redor.

A reunião aconteceu em um auditório dentro do colégio, onde sentamos em círculo para discutir como um jornal é produzido. No começo houve uma timidez de ambas as partes, mas durante o desenrolar da conversa os alunos passaram a sentir certa liberdade em expressar os problemas que eles encontravam dentro de suas realidades. Durante a oficina abordamos várias questões importantes de como redigir um jornal. Desde os critérios de noticiabilidade, da estrutura textual até a abordagem de fontes e temas.

Foto: Enaira Schoemberger

Os alunos já chegaram com uma ideia de primeira matéria, a qual nos surpreendeu devido à seriedade do tema: a falta de educação sexual dentro do espaço estudantil. Eles alegaram que a quantidade de adolescentes grávidas dentro do colégio é preocupante e eles querem, através do jornal, trazer informações sobre métodos contraceptivos e incentivar alunas nessa situação a não largar os estudos. Além dessa pauta, eles já visavam abordar outros assuntos de extrema importância no ambiente do colégio. Como alunas de jornalismo ficamos orgulhosas em perceber que eles enxergam a veiculação de um jornal dentro da escola como uma maneira de melhorar o seu entorno.

Como um dia não é suficiente para tratar de todas as questões que envoblvem o jornalismo, nós resolvemos manter contato com os alunos para quaisquer dúvidas e necessidades que apareçam ao longo do caminho. Uma próxima oficina será remarcada com os alunos. O nome do jornal já está decidido, “Jorneleu” e estamos aguardando ansiosamente a sua primeira edição.

Emanuelle Soares e Enaira Schoemberger

Ainda são os assassinatos que ganham as ‘capas de jornais’

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Todos os dias o fato de ser mulher é uma tarefa árdua, por todos os abusos que sofremos. A última semana (01/04 a 06/04), em especial, foi um período trágico para a mulher pontagrossense. Em menos de sete dias dois episódios feriram e abalaram não só as mulheres diretamente envolvidas nos fatos, mas todas que lutamos por uma sociedade mais igualitária. No primeiro dia do mês, começamos com o assédio sexual verbal, como o jornal Diário dos Campos classificou, para com Bianca Machado, assessora de imprensa do Operário Ferroviário – time de futebol da cidade. Na última sexta-feira (06/04) o feminicídio de uma estudante da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Os dois casos tiveram grande repercussão na mídia local e nas redes sociais, centenas de pessoas aderiram às causas, apoiando, de certa forma, o direito das mulheres. Conforme acompanhamento da cobertura dos casos em seus respectivos dias, percebe-se que o caso do assédio ganhou as redes sociais, mas não teve o destaque necessário para a discussão na mídia tradicional. O telejornal Paraná Tv utilizou de um breve espaço em seu noticiário para comentar o fato ocorrido, em nenhum momento buscou-se saber as medidas cabíveis aoclube adversário (de onde veio o assédio por parte dos torcedores) e muito menos como foi registrado o boletim de ocorrência pela polícia da cidade. Mesmo com a campanha nacional ‘Deixa Ela Trabalhar’ (que trata de jornalistas mulheres no meio esportivo), a mídia local não se preocupou em aprofundar a discussão sobre assédio moral e sexual no trabalho.

Quando falamos do feminicídio da estudante da universidade, houve de modo até bem disseminado uma cobertura sobre o fato, entretanto, este é o momento para se questionar se realmente ocorreu a melhor abordagem. A Rede Massa, RPCTV, Portal ARede, Diário dos Campos cobriram o acontecimento. Boa parte do material divulgado explorou o sensacionalismo, começando pelo ‘Repórter Sassá’ que acabou utilizando das redes sociais para expor ainda mais as vítimas. A partir desta exposição, outros portais compartilharam das imagens (como sangue e corpo coberto),e da informação para apenas reproduzir o conteúdo. Apesar destes casos de desserviço, inclusive para o jornalismo como um todo, tivemos a reportagem de 8 minutos da RPCTV, julgando pelo fato de que a maioria das reportagens tem entre 2 e 4 minutos, o fato ganhou grande destaque.

No entanto, ganhar alguns minutos na tela não significa ter uma abordagem sobre gênero. Surpreendendo expectativas, o termo feminicídio foi reafirmado com insistência pelo telejornal, o direito das mulheres foi abordado e uma fala sobre violência doméstica deu o fechamento. Contudo as coberturas de um modo geral perderam a oportunidade de amplificar o debate mostrando como a violência contra a mulher está presente em nossa sociedade. Poderiam apontar que os acontecimentos não são isolados, quantas mulheres foram violadas este ano em Ponta Grossa? Qual os dados de feminicídio, violência contra a mulher e assédio na nossa região? Ainda se tem muito o que aprender sobre a cobertura com enfoque em gênero e principalmente sobre dar destaque e se discutir a respeito dos tipos de violência contra mulher.

LINKS:

http://arede.info/ponta-grossa/208702/acusado-de-feminicidio-continua-internado-no-hr

http://arede.info/ponta-grossa/208896/justica-decreta-prisao-de-estudante-por-feminicidio

http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-1edicao/videos/t/ponta-grossa/v/polemica-envolve-final-do-jogo-entre-iraty-x-operario/6631107/

http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-1edicao/videos/t/ponta-grossa/v/justica-decreta-prisao-preventiva-de-ex-namorado-de-nathalia-deen-em-ponta-grossa/6644559/

http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-1edicao/videos/t/ponta-grossa/v/estudante-da-uepg-e-assassinada-a-facadas/6641485/

http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-2edicao/videos/t/ponta-grossa/v/video-mostra-ofensas-de-torcida-a-assessora-de-imprensa-do-operario-durante-jogo/6630222/

http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-2edicao/videos/t/ponta-grossa/v/estudantes-fazem-vigilia-para-protestar-por-morte-de-nathalia-deen-em-ponta-grossa/6642971/

http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-2edicao/videos/t/ponta-grossa/v/tem-alta-do-hospital-carlos-deen-irmao-da-universitaria-morta-a-facadas-em-ponta-grossa/6649076/

https://www.diariodoscampos.com.br/noticia/tecnico-gerson-gusmao-repudia-ofensas-dirigidas-a-assessora-de-imprensa-do-ofec

1° Encontro “Nascer nos Campos Gerais” acontece em Ponta Grossa

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Nos dias 11 e 12 de abril foi realizado o 1° Encontro Nascer nos Campos Gerais, no Grande Auditório do Campus Central da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). O encontro contou com palestras, grupos de trabalho e debates.

Na programação destacou-se a palestra “Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento”, que foi ministrada pela Dra. Maria do Carmo Leal, pesquisadora titular da Fundação Oswaldo Cruz- FIOCRUZ. O levantamento de dados desta pesquisa foi realizado através de entrevistas em 191 hospitais distribuídos por todo o país. Um total de 24.000 mulheres foram entrevistadas, além disso, os pesquisadores olhavam os prontuários dessas pacientes e logo após era enviado um formulário online para a central da FIOCRUZ.

Segundo a pesquisadora, o objetivo da pesquisa, realizada em 2011, era conhecer o panorama da situação no Brasil, porque nunca tinha sido realizado no país nenhum estudo nessa área. “Foi um estudo importante, pois quando vimos coisas que já sabíamos mas não tínhamos devidamente quantificado, eu acho que ajudou todo mundo a despertar que precisavamos fazer uma mudança muito grande naquilo que estavamos fazendo”, conta Maria do Carmo.

O evento foi organizado pela Associação em prol da Maternidade Ativa e Segura (AMAS) de Ponta Grossa, coordenado pela professora do Departamento de Serviço Social, Rosiléa Clara Werner, financiado pela Fundação Araucária e contou com diversos parceiros da área social e da saúde pública e privada. Outras informações relacionadas ao desenvolvimento das atividades nos dois dias estão no site: https://nascercamposgerais.wixsite.com/meusite

Emanuelle Nunes e Isabela Gobbo Aguiar

Parir e nascer com dignidade: um direito de todas

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A dignidade e a qualidade na assistência obstétrica e neonatal é direito de todas. A garantia ou não desse direito passa por um conjunto de ações de gestores e profissionais no atendimento às gestantes e bebês. Em Ponta Grossa e na região dos Campos Gerais, por diferentes razões, muitas das recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde ainda não são realizadas. A taxa de mortalidade perinatal e infantil ainda está na casa dos dois dígitos (superior a 10%), uma maternidade foi recentemente fechada por problemas sanitários e de estrutura e muitos procedimentos clínicos não seguem o que as pesquisas e políticas públicas recentes preconizam.

As mulheres ainda não têm condições de realizar exames com qualidade, são induzidas a cesariana sem desajarem, não recebem informações necessárias para o seu parto, muitas vezesnão lhes é permitida a presença deacompanhante do sexo masculino,são submetidas ao uso indiscriminado de oxitocina sintética, sofrem amniotomia de rotina(rompimento artificial das membranas), não podem se movimentar, se alimentar ou expressar dor durante o trabalho de parto. Ainda são práticas comuns nas maternidades da região a manobra de Kristeller (conhecido com fundinho) e a episiotomia (corte no períneo). Os bebês ainda são separados de suas mães ao nascer e permanecem casos de não estímulo à amamentação na primeira hora de vida do bebê.

Todos os possíveis problemas decorrentes do parto e nascimento não são acompanhados pelo serviço público de saúde, com praticamente nenhum serviço de atendimento a situações de depressão pós-parto, ansiedade ou demais problemas psicológicos, sem acompanhamento das disfunções sexuais decorrentes do parto e nascimento e mesmo das atividades fisiológicas prejudicadas por ações incorretas realizadas durante trabalho de parto, parto e pós-parto.

Por isso, o 1º ENCONTRO NASCER NOS CAMPOS GERAIS é um esforço coletivo, que reúne gestores das maternidades, das prefeituras municipais e do governo do Estado; profissionais da saúde e do judiciário; pesquisadores, professores e estudantes; organizações da sociedade civil; pais, mães e interessados pela melhoria da assistência ao parto e nascimento; palestrantes de renome nacional que empreenderam pesquisas e experiências exitosas no Brasil. Todos com vistas a melhorar a forma como se nasce nos Campos Gerais.

O evento apresentará um diagnóstico da assistência ao parto e nascimento em Ponta Grossa e promoverá discussões para que propostas e soluções de gestão otimizem as mudanças necessárias. O Encontro oferecerá espaços para que as opiniões e ações daquelas que conduzem e executam a assistência obstétrica e neonatal na região, em suas diferentes esferas e dimensões, possam dialogar entre si, com setores da sociedade civil, da pesquisa e com as usuárias dos serviços de saúde.

Para promover o debate, a médica e pesquisadora da Fiocruz, Maria do Carmo Leal discutirá os resultados da maior pesquisa sobre parto e nascimento do Brasil em seus impactos sobre a gestão dos serviços de saúde. Sob o ponto de vista do gestor, o médico e diretor clínico João Batista Lima relatará as experiências de humanização do parto e nascimento do hospital modelo de humanização do parto e nascimento no Brasil, a Maternidade Sofia Feldman, de Belo Horizonte. O evento ainda conta com Grupos de Trabalho para realização de propostas de melhoria, palestra sobre direitos reprodutivos, apresentação de iniciativas paranaenses e da região que trabalham para melhoria da assistência e cine-debate. Ao final, será apresentada a carta de propostas coligida das atividades dos grupos de trabalho e que servirão de substrato para implementação de políticas voltadas para a melhoria do parto e nascimento.

O evento acontece na próxima quarta e quinta (11 e 12 de abril) a partir das 8 horas no grande auditório da Universidade Estadual de Ponta Grossa. A entrada é gratuita, a programação completa e o cadastro dos participantes podem ser realizado no site www.nascercamposgerais.wix.com/meusite.

 

Ana Maria Bourguignon
Felipe Simão Pontes
Rosilea Clara Werner

Jornalistas mulheres se unem e denunciam assédios e violações

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No último domingo (1º de abril) a Assessora de Comunicação do Operário Ferroviário Sport Clube, Bianca Ivone Machado, de Ponta Grossa, Paraná, foi assediada verbalmente em Irati, também no Paraná, no estádio Emílio Gomes, enquanto exercia seu trabalho. O caso aconteceu no fim da partida após o time do Operário ganhar do Iraty. Cerca de 20 torcedores do Iraty Sport Club, entre homens e mulheres, atacaram Bianca verbalmente inúmeras vezes. A tentativa de um fotógrafo que estava presente de defender Bianca fez com que a torcida hostilizasse a jornalista mais ainda.

 Na terça-feira (dia 3 de abril) Bianca foi até a delegacia e realizou um Boletim de Ocorrência. A assessora filmou com seu celular o que estava acontecendo, mesmo assim a torcida não se intimidou e continuou hostilizando e ofendendo a mesma. Em nota, em uma de suas redes sociais, Bianca afirmou : “Durante os jogos, costumo ficar de fones de ouvido escutando alguma rádio que esteja transmitindo o jogo. Desde que comecei a trabalhar com isso, os fones também têm sido uma alternativa para não ouvir as ofensas quando passo em frente à torcida adversária”, mostrando a gravidade da situação, que não á algo novo.

Duas semanas antes, a repórter Renata Medeiros, da Rádio Gaúcha, foi insultada e agredida fisicamente por um torcedor enquanto cobria o jogo do Grêmio contra o Internacional. O torcedor disse “Sai daqui, sua puta” para a jornalista.  Na mesma semana, em cobertura ao vivo da partida do Vasco contra Universidad do Chile, pela libertadores, Bruna Dealtry, repórter do canal Esporte Interativo, durante uma entrevista com os torcedores foi beijada, à força por um torcedor.  Bruna ficou constrangida, disse que a atitude “não foi legal”, e continuou a transmissão.

A jornalista Aline Leonardo, de Francisco Beltrão no Paraná, trabalha com esporte na cidade e é a única mulher no meio de 17 colegas de profissão. Aline considera deprimente a falta de respeito com as mulheres que estão apenas realizando seu trabalho.  “Aconteceu comigo principalmente no início (estou entrando na terceira temporada), de ouvintes mandarem recados falando coisas que não tinham nada a ver com o meu trabalho. Eram elogios, mas desnecessários naquele momento, fugia de todo o contexto, então eu ficava extremamente constrangida e nervosa. No ginásio, pediam pra tirar fotos, ficavam mandando beijo. Ano passado, em um jogo da LNF (Liga Nacional de Futsal), eu estava indo para a cabine e um homem me pegou pelo braço para dizer que ouviria a nossa transmissão. É desafiador enfrentar tudo isso, é o principal motivo que me faz relutar em ser repórter de quadra”, concluiu Aline.

                Marcilei Rossi, jornalista que atualmente trabalha em Pato Branco, Paraná, quando questionada sobre a dificuldade que uma mulher encontra nas redações de jornais afirma: “Não costumo “deixar barato”, pois acredito que o potencial e a qualidade de trabalho de um profissional não se medem por ser homem ou mulher”.  Marcilei também conta que, em mais de nove anos se dedicando exclusivamente ao jornalismo, já se deparou com diversas situações indesejadas, incluindo na área política e esportiva. Nos estádios ela já escutou que não deveria estar lá, por ser mulher, e rebateu “Não é porque sou mulher que não entendo de esportes”.

                Beatriz Lima de Castro, jornalista em Curitiba, acredita que o preconceito e a falta de respeito com mulheres que estão trabalhando vêm de uma falta de conscientização, principalmente com mulheres que trabalham no meio esportivo, que é considerado “lugar de homem, não de mulher”. Ela diz que os casos de desrespeito acontecem nos grandes estádios, mas principalmente nos jogos da suburbana, onde se tem pouca segurança e controle sobre as torcidas, dando espaço para que o preconceito e o assédio se façam presentes. “Muitos torcedores, pelo o que eu percebo, eles partem do pressuposto que a gente está no estádio, à gente não está onde deveria estar, que aquele não é um lugar apropriado para uma mulher. Então, para eles, nós temos que aceitar e arcar com as consequências do que vamos escutar, dos gestos que nós vemos”.

                Em meio a tantos casos graves de assédio foi criada a hashtag “#DeixaElaTrabalhar” por um grupo de 52 jornalistas que trabalham com esporte, entre elas, apresentadoras, repórteres e assessoras de vários veículos e emissoras. Segundo as jornalistas, que se colocam como representantes de todas as mulheres que atuam na mídia esportiva, o objetivo da manifestação é lutar conta o assédio sexual e moral sofrido por todas nos estádios, nas redações e nas ruas. O grupo exige punição contra assediadores, além de mais respeito ao seu trabalho e até melhorias estruturais, pois há estádios no Brasil em que não há banheiros femininos, mostrando o ambiente machista em que as jornalistas se submetem. A repercussão da hashtag foi mundial, jornais como BBC e The Guardian, da Inglaterra, L’Equipe, da França, e Deutsche Welle, da Alemanha, publicaram sobre a iniciativa

Aline Leonardo afirma que se sente representada pela hashtag: “Nossas realidades são tão diferentes, mas os problemas são os mesmos. Isso só reforça que precisamos seguir e precisamos estar juntas, mesmo que seja através desses movimentos, pra saber que não estamos sozinhas na briga” afirma Aline.

                “ Nosso pedido é simples. É de uma forma que não agride a ninguém e batemos na mesma tecla de gigantes empresas de comunicação do Brasil: #DeixaElaTrabalhar.”

 

Por Milena Oliveira

Nota de lamento a Nathalia Deen

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O Grupo de Extensão Elos tem como sua principal finalidade informar e orientar a comunidade, através do desenvolvimento de atividades e produções jornalísticas, sobre os direitos de cada cidadã e cidadão, e que são garantidos especialmente pela Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). Por isso, a nossa equipe, através dessa nota de lamento, expressa sua indignação e repúdio à violação do direito básico à vida, ocorrida na madrugada desta sexta feira (6), com o assassinato da estudante de Agronomia da UEPG, Nathalia Deen.

Mais um crime de feminicídio dentre tantos que ocorrem diariamente nas cidades brasileiras. Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), de 2010 a 2015, mostram que foram registrados em média 4,5 assassinatos para cada 100 mil mulheres. O feminicídio caracteriza-se como um homicídio qualificado por questões de gênero, ou seja, mulheres que são assassinadas pelo fato de serem mulheres.

Somos estupradas, violentadas e assassinadas constantemente. Fechamos os olhos e ouvidos diante de abusos cometidos contra nossas amigas, colegas, irmãs e mães. O silêncio mata. Precisamos gritar diante de todo esse absurdo e exigir que as nossas vozes sejam ouvidas e nossas vidas preservadas.

O Elos lamenta a morte de Nathalia e de todas as mulheres vítimas de feminicídio. Desejamos paz e conforto a todos os seus amigos e familiares. Continuaremos na luta pela garantia dos nossos direitos.

Lista de serviços das entidades e associações em Ponta Grossa

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A equipe do Elos fez uma busca das entidades e associações que prestam diversos tipos de serviços beneficentes e auxiliadores na cidade de Ponta Grossa, confira:

Associação de Amigos da Pastoral da Criança (Aapac Diocese De Ponta Grossa)

Rua: Pca Marechal Floriano – 581 – 2 Andar Sala 10

Centro

Cep: 84010680

Telefone: 42-32227971 ou (42)32222266

E-Mail: marquescesar@Brturbo.com.br ou pastoralpg@ig.com.br

Facebook: www.facebook.com/Pastoral-da-Criança-Diocese-de-Ponta-Grossa-348720641999927/

Horário de atendimento: 08h à 12h e das 13h às 17:30min

Asilo São Vicente De Paulo

Rua: Júlio De Castilhos – 1104 – Casa

Centro

Tel: 42-32240827

E-Mail: asilo.svp@brturbo.com.br

Facebook: www.facebook.com/pages/Asilo-Sao-Vicente/122256557955126

Horário de atendimento: das 08h às 17:30min

Associação de Proteção à Maternidade e Infância Pureza Ribas (APMI)

Rua: Reinaldo Ribas Silveira – 156

Bairro: Ronda

Tel: 42-32227971

Associação Artesanal do Excepcional de Ponta Grossa (Gtpmas Smas)

Rua: Prefeito Brasilio Ribas – 775

Bairro: São José

Tel: 42-32249017

Facebook: www.facebook.com/gtpmas.smas

Horário de atendimento: das 8h às 12h e das 13h às 17:30min

Associação Assistencial Espírita Messe de Amor

Rua: Fernandes Vieira – 231 – Vila Hilgemberg

Bairro: Uvaranas

Tel: 42-32248806 ou (42) 3027-1347

Facebook:www.facebook.com/pages/Associacao-Assistencial-Espirita-Messe-de-Amor/185161538531148?ref=br_rs

Associação Beneficente dos Campos Gerais Madre Paulina

Rua: Julio De Castilho – 642 –

Centro

Tel: 42-30285806

Associação Beneficente Lua Nova (Trabalho com educação infantil)

Rua: Stefano Kozar – 55

Bairro: Boa Vista

Tel: 42-32227971

Associação Comunitária de Apoio ao Centro Pontagrossense de Reabilitação Auditiva e da Fala Geny de Jesus Souza Ribas

Rua: Washington Luiz – 100

Bairro: Jardim Conceição

Tel: -32356432

Horário de atendimento: 7:20 min às 11:45min, das 13h às 17h e das 18:30min às 22h

Associação de Promoção à Menina (Apam)

Rua: República São Salvador – 870

Bairro: Vila Madureira

Tel: 42-32276048

Horário de atendimento: das 8h às 17:30min

Associação Reviver de Assistência ao Portador do Vírus Hiv

Rua: Manoel Soares Dos Santos – 585

Bairro: Vila Liane

Tel: 42-32384158

Facebook: https://www.facebook.com/reviver.pg/

Horário de atendimento: das 08h às 17:30min

Rede Feminina de Combate ao Câncer

Rua: Prof. Judith Macedo Silveira – 213

Bairro: Olarias

Tel: 42-32247014

Horário de atendimento: 8h às 11h e das 12h às 18h

A falta do debate público sobre causas defendidas por Marielle

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Nas últimas semanas, a morte da vereadora do PSOL, do Rio de Janeiro, Marielle Franco, que aconteceu no dia 14 de março, ganhou destaque nas manchetes da maioria dos jornais do país. O caso ficou tão conhecido e comentado que chegou a ser notícia em mídias internacionais como, El País, El Mundo, The Guardian, Clarín, dentre outros.

Estas notícias, em muitos casos abordaram a morte de Marielle como sendo um possível crime político, já que ela também era relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar a intervenção federal, via exército, na segurança pública na cidade. A vereadora também lutava pelo respeito aos direitos humanos e civis. Outro ponto ressaltado pela imprensa internacional e nacional em diversos momentos foi a luta da vereadora em favor aos direitos humanos.

Apesar da grande repercussão sobre a morte da vereadora, pouco foi falado sobre o assunto nas mídias locais. Analisados dois dos principais veículos sediados em Ponta Grossa, sendo eles o jornal impresso Diário dos Campos e o jornal televisivo Paraná Tv 1ª e 2ª edição. No período de 15 de março (um dia após o assassinato de Marielle), até o dia 25 do mesmo mês, foram apresentadas um total de três matérias divulgadas.

Uma peculiaridade que se encontra nestas três notícias é o fato de todas terem sido feitas por agências ou assessorias, nenhuma foi produzida na cidade. Mesmo com passeatas em apoio ao caso na cidade, nenhum dos veículos cobriu ou emitiu qualquer nota sobre os eventos.

Com relação ao conteúdo das notícias, nenhuma delas aprofundou sobre os as causas e lutas que Marielle estava envolvida, como por exemplo com movimentos sociais, os direitos humanos, direitos civis, os direitos das mulheres negras e do movimento LGBT. Todas se restringem aos detalhes do assassinato da vereadora e do seu motorista. Desta forma, percebe-se em um caso extremamente divulgado pela mídia, nacional e internacional, a falta do debate público sobre questões de gênero, raça e direitos civis e humanos na imprensa de Ponta Grossa.

 

Kethlyn Lemes

Links: https://www.diariodoscampos.com.br/noticia/procuradora-avalia-pedir-federalizacao-de-investigacao-da-morte-de-marielle-franco https://www.diariodoscampos.com.br/noticia/vereadora-do-psol-e-assassinada-a-tiros-no-centro-do-rio https://www.diariodoscampos.com.br/noticia/para-marun-luta-politica-de-marielle-pode-ter-motivado-assassinato