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ALUNOS DO MESTRADO EM JORNALISMO OFERECEM CURSO PARA COTISTAS

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Os candidatos da seleção para o PPG/JOR 2019, que concorrem pelo sistema de cotas, podem se inscrever no curso preparatório até o dia 09 de setembro. A iniciativa é de mestrandos, que vão ofertar aulas presenciais entre os dias 13 de setembro e 19 de novembro.

Para se inscrever no curso, basta enviar uma mensagem para o e-mail preparatoriojornalismo@gmail.com Lembramos que o curso é EXCLUSIVO para candidatos que são negros, indígenas, pessoas com deficiência, trans, refugiados ou técnicos da UEPG.

O edital do mestrado está disponível em:https://goo.gl/xKD6q3

Comunidade escolar do bairro Santa Paula planeja a produção de um jornal

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Na última quinta-feira, 15 de agosto, professoras, professores, alunas, alunos e diretoria do Colégio Estadual Alzira Correira de Sá Fernando Oliveira se reuniram junto com a coordenação do projeto Elos para iniciar o planejamento das etapas de produção do jornal.

O projeto do jornal proposto pela professora de História, Maria Antonia Marçal, em colaboração com as professoras e professores de Arte, Matemática, Português, Sociologia, Geografia, Filosofia, Inglês e a pedagoga Regiane Pedroso, visa integrar a escola com a comunidade local, além de fortalecer os laços e as múltiplas identidades dos moradores e estudantes. Outra característica é trabalhar a interdisciplinaridade no aprendizado.

Para isso, o jornal será produzido pelos alunos junto com a participação e coordenação dos professores e em parceria com o projeto de extensão Elos e irá abordar pautas do ambiente escolar e do bairro e vilas que compõem a comunidade.

Durante a reunião os participantes traçaram as próximas etapas do projeto. A primeira diz respeito ao concurso para definir o nome do jornal,  seguida das oficinas.

Foto: Fernando Oliveira

 

Foto: Fernando Oliveira

 

Foto: Fernando Oliveira

 

Lei de Cotas: um passo importante nos horizontes da universidade pluriétnica brasileira

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O projeto de Lei que criou uma política de ação afirmativa nas instituições federais de ensino foi aprovado e sancionado pela Presidência da República em agosto de 2012 na forma da Lei 12.711/2012. A Lei estabeleceu a obrigatoriedade da reserva de vagas nas Universidades e Institutos Federais, combinando frequência à escola pública com renda e cor (etnia).

É uma das importantes conquistas no campo de acesso à educação superior por parte de segmentos sociais historicamente excluídos, entre eles os povos indígenas, já que promove a igualdade de oportunidade para todos os brasileiros, na sua ampla diversidade sociocultural e imensa desigualdade econômica. Entretanto, não pode ser vista como um fim em si mesma ou como a salvaguarda de todos os problemas de desigualdade e exclusão educacional no país, como observou à época o professor Gersem Baniwa. “É um ponto de partida para se pensar o enfrentamento mais pragmático das desigualdades associadas à exclusão e discriminação racial, sociocultural, econômica e étnica” afirmava, destacando que “o alcance da Lei depende de ações e estratégias a serem adotados pelo Ministério da Educação e pelas Instituições Federais de Ensino” (LUCIANO, Gersem José dos Santos, Museu Nacional, UFRJ, 2012).

Na sua reflexão, calcada na experiência como pesquisador e formulador de políticas para a educação superior indígena, lembrava que a Lei vinha para fortalecer experiências pioneiras no processo de política afirmativas na área, tais como os programas de educação tutorial, a formação intercultural de educadores indígenas e os vestibulares diferenciados, através de vagas suplementares. Experiências impulsionadas pela Constituição Federal de 1988 e legislações internacionais, bem como pela iniciativa de professores indígenas, e não-indígenas, para fazer valer o direito à educação diferenciada, como direito coletivo, comunitário.

O acesso institucionalizado aponta, assim, para oshorizontes de uma universidade pluriétnica gestada nos desafios de um campo com importância estratégica para a construção de espaços e experiências de convivência multicultural entre povos indígenas e a sociedade nacional, através da troca de saberes, orientada pela interdisciplinaridade, qualidade e compromisso social com a melhoria de vida das comunidades indígenas.

No processo de institucionalização da Lei de Cotas éprimordial a ligação entre o acesso, acompanhamento e permanência dos estudantes indígenas. Tais trajetórias acadêmicas configuram alteridades coletivas em uma sociedade multicultural, em que é preciso enfrentar práticas discriminatórias, racismo e fazer valer seus direitos, cobrando dos governos a constituição de um Estado diferente que possibilite a igualdade de condições de vida para todos.

Nessa perspectiva, a recente mobilização dos estudantes indígenas e quilombolas contra o anúncio de cortes de Bolsa Permanência, pelo Ministério da Educação, é exemplar.

Após várias manifestações em Brasília, audiências públicas nas universidades e resistência contra qualquer retirada de direito, o MEC garantiu 2.500 novas bolsas para alunos matriculados no primeiro semestre, conforme publicado no site do ministério. A abertura do MEC para o cadastro de novos indígenas é uma conquista dos estudantes indígenas e quilombolas. Contudo, diante da conjuntura de severos cortes orçamentários e dos contínuos ataques aos direitos indígenas e quilombolas, continuam vigilantes e querem que o Programa de Bolsa Permanência* se torne projeto de lei, pois é a condição material para os povos continuarem ocupando e pintando de jenipapo e urucum a academia.

*O Programa de Bolsa Permanência (PBP) é uma ação do Governo Federal, por meio do MEC, em conjunto com vários órgãos, que visa democratizar o acesso e a permanência no ensino superior de estudantes indígenas, quilombolas e daqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Carmem Rejane Antunes Pereira

EUA fora do Conselho dos Direitos Humanos da ONU: problema ou solução?

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Marina Demartini

Surpresa não é a palavra que define a saída dos Estados Unidos do Conselho dos Direitos Humanos (CDH) das Nações Unidas (ONU). Tal decisão não é considerada inesperada apenas devido à política “América em 1º lugar” empregada por Trump, em que filhos são separados de seus pais, líderes autoritários são recebidos de braços abertos e acordos internacionais, como o de Paris sobre mudanças climáticas e o nuclear do Irã, são abandonados. Na realidade, na atual ordem (ou desordem) mundial, a falta de tolerância é de longe um espanto.

A relação dos EUA com o Conselho nunca foi estável, nem mesmo quando o órgão foi criado em 2006 para substituir a Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos.  Inicialmente, o país se recusou a participar do Conselho, argumentando que, como a antiga comissão, o CDH havia admitido países com registros questionáveis de direitos humanos. Apenas em 2009, no governo de Barack Obama, que os EUA decidiram ser unirao Conselho. As críticas, no entanto, não pararam com a sua adesão.

Além dos Estados Unidos, outros países e grupos de direitos humanos expressaram reclamações sobre o corpo em 2013, depois que Arábia Saudita, Argélia, China, Rússia e Vietnã foram eleitos membros. Israel também critica o Conselho desde o seu surgimento, alegando vigilância injusta do órgão em relação às suas atividades militares em Gaza e nos Territórios Ocupados. O país, aliás, é o único sujeito a revisão permanente na agenda do CDH sob o “Item 7”, chamado de “Israel e os territórios palestinos ocupados” da agenda. Em apoio a Israel, Nikki Haley, representante dos EUA junto às Nações Unidas, disse no ano passado no Conselho que era “difícil aceitar” que resoluções contra Israel haviam sido aprovadas sendo que nenhuma foi considerada no caso da Venezuela.

​Desse modo, a saída dos Estados Unidos do CDH não é surpreendente. Contudo, ela reforça uma discussão que é recorrente em meios acadêmicos e diplomáticos: afinal, o modelo proposto para o órgão é realmente eficaz? Antes de responder a essa pergunta, é importante entender como o Conselho funciona e quais são as suas principais atividades. O órgão é composto por 47 países de diferentes regiões do mundo que participaram de eleições para se tornarem líderes do Conselho por três anos. Cada candidato é obrigado a mostrar um bom registro de direitos humanos e os membros eleitos que cometerem transgressões podem ser expulsos – até hoje, apenas a Líbia foi convidada a se retirar do órgão. Entretanto, a politização entre países vizinhos ou que possuem relações amigáveis continua. Isso porque, nações considerada mais poderosas, como os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, simplesmente decidem quais países são adequados para proteger os direitos humanos.

Outro ponto importante é que o CDH faz reuniões três vezes ao ano que servem para analisar os registros de direitos humanos de todos os 193 membros da ONU. Essa análise é conhecida como Revisão Periódica Universal (RPU) e é um dos únicos mecanismos das Nações Unidas que examina todos os países independentemente de suas situações e posições política, econômica e social. No total, 42 países são analisados todo ano, assim as atividades de cada membro são revisadas uma vez a cada quatro anos e meio. A RPU é dividida em três etapas: na primeira e na segunda fases, relatórios são entreguem pelo próprio governo revisado, por especialistas da ONU e por ONGs para serem revisados pelo Conselho durante três horas e meia – é durante essa sessão que recomendações são feitas para os países analisados. Na terceira e última fase, a revisão é publicada com todas as recomendações aceitas pelo país analisado e quais serão os passos para implementa-las nos próximos quatro anos e meio. Após o fim desse prazo, o Conselho se reúne novamente para ver quantas recomendações foram incorporadas.

Como a maioria das instituições das Nações Unidas, o CDH também sofre de um problema comum em estados burocráticos: ritualismo. Todo esse processo meticulosamente desenvolvido e a linguagem dos direitos humanos são adotados por muitos países para desviar o escrutínio e a responsabilização, ao mesmo tempo em que ganham reputação e legitimidade positivas. Várias nações, por exemplo, ratificam resoluções, mas não as implementam. Isso acaba enfraquecendo a instituição, tornando o monitoramento um mero processo cerimonioso.

É importante ressaltar, contudo, que todo esse processo também causa efeitos positivos na sociedade. Primeiramente, há uma coordenação entre países de diferentes contextos econômico, político e social, algo que não é comum em outras instituições da ONU, como a Assembleia Geral e, especialmente, o Conselho de Segurança, com suas pautas determinadas apenas pelas grandes potências mundiais. Além disso, há uma inclusão maior da sociedade civil, como ONGs que defendem os direitos humanos e grupos de transformação social.

Outro efeito positivo da RPU é que ela revela como a regulação dos países vai muito além das regras legais propostas por tratados internacionais – também é importante salientar que a Revisão Periódica Universal é o único mecanismo obrigatório que revisa a conformidade dos países com relação aos direitos humanos – bem como abre mais a discussão sobre temas menos privilegiados, como os direitos econômicos, sociais e culturais. O órgão, por exemplo, tem sido fundamental na promoção dos direitos das pessoas com deficiência e da comunidade LGBTI. Também devido a esse constante debate, a agenda de direitos humanos é influenciada, além de provocar a mídia do país analisado, impulsionando as recomendações. Alguns exemplos disso são as investigações em Mianmar em 2017, na República Democrática do Congo e no Iémen. Além disso, a Comissão de Inquérito da Síria investiga o conflito desde o início devido ao trabalho feito pelo Conselho.

Com todos esses pontos em mente, é mais fácil entender a saída dos EUA do Conselho dos Direitos Humanos não apenas a partir da visão de política de exclusão atual do país, mas também pelo processo operacional do órgão e seus problemas de politização e ritualismo. No entanto, vale ressaltar que não é porque os Estados Unidos saíram do grupo que outros países irão seguir a sua liderança e declarar um boicote. A realidade é que o Conselho provavelmente será ainda mais severo com Israel e a desestabilização promete ser ainda maior. Tiro no pé? Talvez não. Mas com certeza um no dedão.

Torcer ou não torcer pela Seleção Brasileira: eis a questão.

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Prof Mateus Gamba Torres
UNB – Departamento de História

Um pouco antes de começar a Copa, foi muito comum ouvir comentários de amigos e parentes no seguinte sentido: “não vou torcer pela seleção nesta Copa, olha o país do jeito que está!”. Meus amigos se referiam àsituação política e econômica brasileira, que não anda nada bem, com golpes, corrupção e problemas econômicos agravados nos últimos dois anos. Essas pessoas possuem a soberba de se considerarem o suprassumo das politizadas e considerar seu ato de antipatriotismo a maior das revoltas. Para eles,as pessoas que torcem consequentemente estãoalienadas de tudo que está acontecendo no país, são ignorantes, despolitizadas. Esse sentimento não é novo. Em 1970, muitos intelectuais de esquerda e pessoas perseguidas pela ditadura militar, exiladas, que notavam a utilização da Copa do Mundo de 1970 e a posterior conquista do tricampeonato mundial como a melhor propaganda de exaltação do regime, também tinham esse sentimento e já não torciam pela Seleção Brasileira.O timeera dos sonhos, considerado por muito o melhor de todos os tempos, a vitória foi esmagadora e a utilização dela pelos militares, uma realidade. Utilizaram o futebol como um argumento de que o Brasil estava indo maravilhosamente bem em todos os aspectos e que isso coadunava com o aspecto esportivo, de que tudo estavadando certo e que a conquista do tri seria mais uma prova de que tudo estava indo muito bem.O povo se alienaria pensando apenas na Copa e se esqueceria de seus problemas e dos problemas do país porque o Brasil foi campeão, e o governo, com toda a propaganda, exaltaria, como o efetivamente o fez, o título mundial e não falaria de outros problemas. O ditador Médici realmente utilizou,e muito, o discurso vitorioso do Tri como uma façanha relacionada à ditadura. Junto a isso, o crescimento econômico (desigual e feito com dinheiro emprestado, só para lembrar!), que era chamado de milagre econômico, fazia com que a classe média conseguisse comprar, com o crédito abundante, seus apartamentos pelo BNH e seus fuscas zero quilômetro. A classe média e os mais ricosefetivamente estavam felizes, não somente com a seleção, mas também com sua ascensão social, em detrimento da maioria da população que inchava as favelas devido ao êxodo rural e a desigualdade estabelecida pelo crescimento econômico excludente e de acumulação de capital. É difícil, para mim, crer que alguém ficasse efetivamente triste com a vitória da seleção; todos e todas, dos mais diversos matizes sociais brasileiros, vibraram com o Tri. Era uma sensação construída junto com o sentimento de pátria e nacionalidade: nós somos os melhores do mundo no esporte mais popular do mundo! Porém,para mim também é difícil aceitar que as pessoas com condições sociais de miséria absoluta não soubessem que, passada a alegria, o seu estado continuava o mesmo, o governo ausente da mesma forma, e aceitar que a economia e a política, para essas pessoas,teria melhorado por causa do Tri. Normalmente quem acha que a população pobre pensava dessa forma só reforça o estereótipo do pobre ignorante, que é alienado, que não sabe pensar por si só e que não percebe a realidade em sua volta, quando sua vida melhora ou piora após a ação de um governo. Nos dias de hoje, noto muito dessa postura em pessoas com tendências políticas à esquerda, muito parecido com 1970; porém, um novo fenômeno agora acontece com a direita: ela também não torce mais para o Brasil. Por que? A esquerda até podemos entender:gente que foi contra o golpe e por isso se revolta contra tudo que está aí. Mas, surpreendentemente, o mesmo acontece também com pessoas que apoiaram a queda de Dilma Roussef e agora acham que nem tirando o PT o Brasil tem jeito. Essas pessoas são as mesmas que acham que o povo não sabe votar, que é ignorante, que vai ficar alienado com a política e não vai perceber os supostos danos que o PT fez para o país se o Brasil ganhar a Copa do Mundo. Gente desesperançosa, que achava que tirando o PT do governo as coisas melhorariam, mas quebrou a cara, pois colocouno lugar um corrupto incompetente junto com um bando denunciado em vários processos de corrupção. Agora torcem contra a seleção por causa da situação que perceberam que criaram. Por que torço pela seleção? Porque me recuso a considerá-la propriedade de um governo. Governos passam, o Estado não. O Estado brasileiro é perene, assim como a seleção, e os governossão provisórios, periódicos. Abrindo mão de torcer estamos abrindo mão de algo que é nosso, que faz parte da nossa cultura e que pertence ao povo brasileiro, e não ao governo A ou B. Algo que nos dá orgulho, algo que nos dá alegria, algo pelo que somos apaixonados e nos faz, sim, ficar felizes, pois somos pentacampeões no esporte mais popular do mundo. Para uma gente acostumada com as derrotas da vida, um pouco de vitória vista em seu compatriota de camisa verde amarela lhe dá um pouco de alento. Além disso, não existe nada mais brasileiro do que os jogadores da seleção. Em sua maioria negros e pobres, a história da maioria dos jogadores se confunde com a história da maioria do povo brasileiro. Gente que não tinha dinheiro para almoçar antes do treino, que tinha que trabalhar para pagar o passe do ônibus para treinar, pessoas criadas nas periferias e filhos de mães abandonadas pelos pais. Essas pessoas conseguiram apenas e tão somente com o seu esforço vencer, através do futebol, as barreiras econômicas e o destino, talvez funesto, que a esperava caso o futebol não lhe desse essa oportunidade. “Ah”, mas dizem essas mesmas pessoas, “eles são milionários, ganham dinheiro demais só para jogar futebol”. Interessante que isso é dito pelas mesmas pessoas que adorariam que sua empresa ou comércio ou seu emprego lhes desse tal rendimento. Qual dessas pessoas não adoraria ganhar o que ganha um jogador de futebol da seleção? Mas essas mesmas pessoas dizem, “é só futebol”! No entanto,acredito que, se elas ganhassem tal salário, independentemente do que fizessem, jamais achariam injusto, ou seja, é uma postura extremamente hipócrita. É bem verdade que a concentração de renda de uns causa pobreza em outros, e não concordo com isso, o Estado deve regular essa concentração através de uma política tributária justa; afinal, me considero comunista.Porém, o sistema em que esses jogadores foram criados é o capitalista, ou seja, vença pelos próprios meios e ganhe o máximo de dinheiro possível, sistema essedefendido com unhas e dentes pela parcela que foi pedir a queda do “comunismo” do PT. Quer dizer, a classe média pode ficar rica, mas o negro, pobre da favela não. Como pedir para essas pessoas pensarem diferente quando foramcriadas nesse sistema? Sabemos de casos de acusações de sonegação de impostos, que devem ser punidos, mas isso não invalida o fato de que nos salários dos jogadores não foi investido um real de dinheiro público e, se as empresas estão lhe pagando, é porque prestam um serviço como outro qualquer. Por fim, vejam como é dura a vida de um jogador de futebol: treinos, cobrança, concentrações, etc, isso falando apenas dos jogadores da seleção que ganham bem, sendo que a maioria dos jogadores profissionais no Brasil ganha parcos salários por seu trabalho. E é um trabalho duro! Levar lazer para as pessoas dá trabalho. Traz alegria, alento e felicidade a uma população que não é acostumada a ter nada disso. Por isso digo a plenos pulmões, e sem medo de parecer alienado: Que venha o Hexa! Que esses brasileiros vençam. Em nome de sua história e em nome de seu povo.

Uma imprensa que deveria lutar pelas questões de gênero

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A violência é uma questão discutida todos os dias nos noticiários locais, mas e a segurança dos grupos minoritários? O Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) em 2017 foram contabilizados 179 assassinatos de travestis ou transexuais, ou seja, a cada 48 horas uma pessoa trans é assassinada no Brasil e em 94% dos casos é contra o gênero feminino.

É pressuposto que colocar em discussão estas e outras questões de gênero seja papel importante dos meios de comunicação. Quando isso não acontece a população fica carente de informação e quem mais perde com isso é a população trans. Perdem sua identidade e o direito a voz.

Nesta semana, foram publicadas diversas matérias sobre o atropelamento de Gaby Scheifer, a qual era uma mulher trans. Entretanto, das três matérias analisadas (em três veículos diferentes), pode-se dizer que nenhuma teve a preocupação com a história desta mulher. O telejornal Paraná Tv 1ª edição e o portal de notícias aRede não tiveram a preocupação de tratá-la pelo nome social.

Foi constatada que Gaby havia levado três tiros antes do atropelamento, as matérias supõem que a vítima fugia do assassino. Colocam afirmações como “o crime pode ter conotação sexual, já que a vítima era transexual”, dando um tom pejorativo para a matéria. Em nenhum momento as publicações têm a preocupação de dizer quem era a vítima e o que fazia, muito menos em contextualizar com dados e estatísticas a luta das pessoas trans. Perde-se aqui, a identidade de uma mulher e a oportunidade de se fazer o bom jornalismo. Esta semana, mais uma vez, o jornalismo pecou em pontos essenciais e em casos importantes para a luta de gênero.

Links:

http://m.arede.info/ponta-grossa/219198/trans-atropelada-levou-tres-tiros-antes-de-morrer

https://www.diariodoscampos.com.br/noticia/transexual-morre-na-rodovia-prc-373

http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-1edicao/videos/t/ponta-grossa/v/sete-pessoas-morrem-em-acidentes-no-fim-de-semana-em-ponta-grossa/6831152/

  Kethlyn Lemes

Mini-documentário: “Uma visão dos Migrantes Refugiados em Ponta Grossa”

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O mini-documentário “Uma visão dos Migrantes Refugiados em Ponta Grossa”, realizado pela estudante do 1° ano do curso de Jornalismo da UEPG, Amanda Gongra, mostra uma combinação de entrevistas com refugiados de Angola, Síria e Haiti que atualmente moram na cidade de Ponta Grossa. O vídeo foi divulgado ontem, 20 de junho, Dia Mundial do Refugiado. O trabalho mostra a história de pessoas que tiveram que sair de seu país de origem e encontraram refúgio na cidade. É baseado nos textos da filósofa Hannah Arendt, uma judia que viveu na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial e também foi refugiada. O produto quer dar voz aos refugiados e suas histórias, mostrando suas perspectivas sobre o tema.

[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=Ayhjbjh35Io[/embedyt]

A invisibilização do Negro na Teledramaturgia Brasileira

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A teledramaturgia no Brasil é fato, acessível a todas as camadas, a todas os seguimentos e faixas etárias. Nesse sentido, poderíamos dizer que a teledramaturgia é democrática.  -Só que não.  Qual o grau de nocividade dela para o expectador?  Quando deixamos de refletir sobre o que ela apresenta?

A teledramaturgia é um produto, do qual somos consumidores. Mesmo que eu posso dizer que não assisto, a grande maioria assiste. Desta forma, o reflexo da teledramaturgia se apresenta nas relações sociais, no cotidiano, na legitimação da desigualdade, da manutenção de estereótipos, na invisibilidade do negro, personifica a estética do branqueamento.  Sendo assim, direta ou indiretamente ela nos afeta.

Então, precisamos refletir sobre as novelas que consumimos, como um produto que adquirimos cotidianamente. A teledramaturgia é materialidade para o exercício crítico, ela precisa ser pensada como um elemento ideológico legitimador da desigualdade racial no Brasil. O pesquisador e escritor mineiro Joel Zito Araújo, autor do livro e documentário “A negação do Brasil, depois de “garimpar” informações nos arquivos da Globo, da Cinemateca, com autores, diretores e atores, ele pôde concluir: “Quando a novela não é de temática sobre escravidão, em que o negro obviamente faz papel de escravo, ele interpreta empregados, motoristas, porteiros”. Para Zito o papel do negro, qualquer que seja, raramente tem destaque na trama, as  empregadas domésticas podem até ser engraçadas, porém não apresentam uma história própria, estas mulheres negras que desempenham papeis que estão sempre  apoiados aos personagens brancos.

No momento, vivemos um retrocesso na questão da abordagem racial, com ínfima participação de negros, mesmo quando retratam o estado da Bahia em que a população negra apresenta um percentual de 76,3%, ela é retratada por um elenco majoritariamente branco, havendo a negação do negro e o branqueamento explícito. A trama anterior: A força do Querer de 2017, se desenvolveu no Estado do Pará, que é constituído por 76,7 % de negros, no entanto, o elenco novamente hegemonicamente branco, sendo que uma das protagonistas branca dançava o Carimbo, dança tipicamente de origem indígena, e africana. Podemos afirmar que  a ideia Freireana do mito da democracia racial é uma falácia, constatamos a inexistência de negro nas novelas. Quando há uma preponderância de atores negros em novela ou trata-se de tema de escravidão, ou em espaço como favelas, presídios, marginalidade em situações que só reforçam o preconceito atuando no imaginário coletivo de forma a naturalizar o racismo e a manutenção de estereótipos de inferioridade do povo negro, justificando que deve retratar a “realidade”, o compromisso com a verdade somente quando reforça estereótipos.  Não para retratar a cultura, a diversidade, a sociedade, como no caso em evidência a nova novela das 21h em que a Bahia é branca e muito mais.

É lamentável perceber o caráter ideológico destas produções, no processo de solidificação do preconceito, do racismo, da desapropriação cultural e na ratificação de subalternidade, marginalidade e invisibilidade da maioria da população brasileira. Somos mais de 53%, entre negros e pardos, na sociedade brasileira. Sendo assim, é preciso um exercício crítico, uma vez que somos consumidores de novelas que não nos representam, que alienam e não fortalecem a nossa contribuição cultural,econômica e social no Brasil.  Ratificando assim, apenas a marginalidade e invisibilidade do povo negro, ou seja nega a existência da maioria da sociedade, seu  próprio consumidor. Sendo este um desejo das elites, este processo de branqueamento a cada geração, há uma pressão estética enorme, a qual não é positiva, ela é muito colonizada e está a serviço de uma política e na manutenção da desigualdade social e na manutenção desta sociedade.

Precisamos nos defrontar no espelho com a aquilo que somos, compreendendo a importância do povo negro e a sua contribuição para a construção da sociedade brasileira,trata-se de uma maioria negra que compõe e contribuiu e contribui econômica, cultural mente com este país, atitude que vai na contramão da cultura do branqueamento que valoriza os traços arianos, exercendo um papel perverso e cruel com o ator negro e com seu povo, invisibilizando-ose reforçando cotidianamente o mito da democracia racial,agindo de forma a enfraquecer, abalar a auto estima, a sua representatividade e o poder político de que quem constitui a maioria da população deste país. A teledramaturgia brasileira ao falar de seu povo não pode ignorar sua composição étnica, negando-a. Afinal, qual é o papel da arte? Qual o papel da teledramaturgia no Brasil?

Não é exorbitante ou mesmo excessivo  reiterar que o problema nacional não é única e exclusivamente  dos negros, ou da população indígena. É um problema do Brasil, é uma questão relacional entre os vários seguimentos constituintes da sociedade brasileira, ou seja,  brancos, negros, índios e amarelos. “A sua superação é uma portanto uma tarefa de todos e exige uma reeducação coletiva do nosso imaginário, do nosso sentido, da nossa afetividade, em direção ao um  conceito multirracial onde a contribuição civilizatória não pode ser somente européia”.

ARAÚJO, Joel Zito.  A negação do Brasil: o negro na telenovela brasileira. São Paulo: Editora Senac, 2000.

http://atarde.uol.com.br/bahia/noticias/1546867-bahia-apresenta-o-maior-numero-de-negros

http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/11/para-tem-maior-percentual-dos-que-se-declaram-pretos-ou-pardos-diz-estudo.html

Quantos minutos são necessários para se ter uma perspectiva de gênero no Jornalismo?

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Doze mulheres são assassinadas todos os dias, em média, no Brasil, é o que mostra o levantamento feito pelo site de notícias G1, relativo aos casos relatados em 2017. Este ano a violência contra a mulher continua. Nos últimos sete dias, foram apresentados no telejornal da RPCTV, filiada da Rede Globo, três desses feminicídios que aconteceram no estado do Paraná. A reportagem apontou a lentidão das investigações.

Quinta-feira, 07 de junho: “Justiça nega pedido de liberdade de ex-namorado acusado pela morte de Nathalia Deen”. O feminicídio foi amplamente repercutido pela imprensa local, desta vez, a matéria apresentada tem quase seis minutos e ocupa uma parte considerável do telejornal. Acompanhada de uma tentativa de serviço, a reportagem tenta colocar e incentivar as mulheres a recorrerem aos seus direitos, como a proteção e segurança.

Sábado, 09 de junho: “Irmão é condenado por tiro que deixou jovem em estado vegetativo”. A matéria é a mais curta das três analisadas, tem apenas 57 segundos e apenas apresenta os fatos ao público.

Terça-feira, 12 de junho: “Exame confirma que corpo encontrado em região de serra é de jovem desaparecida”. Mais um caso em que o ex-companheiro se coloca no direito de privar a mulher da sua própria vida. Nesta reportagem a contextualização não é dado e também não aparece de forma alguma a perspectiva de gênero necessária para se tratar este tipo de material. Aqui não há a preocupação em orientar e alertar sobre a conduta abusiva de parceiros ou ex-parceiros.

Pode-se perceber o quanto o Jornalismo ainda deixa de mostrar  informações sobre os casos de feminicídio  em Ponta Grossa. Talvez se todas reportagens tivessem maior tempo de produção seria possível a inserção daperspectiva de gênero e informações em casos de violência contra a mulher. Contudo, conhecimento e informações sobre este assunto ainda são necessários e é papel do jornalismo diário trazer as contextualizações adequadas para as pautas mesmo com tempo limitado.  

Links

http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-2edicao/videos/t/ponta-grossa/v/justica-nega-pedido-de-liberdade-para-ex-namorado-acusado-pela-morte-de-nathalia-deen/6794485/

http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-1edicao/videos/t/ponta-grossa/v/exame-confirma-que-corpo-encontrado-em-regiao-de-serra-e-de-jovem-desaparecida/6804634/

http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-1edicao/videos/t/ponta-grossa/v/irmao-e-condenado-por-tiro-que-deixou-jovem-em-estado-vegetativo/6798997/

https://www.diariodoscampos.com.br/noticia/onu-mulheres-defende-ampliacao-da-participacao-feminina-na-politica

 

Kethlyn Lemes

VÍDEO: Artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos

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O grupo Elos realizou uma parceira com o curso de Jornalismo da Secal. Confira o vídeo produzido por eles sobre os artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=xM2E1NErspY[/embedyt]