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Alunos do Colégio Elzira participam de oficinas de áudio e radiojornalismo

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Alunos e professores do Colégio Estadual Elzira Correia de Sá, do bairro Santa Paula, em Ponta Grossa, participam, nesse semestre, de oficinas, ministradas pela equipe do Projeto de Extensão Elos, para o desenvolvimento de materiais informativos na escola. O projeto é coordenado pela professora de História do colégio, Maria Antônia Marçal, e conta com a participação de professores e alunos do Ensino Médio. O objetivo é produzir um programa, em áudio, que será veiculado, inicialmente, nas caixas de som do colégio, com assuntos relacionados à comunidade escolar.

Foto: Fernando Santos

No dia 3 de outubro, em encontro na escola, a professorade Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa(UEPG), e participante do projeto de Extensão Elos, Graziela Bianchi, introduziu como acontece a produção de um radiojornal e demais conteúdos informativos em áudio. A oficina despertou o interesse dos alunos, que, no dia 9,estiveram na UEPG para conhecer o Estúdio de Áudio do curso de Jornalismo e aprenderem sobre o processo de produção. Bruno Handler, aluno do ano B, conta que está gostando da experiência de desenvolver um jornal e destaca que os alunos estão tendo autonomia nas decisões. “Minhas expectativas são que o jornal cresça e tenha uma equipe grande, completa.

Os estudantes e professores já estão se organizando em reuniões para debaterem as pautas que entrarão no programa. “Eu espero que consigamos passar as informações necessárias do colégio e região para todos os alunos”, fala Arianne Santos, do 1ºA. Em setembro, o Elos já esteve no colégio. Na ocasião, a oficina ministrada trabalhou conteúdos sobre a produção de um jornal impresso.

Foto: Fernando Santos

Por: Daniela Valenga

Cadê as mulheres no jornalismo?

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Que as redações estão cada vez mais precarizadas, não há dúvidas. O aumento de horas de trabalho, piso salarial baixo, menos jornalistas e mais atividades sendo realizados, são alguns fatores do reflexo da precarização do trabalho. Esses e mais alguns problemas são enfrentados todos os dias pelos profissionais, mas para as mulheres esse cenário é ainda mais prejudicial. Foram analisados dois jornais de Ponta Grossa para ter um parâmetro de quantas matérias são produzidas por mulheres e quantas são produzidas por homens, assim chegamos à conclusão que há mais materiais assinados por homens do que por mulheres nas redações. Mesmo não sendo uma análise aprofundada, nos dá uma boa base para entendermos a profissão e como é para as mulheres atuar nela.

Os jornais analisados foram Arede e o Diário dos Campos, no período de uma semana, do dia 22 ao dia 28 de outubro. No portal online, Arede, foram analisadas 97 matérias publicadas durante a semana, 46 delas são da redação, sendo as outras 51 matérias distribuídas entre três jornalistas homens que atuam na publicação online de notícias. Um desses três tem seu nome em 30 matérias, o outro em 13 e o terceiro em 8, mas nenhuma mulher jornalista assinou produções. Em contrapartida, dados do Censo de 2010 indicam que as mulheres representam 58% dos jornalistas de 20 a 29 anos e são 64% dos estudantes dos cursos de jornalismo. Então, a pergunta é, cadê as jornalistas? Outra pesquisa realizada pela Abraji e a Gênero e Número sobre “Mulheres no Jornalismo Brasileiro” aponta que 65% das mulheres jornalistas relatam haver mais homens em cargos de poder.

Já, no portal online do jornal Diário dos Campos parece haver um equilíbrio em relação ao gênero na redação, embora tenha um grande número de matérias de assessoria, redação e agências, a distribuição da cobertura de diversos temas, desde política e economia a temas mais factuais da cidade, tem um equilíbrio entre as mulheres e os homens. Das mais de 120 matérias analisadas, elas foram apresentadas três mulheres e dois homens. Uma das jornalistas tendo seu nome em onze matérias, outra em oito e a terceira em seis. Dos dois homens um deles teve seu nome em dez matérias e o outro em cinco.

Tendo em vista essa breve análise, concluímos que o mercado profissional jornalístico apesar de estar em crescente expansão e transformação, na forma como faz e distribui as informações, ainda tem questões em relação a gênero muito fortes e marcantes na profissão. Algumas redações tradicionais, ou marcadas por uma forte precarização e venda de seus espaços, ainda naturalizam atitudes de divisão de trabalho por gênero, ou garantem que homens tenham mais oportunidades que mulheres dentro do trabalho, desconsiderando que as mulheres são um grande número.

Por Rafael Santos

Já perdemos

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Escrevo este texto a três dias do segundo turno das eleições de 2018, e só tenho certeza de uma coisa: Já perdemos. E não digo isso a partir de um ponto de vista partidário. Não, afirmo isso com a indubitável certeza (e tristeza) de que não importa qual seja o candidato a vestir a faixa presidencial pelos próximos anos, perdemos todos, porque o debate político civilizado no Brasil não é mais a regra. E sem ele, a democracia e os direitos humanos tendem a, no mínimo, se esvaziarem de seu sentido mais profundo: o coletivo.

Porque a política e o direito não funcionam – ou, ao menos, não deveriam funcionar apenas para um indivíduo ou um grupo específico. Devem ter como horizonte todos nós, todos os seres humanos enquanto sociedade, pela interdependência que nos conecta. A título de exemplo, se um empregado for demitido de seu trabalho, poderá mais facilmente se recolocar no mercado de trabalho quanto maior for seu nível de escolaridade, o que ajudará a economia – e, assim, o país – como um todo.A efetivação ao direito de um, no caso a educação, acaba por auxiliar a todos.

E é exatamente pela incompreensão do caráter coletivo da política e do direito, elevada a níveis absurdos nestas eleições, que eu me preocupo. No 1º lugar nas pesquisas, há um candidato à Presidência da República se recusando a comparecer aos debates¹, e que afirma o seguinte: “as minorias têm que se curvar para as maiorias”². Em 2º, há o candidato cuja legenda parece insistir numa política quase unipartidária e que, até alguns dias atrás, mais parecia um mero interlocutor do ex-presidente Lula³ que, (des)méritos da condenação à parte, encontra-se encarcerado em Curitiba.

Isso não significa, por óbvio, que ambos os candidatos são iguais. Não são. Jair Bolsonaro é, claramente, preconceituoso e reconhece ser ignorante em vários assuntos de ordem econômica, sem contar seu parco capital político⁴. Fernando Haddad, por outro lado, tem mais desenvoltura política e demonstra mais empatia que seu opositor (o que não é uma tarefa difícil, convenhamos); porém, tem no próprio partido o seu “calcanhar de Aquiles”.

Mas ainda que tenham propostas muito diferentes e projetos antagônicos, é impossível não constatar: ambos os eleitores têm muitas semelhanças, dentre as quais uma certa aversão aos opositores, enxergando o “lado de lá” de forma homogênea. Para vários eleitores do PT, todo aquele que vota no Bolsonaro é fascista e preconceituoso.segundo inúmeros cidadãos favoráveis ao ex-capitão do Exército, o eleitor do Haddad é um “petralha bolivariano” a favor da corrupção.

Ora, milhões são os eleitores tanto de um como doutro candidato e, portanto, qualquer generalização é falha. Para todo o eleitorado brasileiro, os principais problemas do país, em ordem decrescente, são saúde, violência, corrupção, desemprego, e educação5. O que muda é a forma como cada cidadão busca as respostas a tais problemas, adequando-se, segundo suas percepções, ao candidato que melhor se harmoniza a estas preocupações.

Assim, todos os eleitores, a princípio, buscam um país melhor, mas o nosso preconceito sobre o outro nos permite enxergar apenas o que pensamos existir. E é óbvio notar que esta ideia preconcebida acerca do outro também existe em relação às notícias. Supostos fatos estapafúrdios viralizam em questão de horas e, não por coincidência, inúmeros são os sites voltados à checagem destes, nesta “terra cibernética sem lei”.

Recentemente, ao criticar o PT, Mano Brown disse algo que, em verdade, cabe a boa parte de todo o eleitorado nacional: “a cegueira que atinge lá, atinge a nós também”. Passamos a enxergar somente o reflexo de nossas próprias experiências e preconceitos, esquecendo-nos que, depois de findas as eleições, todos continuaremos brasileiros, morando no mesmo país, sob um mesmo governo. Parece, aliás, que nas eleições de 2014 não nos atentamos a tais fatos e, desde então, a polarização só fez aumentar.

O caráter coletivo da política e do direito precisa ser retomado, de forma que possamos conversar todos e, mesmo sem chegar a um consenso, consigamos nos respeitar, civilizadamente. Porque o (pseudo)argumento de que “a culpa não é minha, eu votei no(a) candidato(a) X ou Y” resume nossa democracia às eleições, nos desresponsabilizando da continuidade dos rumos políticos da nação. Enfim, quero enxergar na sociedade um caráter coletivo, e fazer parte dele. Espero que voltemos a ganhar todos juntos, qualquer que seja o resultado eleitoral. Porque, por ora, ainda estamos perdendo…

Boas eleições. E um ótimo país pra todos nós.

Pedro Miranda.

25 de outubro de 2018.

[1]https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/eleicoes/2018/noticia/2018/10/18/jair-bolsonaro-afirma-que-nao-vai-a-debates-no-segundo-turno.ghtml

[2] https://istoe.com.br/frases-de-bolsonaro-o-candidato-que-despreza-as-minorias/

[3]https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2018/haddad-vai-a-cadeia-pela-15-vez-para-receber-instrucoes-de-lula-4wruyjr78imida4ze2r9mwteh

[4] Nunca disse que o texto seria imparcial. Mas espero conseguir manter a objetividade. Fica ao leitor o julgamento.

[5]https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/eleicao-em-numeros/noticia/2018/09/11/saude-e-violencia-sao-os-principais-problemas-para-os-eleitores-brasileiros-segundo-datafolha.ghtml

Notas exigem pouco, acontecimentos exigem mais

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Nesta semana, decorrente do dia 15 ao dia 27 de outubro, um caso chamou a atenção na veiculação das notícias nos portais G1 Campos Gerais e Diário dos Campos(DC). Ocorrido na terça-feira (16), trata-se sobre um homem que estava se masturbando no ônibus público da cidade. O assunto foi veiculado em dois dos três jornais locais, no G1 e no DC. Embora o fato envolva assédio sexual, as duas matérias são curtas e discorrem em 4 e 2 parágrafos respectivamente. Não apresentam assinatura de nenhum jornalista, o que denota falta de credibilidade e descaracterização na apuração fraca e superficial. Considera-se esse tipo de violência um assunto sério que constantemente deixamos passar com frases e construções fracas que colaboram para a normalização de uma violência. As duas matérias permanecem nessa situação quando montam-se em formato de nota.
A matéria no G1, constituída apenas de quatro frases diretas, não ouve nenhuma das mulheres, ou passageiras (os), presentes no local. Aponta apenas duas fontes de forma indireta [Polícia Civil e a delegada]. Já o DC constrói a nota em cima de dois parágrafos, entretanto peca quando utiliza-se do termo “supostamente”, embora com ocorrência registrada e três mulheres ouvidas, a palavra utilizada descaracteriza a credibilidade das testemunhas e reforças o discurso de invenção do assédio.
Além disso, as duas matérias mostram uma falha jornalística imensurável: o contrato com o público. Quando passamos por acontecimento desse tipo, por mais “pequenos” que pareçam, sempre são ganchos para discussões que a sociedade necessita, principalmente em tempos de crises morais e ataques aos Direitos Humanos. O assédio é pauta grande, é pauta forte e essencial a ser discutida. O jornalismo deve usar-se da sua função de comunicar para elaborar textos críticos e bem apurados. Nessa situação, poderia ter ouvido as testemunhas, apresentar dados de violência sexual e assédio (segundo pesquisa DataFolha [2017], 42% das mulheres acima de 16 anos já sofreram assédio sexual, enquanto dessas, 22% ocorreram em transporte público). Por que manter uma nota tão superficial em um assunto tão profundo? O jornalismo precisa se atentar às demandas da sociedade e, constantemente, provocá-la ao debate.

Por João Pedro Teixeira

Em Defesa da Democracia, Não ao Perigoso Retrocesso: Carta Aberta de Professoras e Professores da Graduação e Mestrado em Jornalismo da UEPG

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Professoras e Professores dos Cursos da Graduação e Mestrado em Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), no Paraná, manifestam completo repúdio a todo tipo de violência, presente no discurso do ódio instaurado durante esta campanha eleitoral 2018 à Presidência da República, desde o 1° turno e mais fortemente no decorrer das semanas na reta final do 2° turno, com ataques graves aos direitos humanos e apologias a regimes ditatoriais. claramente nazi-fascistas, com afronto à Democracia no Brasil.

Repudiamos as ações de campanhas construídas sob notícias falsas e disseminadas pelas redes sociais, através de milhares de robôs impulsionados por sistema de computador e milhões de perfis falsos, em grupos abertos e fechados. O que é mais grave: prática financiada por Caixa 2 aos custos de R$ 12 milhões, não informados à Justiça Eleitoral, conforme denúncia em 18 de outubro deste ano por um dos principais jornais brasileiros e repercutida pela imprensa nacional e internacional. Campanhas construídas pelas chamadas Fake News enganam e induzem o eleitor, com a única finalidade de construir uma falsa ilusão de adesão pela ampla maioria a determinado candidato, o que já é explicitamente considerado crime eleitoral, expresso na Legislação Eleitoral Brasileira, que regulamenta a propaganda na internet.

Repudiamos toda cobertura jornalística tendenciosa dos veículos de comunicação (TV, rádio, jornais, revistas e internet), que historicamente antecipam suas escolhas por determinado candidato e expõem aos milhões de cidadãos e cidadãs abordagens com viés da propaganda enganosa, distanciando-se dos verdadeiros princípios do jornalismo.

Em nosso papel de professoras e professores de Jornalismo, alertamos aos cidadãos e cidadãs sobre o perigoso cenário construído nestas eleições, que projeta o País a um tempo obscuro, com possível cerceamento da liberdade de expressão, retirada total dos direitos civis e políticos, enfraquecimento das instituições políticas, governamentais e não governamentais e do sistema educacional, agravamento da violência nas ruas com o discurso da liberação do porte de armas, com o acirramento do desrespeito à mulheres, pobres, negros, às diferenças de gêneros, aos índios e movimentos sociais populares urbanos e camponeses.

Denunciamos a ausência de clareza nos programas de governo e a falta de debate sobre políticas públicas conduzidas atipicamente nestas eleições, em que candidato se apresenta apenas por curtas mensagens em redes sociais, ampliadas inescrupulosamente pelos veículos de comunicação, se negando ao diálogo direto com seus próprios eleitores e ampla sociedade. Nestas eleições, está em jogo a Soberania do Brasil.

Na falta de transparência, postulante que se dedica a dirigir ataques ao jornalismo e a jornalistas se apresenta numa evidente afronta ao exercício profissional e ao direito à informação.Ao mesmo tempo,denunciamos campanha que não assegura zelo algum pelo combate a qualquer forma de censura e de cerceamento ao trabalho intelectual, artístico, cultural, jornalístico e educacional.

Alguém que disputa um cargo público de tal envergadura e reage de modo violento a quaisquer questionamentos deve gerar dúvidas sobre a real e futura competência para negociação dos mais variados e legítimos interesses com vistas ao bem geral daqueles que, sobretudo, mais precisam da ação do Estado brasileiro. Defendemos a proteção de nossas riquezas naturais, como a preservação das florestas, dos rios, mares, animais e todo ecossistema, a busca pelo fortalecimento da qualidade do sistema educacional e da saúde pública, assim como o respeito às diferenças culturais, religiosas e valores humanos, verdadeiros pilares para a sobrevivência das próximas gerações, num futuro não mais distante.

Por defendermos um Brasil para todas e todos, nosso repúdio a todo tipo de projeto que nos impõe a entrega de nossas riquezas às empresas transnacionais e ao mercado financeiro internacional. Que possamos juntos, com liberdade, construir um País verdadeiramente melhor. Não ao discurso de ódio e de violência. Que busquemos sempre fortalecer a verdadeira Democracia! Retrocesso, Não, Nunca, Jamais!

Ponta Grossa, 20 de outubro de 2018

O jornalismo factual desumaniza e abafa problemas sociais e estruturais sérios

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​É horrível saber que as mulheres são mal representadas nas matérias jornalísticas e esse problema é desagradavelmente vergonhoso para as instituições e o próprio jornalismo. Tendo em vista o grande problema social que elas vivem cabe ao jornalismo como fiscalizador e mediador da sociedade, no mínimo, que é o que a conduta ética exige, dar grande importância para um problema social que é grave e afeta não só as mulheres, embora elas sejam as mais prejudicadas. ​

No dia 09 de outubro, a UEPG teve mais um caso de violência contra a mulher, infelizmente foi mais um caso, e não é de hoje que a instituição lida com esse tipo de barbárie que não é um problema só externo, mas também interno. Se perguntar a estudantes, mulheres, funcionárias e acadêmicas da instituição se elas se sentem seguras e protegidas dentro da estrutura universitária irá se deparar provavelmente com respostas negativas. ​

No entanto, nos principais meios de comunicação da cidade Diário dos Campos e ARede, pela análise feita de como foi tratado midiaticamente o caso, os dois veículos não fizeram seu papel jornalístico atuante como fiscalizadores e mediadores sociais. Trataram o caso como sendo mais um em que a instituição passa. O fato, quero ressaltar aqui, de ser mais um caso já é bastante alarmante para a instituição e não dar o devido tratamento mostra que um jornalismo declaratório e factual destrói o poder e relevância da profissão que se faz tão importante na sociedade. A forma rasa como questões assim são tratadas naturaliza muito um tema que deveria gerar questionamentos importantes na sociedade. ​

Dentro do que foi apresentado pelos veículos, o caso foi tratado superficialmente. O Diário dos Campos foi o que menos abordou a violência contra a mulher, apenas no lide trouxe o ocorrido, depois apresentou a nota que a universidade deu sobre o caso, divulgada apenas no dia 11, dois dias após o ocorrido. O texto mencionou como a instituição, em sua nova gestão, vai melhorar esse problema e depois falou sobre o caso. Já no portal ARede, a abordagem apresentou mais detalhes sobre o acontecido, trazendo a fala anônima de uma tia da estudante que sofreu o atentado. Logo em seguida trouxe também o lado da nova gestão da reitoria que assumiu em setembro, informando o que será feito para melhorar a segurança da universidade e, principalmente, no campus Uvaranas. ​

Me pergunto agora, e as outras estudantes? Como elas se sentem em relação a falta de segurança? Cadê o aprofundamento? Se contabilizarmos quantos casos já ocorreram na instituição percebemos há quanto tempo essas estudantes e mulheres sofrem com a insegurança de viver em uma instituição que não tem medidas, verdadeiramente boas, para a proteção de toda a comunidade acadêmica. Creio que a ferida do jornalismo ainda seja elevar fontes oficiais, onde suas falas são o alento que a sociedade precisa, em que tudo se resolve colocando aspas e um cargo oficial no texto, é decepcionante ver como o jornalismo está corrompido. Nem mesmo a própria assessoria da UEPG publicou algo sobre o acontecido no seu portal de notícias. Como se os estudantes não devessem saber como sua própria universidade está tomando medidas para melhorar a segurança! Às vezes um ranking dizendo que a instituição é uma das melhores no mundo não é tão importante quanto a segurança de quem faz a universidade subir nesse ranking.

Por Rafael Santos

Jornalista encara desafios da educação na ONG Ensina Brasil

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Formada pela UEPG, Thainá Kedzierski atua través da sala de aula para efetivar os Direitos Humanos

Thainá Kedzierski se formou em Jornalismo pela UEPG em 2014. Trabalhou dois anos em uma agência de publicidade em Foz do Iguaçu, com clientes do Paraguai, Argentina e Brasil. Em 2017 iniciou a pós-graduação em Relações Internacionais Contemporâneas, na Universidade Federal da Integração Latino-americana. Foi em Foz do Iguaçu que Thainá conheceu a ONG Ensina Brasil e mudou de estado e de profissão. Hoje ela trabalha com direitos humanos e educação. Em entrevista ao Elos a jornalista nos conta como foi essa virada em sua vida e como é trabalhar com direitos humanos em um país tão desigual como o Brasil.

 

Como você conheceu a ONG Ensina Brasil. Poderia nos contar melhor como foi sua trajetória até a ONG? O que você buscava?
Durante esses anos que estive em Foz, senti que comecei a perder tudo o que o jornalismo tinha despertado em mim. O sentimento que desenvolvi por gostar de trabalhar com gente, de fazer serviço para pessoas e de fazer parte da vida real. E é aí que o Ensina Brasil entra na minha trajetória: o Victor, amigo meu de Foz do Iguaçu, faz parte da primeira turma de Ensinas (como somos chamados). Eu acompanhava as publicações dele e sempre conversávamos sobre a rotina e as decisões que o fizeram ir parar em Cuiabá, no Mato Grosso. Acredito MUITO no ideal da ONG, que, para mim, é possível: “Um dia, todas as crianças terão uma educação de qualidade”. O objetivo é nos tornar lideranças na educação e para que possamos ser essas lideranças, o ponto de partida é o que chamamos de chão de escola. Hoje, trabalho como professora de língua portuguesa do ensino fundamental e médio e desenvolvo projetos com os alunos no contra turno. Eu não sabia exatamente o que eu buscava – e acho que até hoje vou descobrindo a cada dia – mas eu sabia que queria trabalhar com gente e queria fazer a diferença.

 

Como foi a preparação para dar aula? O curso de Jornalismo auxiliou em algum aspecto? Caso sim, quais?
Assim que fui aprovada, em dezembro, comecei uma formação obrigatória virtual. A formação era dividida em diversas áreas (didática, empatia e resiliência são algumas) e foram essenciais para que eu pudesse chegar em janeiro, para a formação presencial intensiva, com uma noção do que essa formação pretendia e o que a minha atuação seria. Fiquei o mês de janeiro inteiro em São Paulo tendo treinamentos com profissionais absurdamente incríveis da educação brasileira – Jana Barros e Gina Pontes são algumas. Discutimos ferramentas didáticas, estatísticas da educação pública, o papel da escola na vida do jovem de periferia e tivemos formação com várias instituições (públicas e privadas) que também colaboram de alguma forma para o desenvolvimento da educação brasileira.
Toda vez que alguém pergunta o porquê de eu ter saído do Jornalismo, faço o exercício de pensar nos propósitos das profissões que trabalhei até hoje: no jornalismo, minha função era informar de maneira objetiva, verdadeira, sensata e que fizesse sentido para o público que se informaria pelo meio de comunicação. Hoje, minha função é a mesma: informar, de maneira objetiva, verdadeira e sensata o conteúdo de língua portuguesa ao meu público – alunos do sétimo ano do ensino fundamental e do segundo ano do ensino médio. Toda vez que vou ensinar um conteúdo novo a eles, penso no ponto de partida dos alunos de onde atuo. Em qual das duas frases há mais sentido para esse aluno da cidade de Serra, no Espírito Santo, para que ele possa encontrar o sujeito da frase: “Fabrício caminhou pelo Jardim Carapina” ou “Princesa Charlotte mora na Inglaterra”?

Primeira vez que os alunos do segundo ano conheceram um meio de comunicação. Neste dia, conhecemos a Rádio Espírito Santo.

Quais projetos você aprendeu a desenvolver junto à ONG?
Na ONG, o objetivo é nos tornar capazes de guiar esses projetos e ainda mais importante que isso: que consigamos identificar situações e ter ideias a partir do que a nossa realidade nos oferece. Como trabalhei um tempo com conteúdo digital, seria mais natural e fácil para mim se desenvolvesse um projeto de conteúdo digital com os alunos. Mas o laboratório de informática da escola não funciona e boa parte dos alunos não tem celular, então o digital não é uma realidade tão comum. A partir dessas informações e dos equipamentos que a escola tem disponível, hoje temos a Rádio D Jovem Mix, que acontece nos intervalos da sexta-feira. Os alunos vêm no contra turno e decidem tudo, desde trilha sonora a blocos da programação e conteúdo. Além da rádio, a escola em que atuo também tem grupos de estudo, projeto focado em diálogos para o futuro (voltado para profissões e escolhas) e também trabalhamos na revitalização da biblioteca.

Primeiro dia de funcionamento da Rádio D Jovem Mix, desenvolvida por alunos e alunas da Escola
Estadual Dom Batista da Motta e Albuquerque.

Hoje você trabalha como professora no Espírito Santo, em uma região vulnerável. Poderia nos detalhar melhor como é essa parte do Brasil em que você está atuando? Por que é classificada como vulnerável? Quais são as demandas e em que sentido seu trabalho atende parte dessas demandas?
Recorri a uma fonte oficial para defender o que acredito ser uma região vulnerável: alto índice de crimes (assalto, roubo, homicídio), violência contra a mulher, alto índice de evasão escolar, distorção idade-série e problemas de mobilidade, transporte e segurança pública. Isso é o que eu vejo no bairro em que atuo e nas falas de alunos meus que moram próximos ao bairro. Segundo o IPEA, Serra é a 29ª cidade mais violenta do país e essa realidade que vejo é compatível com o índice. Muitas crianças e adolescentes vão para escola não porque enxergam a necessidade de estar nela, mas porque lá é o único lugar que podem comer ou porque a escola é mais segura que a própria casa. Por isso, é mais que necessário que os professores desses alunos tenham essa ideia e tornem o momento da sala de aula o mais relevante para a vida de cada aluno que está ali – e é isso que eu busco. Quando leio ´meu trabalho´, me coloco num espaço que tem vários professores (tanto os do Ensina Brasil quanto outros professores temporários e efetivos) buscando a mesma coisa que eu e acredito, que a educação pode ser um pouco mais igualitária.

 

Quais projetos você desenvolve junto aos alunos?
Como projeto individual é a rádio da escola, mas junto aos meus colegas da escola desenvolvo também o Grupo de Estudos em Língua Portuguesa e Matemática para todas as séries (sexto ano do fundamental ao terceiro ano do ensino médio) e o Pré-Enem (português, matemática, redação/atualidades e biologia/química). Cada um (professor) desenvolve projetos diferentes e tanto no estado quanto na rede, dependendo do que a escola e os alunos pedem, os materiais disponíveis e a formação de cada um dos professores. É mais natural que eu desenvolva uma rádio e a minha colega, que é bióloga, desenvolva um projeto de reciclagem, por exemplo – mas isso não impede que os projetos sejam interdisciplinares.

 

Estamos em um ano eleitoral. A partir dessa sua vivência, você acha que as propostas dos candidatos contemplam acabar com as situações de vulnerabilidade que acometem grande parte da população?
Acho que muitas propostas são necessárias e podem ajudar auxiliar nesse processo, mas não sei se é tão rápido… Num país onde a memória do brasileiro é muito instantânea e a educação política é confundida com doutrinação, parece um pouco difícil que as propostas cheguem onde é necessário. Não só por atuar diretamente na educação hoje, sempre acreditei na educação como fator essencial para promover mudança. Sempre mesmo. Por isso acho que as propostas de segurança pública e assistencialismo podem remediar um problema social que o Brasil reproduz há anos, mas é só a inserção (e permanência) das crianças na escola que as tornarão conscientes para que, no futuro, consigam decidir os melhores governantes e as propostas. O que me amedronta é a defesa de que a escola deve ser 100% conteudista e não deve debater temas como desigualdade de gênero ou a produção de notícias falsas.  Quer espaço melhor para desenvolver pensamento crítico que o local que você está para aprender?

 

Como você vê o respeito aos direitos humanos a partir da realidade que você está presenciando?
Eu não vejo. Sabe todas as estatísticas de mortalidade, roubo, assalto, gravidez na adolescência e evasão que a gente vê em relatórios formais disponibilizados em pdf no site de organizações? Aqui tudo isso tem RG e rosto. Se chove e alaga uma casa, que forças essa pessoa terá para “lutar” contra o sistema e pedir mudanças ao governo se no dia seguinte ela tem que bater ponto às 8h no trabalho?
Acontecem vários problemas sociais que não têm solução óbvia nem a partir de governo. É comum ouvir “ah, podemos fazer o quê? É assim mesmo, com a irmã dela também foi assim”. Existe um condicionamento a naturalizar certos problemas que não são naturais. Eu não consigo naturalizar o fato de acharem que é normal uma aluna abandonar a escola aos 15 anos, porque a irmã dela também ficou grávida nesta idade. É como se já fosse esperado, como se o fluxo fosse tão natural que ninguém mais se impressiona ou tenta mudar isso.

 

Você busca trabalhar nesse sentido em melhorar nossa sociedade, qual conselho você daria a um jovem brasileiro que está buscando uma profissão ou àquele que está saindo da faculdade?
Nossa, eu diria tanta coisa… a primeira é para focar no que essa pessoa acredita. Sei que crenças não pagam contas, mas elas te levam em caminhos que podem te tornar uma pessoa ainda mais consciente. Confesso que a minha falta de certeza, me coloca num lugar desconfortável (risos) mas acho que equilibrar calma e ansiedade é crucial para essa fase não ser um mar de tristezas. Diria para fazer tudo que tiver a mão: é possível fazer uma pós-graduação gratuita? Tente. Tem um curso perto da sua casa que você tem condições de fazer? Faça. Por mais que estejamos saturados de estudos ao final da graduação, são só esses estudos que podem abrir portas para o mercado de trabalho. E só a experiência do mercado de trabalho pode te levar a um caminho que seja trabalhar com o que você acredita.

Formulário: Denúncia de agressões com motivação política

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O Site Elos está coletando registros das pessoas que sofreram agressão, ameaça ou violência por motivações políticas. Esse formulário serve para que você denuncie a agressão.
Para denunciar é só clicar no link:

Quando nossa cobertura está sendo efetivamente crítica e não só espelho de um lado só?

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O jornal Diário do Campos publicou, no período de 1 a 6 de outubro, 43 matérias em sua seção Cidades. Embora mais da metade do material seja das assessorias (26 publicações), as temáticas de gênero estão apagadas das matérias próprias do jornal que sempre busca colocar as fontes oficias em primeiro plano, sempre retratando-as através das entidades e órgãos que representam, excluindo a identidade da pessoa que repassou a informação. Por mais que das 20 fontes com identificadas com nomes, 12 sejam mulheres, elas encontram-se em papéis de contextualização, sendo apenas 4 como fontes principais vinculadas a órgãos oficiais. Enquanto há 10 fontes homens, apenas 2 deles exercem esse papel e os outros 8 representam posições importantes dentro da matéria.

O jornal abre o mês com uma publicação sobre o Outubro Rosa, já de praxe dos conteúdos essenciais ao jornalismo durante este mês. Entretanto apresenta um texto frio, sem aprofundamento do tema. São jogadas informações oficiais a respeito da realização do exame de mama, quantas são realizadas e as características da campanha que será realizada pela prefeitura. Mas em nenhum momento a matéria resguarda a fala de outras fontes que não estejam dentro de órgãos oficiais, desumanizando e criando uma estética engessada, o que transforma o material em mais uma notícia de campanha.

No dia 5 de outubro, o jornal ainda desperdiça caracteres quando realiza uma nota apenas com os dados atualizados de quantos exames já foram feitos. Recicla o lead e o sub lead da matéria do primeiro dia do mês e coloca outros dois parágrafos, com cerca de 4 linhas, com dados brutos e sem nenhuma fonte. Além disso, uma matéria do dia 4, apresenta a cobertura de um evento sobre o Outubro Rosa e a jornalista destaca no texto os principais pontos das palestras. Assim, vale ressaltar que em vez da enjoativa e precária cobertura, valeria um desdobramento fundamental sobre a vida da mulher na sociedade moderna e as diversas opressões que esta sofre, uma vez que estavam presentes uma ginecologista obstetra e uma advogada que comentou sobre as conquistas das mulheres.

Nesse âmbito é preciso se perguntar quando nossas apurações estão sendo abrangentes e alcançam um debate útil na sociedade. Devemos prestar atenção no direcionamento de nossos conteúdos e tentar coloca-los dentro de questionamentos. Nosso olhar dentro do jornalismo deve ser sempre crítico e detalhista, nossa obrigação é levar a esfera pública as situações que lhe cabem como interesse público, portanto não podemos deixar nossa apuração a mercê de poucas fontes que denotam os reforços de materiais sem aprofundamentos que sejam facilmente vendidos.  

Por João Pedro Teixeira

 

Elos dá oficina sobre jornal comunitário no Colégio Elzira, em Ponta Grossa

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Alunos e professores do Colégio Estadual Elzira Correia de Sá, no bairro Santa Paula, em Ponta Grossa, participaram no dia 27 de setembro da Oficina Jornal Comunitário. A atividade, ministrada pela equipe do Elos, integra o projeto da escola para criar um jornal comunitário. A parceira acontece com o projeto de extensão do curso de Jornalismo da UEPG.

Foto: Fernando Oliveira – Pibic Jr; e professora Maria Antônia Marçal

Os alunos, divididos em grupos, desenharam a proposta do jornal, possíveis formatos e editorias. Os desenhos serão expostos na própria escola para envolver toda a comunidade escolar. Paralelamente, está circulando a campanha para decidir o nome do novo periódico.

Foto: Fernando Oliveira – Pibic Jr; e professora Maria Antônia Marçal

Na oportunidade, professores e aluno relaram a invisibilidade de temas positivos sobre a comunidade na mídia comercial local. Além disso, o grupo do Colégio Elzira salientou a diversidade de atividades e acontecimentos promovidos pelos moradores e entidades do bairro Santa Paula. Tudo isso oferece elementos para realizaram de um jornal próprio, que possa retratar melhor a comunidade.