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Manifestantes ocupam a principal rua da cidade no 14J em Ponta Grossa

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Estudantes, professores, servidores e integrantes de sindicatos protestaram na sexta-feira (14) em defesa da Educação, contra a reforma da Previdência e contra as medidas adotadas pelo governador Ratinho Júnior (PSD). Às 7 horas, professores e alunos organizaram piquetes nos Campi da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Às 9 da manhã, os manifestantes se reuniram na Praça Barão de Guaraúna, e por volta das 10h30, seguiram em marcha para o Parque Ambiental.

Durante a concentração do protesto na Praça, a escadaria da Igreja do Polacos ficou interditada o tempo todo em que os manifestantes ficaram reunidos, pois era realizada uma limpeza no local. O advogado e membro do Partido PSOL, Leandro Dias, reclama que a interdição da escada foi uma forma da administração da igreja tentar proibir o protesto. “Chegamos para nos manifestar, democraticamente, e nos deparamos com essa cena patética, a escada proibida de ser acessada e os limpadores jogando água nos manifestantes e nos cartazes” reclamou Dias.

foto: Luiz Zak

No momento em que os manifestantes chegaram ao Parque Ambiental houve tumulto provocado por um motorista que avançou com o carro em direção aos participantes. A polícia interveio e o motorista foi retirado do local.

Na parte da tarde, os manifestantes voltaram a se reunir da Praça dos Polacos para a programação cultural, com declamação de poesias e músicas. Às 19h30, seguiram novamente para o Parque Ambiental, onde o ato foi finalizado.

Desdobramento de atos anteriores

A Greve Geral da última sexta-feira (14) foi um desdobramento dos movimentos do dia 29 de abril, 1º, 15 e 30 de maio contra a reforma da Previdência e os cortes na educação pública dos governos federal e estadual.

foto: Luiz Zak

Uma das reivindicações dos servidores do Estado que participavam do protesto é pela reposição das perdas salariais em função da inflação, que já somam 17,04%. A medida havia sido adotada pelo ex-governador Beto Richa (PSDB) e mantida na gestão do atual governo. Para a professora do Departamento de Educação da UEPG e vice-presidente do Sindicato dos Professores da UEPG- Sinduepg, Carina Alves da Silva Darcoleto, os atos do 14J servem para mostrar à população as repercussões de ações dos governos de Jair Bolsonaro (PSL) e de Ratinho Junior (PSD). “A nossa luta é geral, todos os trabalhadores do Brasil unidos nessa luta. Nos últimos atos, nós estivemos nas ruas mostrando a necessidade de estar na greve pela manutenção e investimento de recursos na área da educação também no Paraná”, ressaltou Carina.

A Greve Geral do 14 junho, de acordo com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), foi aderida por 26 estados e no Distrito Federal e mais de 380 cidades registraram paralisação de atividades em repúdio às medidas do governo de Jair Bolsonaro.

 

Texto e fotos: Luiz Zak

Religiões de matriz africana promovem evento contra discriminação

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Aconteceu no segundo domingo deste mês (9) o 3° Encontro Pelo Fim da Intolerância Religiosa, no Parque Ambiental. O evento, organizado pela comunidade das religiões de matriz africana de Ponta Grossa, foi promovido após ataques contra terreiros nacidade. Participantes da atividade relataram casos de processos, impedimento de aquisição de imóveis, ataques pessoais, depredação dos locais de culto e perseguição na internet.

Casos de intolerância religiosa, como os que ocorreram emPonta Grossa, são frequentes no Brasil. Uma matéria do O Globo indica aumento de quase 50% das denúncias de agressãoa praticantes de Candomblé e Umbanda no ano passado. As queixas vão desde tentativas de impedir a realização dos cultosreligiosos até ataques verbais e físicos.

A Mãe Simone, mãe de santo do terreiro de Umbanda e Kimbanda Cacique Tupinambá e Reino das Encruzilhadas, contaque, mesmo com as hostilidades, a luta pela liberdade religiosa continua.

apedrejaram a minha casa, o meu terreiro, me ofenderam na rua, nos processaram por maus tratos animais… A gente não sacrifica animais, isso é uma falta de conhecimentotremenda. Quando essas coisas acontecem, eu levo pra Justiça. ganhei dois processos por intolerância religiosa e voucontinuar lutando. Eles não vão calar os nossos tambores”, afirma.

O encontro surgiu da necessidade de afirmar a religião de matriz africana como culto espiritual em situação de igualdade com outras doutrinas mais difundidas. “Todo mundo têm o direito de ter a sua religião, não é mesmo? O Estado é laico, as pessoas não podem achar que o outro é inferior por causa da religião”, defende Marcia Rodrigues, uma das idealizadoras do evento.

Rodrigues reitera que o encontro não é fechado aosseguidores da Umbanda, mas é um convite para que todas as religiões se reúnam e convivam em harmonia. “Eu não sou da Umbanda, mas conheço muitas pessoas que são. É pelos relatos dessas pessoas que a gente começou com a ideia do evento”, relata.

De acordo com o Artigo 208 do Código Penal brasileiro, intolerância religiosa se qualifica comoscarnecer de alguémpublicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedirou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”, com pena de um mês a um ano de detenção ou multa.

Para denunciar casos de intolerância religiosa, é possívelligar para o número 100, o canal de denúncias a violações dos Direitos Humanos, ou pelo site www.disque100.gov.br.

 

Por Daniel Lisboa e Rafaela Martins

Elos oferta mais uma oficina para estudantes do Ensino Médio

No último dia 03, foi realizada uma oficina de editoração de jornal para os alunos do Colégio Estadual Regente Feijó, ministrada por Matheus Rolim e Patrícia Guedes, ambos estudantes de Jornalismo e integrantes do Projeto de Extensão Elos. Os alunos do Colégio vieram até a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e receberam instruções para a diagramação do primeiro jornal impresso. A oficina faz parte da primeira etapa da parceria entre o Elos e o Regente Feijó.

Foto: Matheus Rolim



Para Vitoria Karoline Schneider, 17, participante da oficina e estudante do 3º ano do Ensino Médio, a atividadefoi bastante produtiva. “Ajudou nesse processo de fazer e finalizar o jornal, foi falado alguns detalhes que a gente não tava prestando a atenção direito”, relata. Para Vitória, a maior dificuldade foi começar a realizar as produções do jornal, “no começo foi bem complicado, não tínhamos ideia de nada, mas agora tá saindo”, comentou.

No começo deste ano, a equipe do Elos realizou uma primeira conversa sobre jornalismo impresso com alunos do Colégio Regente Feijó. O contato foi através da professora Alexandra Nunes, que havia trabalhado com o projeto em 2018, quando lecionava em outra escola estadual da cidade. A equipe do Elos vai acompanhar e auxiliar os alunos durante a produção do jornal, o Regente Notícias.

O Projeto de Extensão Elos é atualmente parceiro de três escolas de Ponta Grossa que realizam atividades de comunicação com seus estudantes. A partir de oficinas e espaços conjuntos de reflexões e trocas de experiências, são desenvolvidas atividades de comunicação e jornalismo no Colégio Estadual Professor Meneleu Almeida Torres, Colégio Estadual Profª Elzira Correia de Sá e Colégio Estadual Regente Feijó.

 Matheus Rolim 

Decreto de Armas

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O podcast Elos em Movimento está de volta! Nesta edição, nós convidamos o doutor em Sociologia Aknaton Toczek Souza, especializado em Sociologia Política, Criminologia e Direito Penal, para explicar as recentes mudanças no decreto de armas. O entrevistado falou também sobre a pressão política por trás das alterações, como o novo decreto impacta na violência contra a mulher e como a prática de tiro pode influenciar de forma direta nos processos de socialização de crianças e adolescentes.

 

 

O branco do dia 30 na mídia tradicional ponta grossense

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Em tempos que a educação sofre ataques constantes e as Universidades apresentam riscos em seus funcionamentos com os cortes realizados pelo Governo, as manifestações tomaram as ruas pelo país nos dias 15 e 30 de maio. Estudantes, professores e servidores ergueram suas vozes contra os 30% retirados dos investimentos na educação. Em Ponta Grossa, o dia 30 não ficou vazio e foi marcado com protestos durante a manhã e a noite.

Com atos tão simbólicos, um momento discutível e a população reagindo, o jornalismo não deveria se apresentar como mediador desse debate? As manifestações não deveriam ser pauta obrigatória dos jornais regionais, quando estudantes defendem as duas Universidades atingidas que estão dentro de Ponta Grossa?

No portal aRede nenhuma matéria foi veiculada sobre as manifestações e, sobre o assunto, somente houve mais uma replicação de assessoria em uma nota que, claramente, se posiciona contra as manifestações sob o título “Ministério da Educação diz que professores e pais não podem divulgar protestos”. No site do Diários dos Campos também não se encontrou nenhuma veiculação sobre o dia 30, que ficou correspondido pela hashtag #30M.

O site Periódico UEPG foi o único veículo jornalístico da cidade que publicou matérias sobre as manifestações. A cobertura de atos deve ficar restrita apenas ao jornalismo universitário? Os critérios de noticiabilidade e a violações dos direitos a uma educação de qualidade devem estar presentes nas pautas das mídias convencionais, pois elas têm um número maior de leitores e atingem mais pessoas. Esse jornalismo tradicional deveria esquecer as réplicas e pautar o real movimento da cidade.

 

João Pedro Teixeira 

PALESTRA DEBATE DESIGUALDADE DE GÊNERO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO

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Epistemologia feminista, gênero e ciência foi o temaabordado em uma das palestras realizadas durante a 5ª Semana de Gênero, Ciência e Tecnologia. O evento foi promovido pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus de Ponta Grossa e também pelo Coletivo Marie Curie. A atividade realizada no dia 28 de maio teve como palestrante convidada a professora BettinaHeerdt, do departamento de Biologia Geral da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Durante sua apresentação, a professora trouxe diversos exemplos de como a desigualdade de gênero permeia as relações sociais. Casos presentes há muito tempo nassociedades, como na pré-história, onde as mulhereseram vistas em segundo plano em relação aos homens. Essa divisão de “papéis” tem reflexo até os dias atuais. Bettina também apresentou o trabalho de algumas teóricas, que realizam a discussão sobre o papel do gênero na ciência, através da epistemologia feminista.

Foto: Matheus Gastaldon

A discussão sobre a relação “gênero x ciência” surge a partir de movimentos sociais, em países da Europa e também nos Estados Unidos. Já no Brasil, esse debate tem origem nas academias. Apesar da elevação na participação das mulheres na produção do conhecimento científico, as desigualdades ainda se fazem presentes. Uma pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre os anos de 2001 e 2015, justifica essa realidade. Conforme os dados apresentados, em 2015, apenas 35,5% das Bolsas de Produtividade em Pesquisa foram designadas para mulheres, enquanto 64,5% foram destinadas a homens. Uma diferença de quase 4.080 bolsas.

A 5ª Semana de Gênero, Ciência e Tecnologia contou com diversas atividades que discutiram a temática “Mulher na Ciência: avanços, permanências e desafios”. NadiaKovaleski, professora da UTFPR e coordenadora do Coletivo Marie Curie, conta que dentro do espaço universitário existem casos de preconceito de gênero e que a proposta do Coletivo é desenvolver ações para dar fim a esse problema. “Nos demos conta que existe discriminação, até por parte de docentes, em relação as mulheres que fazem Engenharia Elétrica, Mecânica. O objetivo do Coletivo é fazer com que qualquer pessoa se sinta bem, diz a coordenadora. O evento contou comdiversas palestras e mesas redondas durante a semana e teve seu encerramento no dia 30 de maio, com a realização da exposição artística “A Visão da Mulher pela Mulher” e apresentação especial da cantora MUM e da banda A Vera.

Foto: Matheus Gastaldon

Matheus Gastaldon

A relação entre armamento e segurança

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O Estatuto do Desarmamento, em vigor a partir de 2003, teve o objetivo de reduzir a circulação de armas e estabelecer penas para crimes como o porte ilegal e o contrabando de armamento. Uma pesquisa de dezembro de 2018, do DataFolha, mostrou que 61% dos brasileiros são contra a liberação da posse de arma. Em março de 2019, o Presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto que flexibiliza a venda, compra e porte de armas no país. O Elos reuniu dados que relacionam o porte de arma e a segurança da população. 

Direitos Humanos e o exercício do Jornalismo

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A equipe do Elos entrevistou a jornalista colombiana Lina Manrique Villanueva. Doutora em Estudos Políticos e Relações Internacionais (Universidade Nacional da Colômbia), também é mestre em Tecnologia da Informação (Universidade Nacional de Educação à Distância/Espanha) e formada em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Javeriana (Colômbia).

Em entrevista, Lina conversa sobre liberdade de expressão, as influências que permeiam o jornalismo, os desafios das mulheres nessa profissão e a inclusão de discussões sobre Direitos Humanos na grade curricular da graduação em Jornalismo. A pesquisadora esteve na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em abril de 2019, para participar como palestrante do 18° Encontro Nacional de Professores em Jornalismo (ENPJ). Acompanhe:

Elos: De acordo com relatório referente a 2019 dos ‘Repórteres Sem Fronteiras’, apenas 24% do total de 180 países e territórios possui uma situação considerada “boa” a respeito da liberdade de imprensa. Existe um ataque à liberdade de expressão e imprensa?

Lina Manrique: Com a ascensão da internet tudo está mudando na sociedade. Todos estão livres para escrever o que quiserem, podendo ser verdade ou não. É um desafio para nós, trabalhamos com muitas informações e muitas dessas são falsas, como podemos ver as fakenews. A liberdade de expressão é uma das várias vertentes influenciadas por toda essa midiatização. Por outro lado, temos outros caminhos para criar movimentos sociais pela reivindicação de direitos e é muito importante que todos os cidadãos tenham consciência de sua existência para então reconhecê-los.

Liberdade é um sonho. Temos uma utopia idealizada sobre a liberdade de expressão, mas se analisarmos a vida real, os jornalistas não têm uma completa liberdade para escrever o que querem. Quando você é um jornalista jovem, você pensa que vai conseguir mudar o mundo, mas quando está trabalhando e existe um chefe, propagandas e empresas que financiam o trabalho, a censura e autocensura é direta. Antes da publicação da matéria seu chefe diz o que publicar ou não, se é bom para empresa ou não. Essa é uma realidade sobre a liberdade de imprensa. Na vida real não somos tão livres quanto desejamos.

Elos- Por quais influências e poderes perpassam o exercício da função em jornalismo?

Lina Manrique: No exercício do jornalismo temos poderes para proporcionar. O primeiro deles é você! Ter consciência e discernimento do que você pode escrever. O segundo poder é seu chefe, o editor do periódico diz qual pauta cobrir. Porém, existem diferenças entre cobrir pauta de cultura, economia, política, esporte e guerras. Se você é um jornalista que cobre pautas frias sobre cultura, tudo bem, não existe riscos pessoais ou para o portal. Mas se você é um jornalista que cobre conflitos de guerras, o risco é recorrente em várias situações, desde a cobertura até depois da publicação da matéria. No jornalismo temos diferentes tipos de fontes, dependendo da fonte, o nível de influência e riscos para a publicação de uma matéria é maior, como é o caso de pautar matérias negativas sobre líderes governamentais.

Elos- Qual a importância do debate sobre os Direitos Humanos na formação de um jornalista?

Lina Manrique: É bastante relevante. Não apenas para a discussão da liberdade de expressão, mas saber os direitos de outros grupos também. O que nós entendemos quando falamos sobre Direitos Humanos, direitos de quem? Dos jornalistas? Da audiência? Dos pobres? Há vários caminhos de aplicar os Direitos Humanos, mas quem é contemplado por esses direitos? Todos nós!

A formação em Direitos Humanos é importante para jornalistas, mas temos que tomar cuidado para não estigmatizar grupos. Quando estão cobrindo alguma pauta, conversando com alguma fonte ou escrevendo a matéria é muito importante que eles saibam os limites e os direitos. Estamos tendo muitos problemas éticos na produção do jornalismo(…), os jornalistas precisam ter responsabilidade sobre a informação a ser apurada, senão você pode causar diversos danos a vida pessoal de alguém ou da família. Há países que existem leis que não permitem as publicações de fontes e matérias se não houver provas. Não são só os meus (exercício da profissão em jornalismo) direitos humanos que são válidos, mas os direitos das minhas fontes também.

Elos- Quais as problemáticas que envolvem uma mulher exercendo a profissão de jornalista?

Lina Manrique: Assim como no Brasil, na Colômbia há mais mulheres exercendo a profissão do que homens. Porém, as mulheres possuem mais desafios do que os homens no exercício da profissão. Por que? O primeiro problema é ser mulher. As mulheres exercem a dupla-jornada de trabalho, são responsáveis pelos cuidados da casa e ainda trabalham, além de outras dificuldades não citadas. Mulheres precisam conciliar a maternidade e seus respectivos empregos. É difícil uma mulher ter uma casa, filhos, ser jornalista e conseguir harmonizar tudo isso.

Agora, na redação as coisas mudam se você tiver um homem como chefe de redação. É de costume acontecer abuso de poder dentro da redação por parte de chefes do sexo masculino, pelas relações de poder dentro da redação é comum os chefes mandarem as jornalistas fazerem coisas que elas não querem. Existem vários níveis de violência, homens tendo relações de poder sobre as mulheres é um problema.

Elos- Para finalizar a entrevista, existe algum movimento dos jornalistas para defender a liberdade de expressão e imprensa?

Lina Manrique: Temos alguns movimentos como FLIP, uma organização não governamental que rastreia violações contra a liberdade de imprensa na Colômbia, a Anistia Internacional, que defende os Direitos Humanos, com mais de milhões de membros. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) oferece pesquisas sobre esses temas e se dedica a defender a liberdade de expressão e de imprensa nas Américas. Os movimentos estudantis na Colômbia são presentes nas reivindicações por direitos, como o direito à educação. Além dos movimentos saírem para as ruas, a reivindicação por direitos precisa estar na mídia, esse é um dos papéis do jornalismo, mostrar que existem pessoas reivindicando direitos.

Entrevista realizada por Matheus Rolim e Paula Rocha, aluno e professora integrantes do projeto Elos – Jornalismo, Direitos Humanos e Formação Cidadã

NÚCLEO DE ESTUDOS DA UEPG REPUDIA DECRETO QUE PROPÕE ABOLIR EXPRESSÃO “VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA”

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Núcleo de Estudos lança nota de repúdio à proposta de abolição do termo “Violência Obstétrica”

O Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares em Saúde Reprodutiva, Comunicação em Saúde e Direitos Humanos, da UEPG, divulgou uma nota de repúdio ao decreto do Ministério da Saúde que propõe a abolição do termo “Violência Obstétrica”. O Núcleo, formado por graduandos, pós-graduandos e professores da Universidade, promove estudos e pesquisas sobre a humanização do parto e direitos reprodutivos. Segue o documento divulgado:

 

O Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares em Saúde Reprodutiva, Comunicação em Saúde e Direitos Humanos da Universidade Estadual de Ponta Grossa manifesta repúdio ao despacho de 03 de maio de 2019 do Ministério da Saúde que não reconhece a existência de violência obstétrica nos serviços de saúde brasileiros. O uso do termo violência obstétrica resulta de denúncias das mulheres que sofrem as consequências das violações de direitos na assistência à gestação, parto e pós-parto, tais como maus-tratos, desrespeitos e cuidado negligente.

Até o referido despacho, o Ministério da Saúde brasileiro reconhecia a luta das mulheres. A mudança de posição está manifesta no despacho ao indicar que o uso do termo violência obstétrica “não agrega valor e, portanto, estratégias têm sido fortalecidas para a abolição do seu uso”. O principal argumento mobilizado pelo Ministério é de que os profissionais não têm intenção de prejudicar ou causar dano. A justificativa é questionável porque exime de responsabilidade instituições, profissionais e gestores por ações ou omissões – intencionais ou não – que causam danos físicos, psicológicos e sociais às mulheres e suas famílias. O posicionamento do Ministério contraria o disposto na Convenção Interamericana para.Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, conhecida como Convenção de Belém do Pará de 1994, promulgada pelo Decreto no 1973/1996. O ato normativo define a violência contra a mulher como “qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada”. No Brasil, a pesquisa “Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado”, promovida pela Fundação Perseu Abramo em 2010, constatou que uma em cada quatro mulheres sofre alguma violência no atendimento ao parto no país. A pesquisa Nascer no Brasil, realizada em 2011-2012 pela Fundação Oswaldo Cruz, identificou que apenas 5% das entrevistadas teve um parto livre de intervenções. Além de artigos acadêmicos, dissertações e teses que documentam as situações de violência obstétrica, destacam-se os documentários “Violência Obstétrica: a Voz das Brasileiras” e “O Renascimento do Parto 2”. Em âmbito local, há os documentários “Nascer Mulher: Relato de Violência Obstétrica em Ponta Grossa” e “Quem vê minha Dor!”, desenvolvidos na Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Entende-se que o posicionamento da atual gestão do Ministério da Saúde, além das considerações apontadas, demonstra um ataque às mulheres e um retrocesso aos direitos duramente conquistados. Nesse sentido, cabe a seguinte frase de Beauvoir: “[…] basta uma crise política, econômica e religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados”. É preocupante a postura do governo federal enquanto persistem desafios grandiosos para a melhoria da qualidade da atenção obstétrica no país.

Ponta Grossa, 23 maio de 2019.

NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS INTERDISCIPLINARES EM SAÚDE REPRODUTIVA, COMUNICAÇÃO EM SAÚDE E DIREITOS HUMANOS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

Fórum da Diversidade aborda avanços e retrocessos da comunidade LGBT

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Em comemoração ao Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, o Grupo Renascer organizou nesta sexta-feira (17) o 16º Fórum de Direitos Humanos no auditório do Campus Central da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Com início às 14 horas, a mesa de discussão teve a presença de Débora Lee, Fernanda Riquelme, Bruna Chagas, Rubens Gonçalves, Sílvio Viera Júnior e da advogada do Renascer, Beatriz Martins Francisco.

O evento é realizado anualmente na mesma data para debater os problemas e desafios enfrentados pelas minorias em Ponta Grossa. Cleiton dos Reis, conselheiro dos direitos de LGBTs, destaca a importância da realização do Fórum. “É necessário debater os avanços que tivemos e também olhar para os retrocessos. É vergonhoso o Brasil ser o país que mais mata gays no mundo, principalmente no momento atual em que parecemos desamparados pelas propostas governamentais”, analisa Cleyton.

O Brasil registrou 141 mortes de LGBT somente neste ano, o que representa uma morte a cada 23 horas, segundo o relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB) divulgado nesta sexta-feira (17). Os dados mostram que, apesar de os homicídios de LGBTs no país diminuírem 8% em relação ao mesmo período do ano anterior, o Brasil ainda é líder em assassinatos.

Beatriz Francisco, advogada do Grupo Renascer e uma das palestrantes do evento, lembra que as minorias precisam de leis específicas para serem amparadas, como é o caso da criminalização da homofobia, discutida pelo Superior Tribunal Federal. Ela explica que a proposta de lei foi discutida no início do ano, mas acabou suspensa porque havia outras pautas a serem julgadas. “A proposta a princípio é tipificar a homofobia junto ao crime de racismo, porém isso não é o ideal, tem que criar um artigo específico que criminalize a homofobia com penas que devem ser discutidas pelo STF”.

Por Luiz Zak